As memórias de Trevi lançada em noite prestigiada em Olinda

Posted By Thayse Boldrini on 18/09/2014, 23:14

Carlos Trevi – Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Desde pequeno, Carlos Trevi é um colecionador da memória. Nesta noite de lançamento da sua exposição Territórios da Memória, com curadoria de Raul Córdula, no Sobrado Escritório de Arte, em Olinda, aos quatro cantos do espaço em tons de vermelho, caixas de vidros agrupavam pequenos objetos que, cada um individualmente, tem uma história para contar. Um óculos do avô, um dedal de uma tia, uma caixa de fósforos que tinha um desenho engraçado que alguém havia guardado porque era bonita, são algumas das peças guardadas por ele, ao longo dos anos, e que ganharam holofotes nesta noite. “Isso tudo separado são objetos comuns que não tem muita graça para ninguém ter ou reter. E eu imaginei que a gente montando caixas com pequenos universos reunindo esses objetos, vai ter uma estética melhor, vai ficar mais bonito, e as pessoas vão querer guardar isso pro futuro, que é a tônica toda do meu trabalho e da minha vida”, explicou Trevi.

A peça O Beijo, uma das preferidas de Trevi – Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Todos que circularam ali, não ficava menos de cinco minuto parado em frente a uma obra de Trevi. As caixas são ricas em detalhes. Santos remédios, Viagens, Família são algumas delas. A mostra tem 32 peças, que sobressaem o apelo religioso e a relação entre o sagrado e o profano. Trevi tem um estilo particular ao selecionar e agrupar, mas diz que não se considera um artista. “Pra mim tudo é muito novo. Eu não me considero um artista ainda. Acho que o grupo de amigos vai ter que me convencer de novo”, disse Trevi.

Carlos Trevi – Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

A ideia desta exposição, inclusive, partiu de muita insistência da sua roda de amigos. Um dos destaques da mostra, que ele considera na lista de suas preferidas, está a obra O Beijo e Frevo e Maracatu, esta segunda já tinha sido arrematada por R$1500, no momento que a equipe do Blog chegou ao local. Outras também já tinham sido vendidas como Impulso ao valor de R$1000 e Pequeno Museu Holandês, arrematado por R$4 mil. As lembranças da família também chamam muita atenção na exposição, como a imagem da avó Yaya, nascida em 84, o filme nunca revelado do aniversário de 15 anos da irmã e um bilhete de um parente.

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Geralda e Marcelle Farias – Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

. “É muito importante preservar o que tem hoje pro futuro. Desde pequeno, essa preservação da memória é uma grande preocupação para mim”, confessou. A maioria dos objetos que comprou foi em território pernambucano. “Tem coisas que eu colecionei, que eu ganhei de amigos também, além de heranças da família, claro. Não tem coisas do exterior. Uma vez numa viagem à Argentina, eu vi um lote de fotografias de uma família argentina sendo vendido e achei aquilo estranhíssimo. Como é que você vende as imagens da sua família, né?! Acho meio esquisito. Aí eu fui lá e comprei todo, só pra preservar. Essa família não pode ser dissipada assim. É meio que neurose, mas é a minha”, confessou Trevi.