A história por trás do Clube Bola de Ouro, homenageado do carnaval 2015

A história por trás do Clube Bola de Ouro, homenageado do carnaval 2015

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Crédito: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Luiza Ramalho, presidente do Clube Bola de Ouro – Crédito: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Criado em 1915, o Bola de Ouro é um dos clubes de Carnaval mais tradicionais da cidade, embora enfrente dificuldades para continuar a festa. Foi fundado na Rua da Bola, em Santo Amaro. Inicialmente, havia o Bola de Prata, que, depois de um desentendimento entre os diretores, foi dividido, formando, assim, o Bola de Ouro. Depois de um tempo, o outro clube acabou, e o dourado passou a ser a única cor da bola, da festa toda. Em 1954, precisou ficar em um museu, porque não havia ninguém que quisesse tomar à frente.

Aos 78 anos, Luiza Ramalho é a presidente da agremiação, que, este ano, é um dos nomes homenageados da folia no Recife. Ela recebeu a missão de comandar o Bola do carnavalesco Mário Orlando, já falecido, criador de outra agremiação, “O Cachorro do Homem do Miúdo”. Há 30 anos à frente do clube, Luiza coleciona alegrias, vitórias e muitas dificuldades. A conversa para que esta matéria fosse possível aconteceu na casa da carnavalesca, um primeiro andar modesto na Rua da Concórdia, coração do Carnaval, onde fica, também, a sede do Galo da Madrugada.

Crédito: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Luiza ama, vive pelo seu Bola de Ouro – Crédito: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Subindo as escadas, um corredor estreito leva até a sala, cheia de artigos para a festa mais esperada por Luiza e pelas outras 200 pessoas que fazem parte do Bola, que precisa estar impecável para sair às ruas. “É como um filho mais velho meu”, diz a senhora, que fala do seu clube e do Carnaval com um brilho ímpar no olhar, ama o que faz, não entrega os pontos. “Não tem hora para dormir, não tem hora para comer, não tem tempo para nada”, revela sobre a correria para a festa.

A porta está sempre aberta para os amigos e os tantos familiares que fazem parte do clube, que o amam igualmente. “Quem entra na família, quando começa a andar, já tem logo uma fantasia para sair pelas ruas”, conta. Mãe de quatro filhos, Luiza junta todo o dinheiro, estica daqui, dali, e mantém o Bola até hoje com esse seu malabarismo financeiro. Passa um perrengue, mas o que importa para ela é ver o seu clube lindo, desfilando durante o Carnaval.

Crédito: Andréa Rêgo Barros/PCR

As crianças da família entram cedo na folia – Crédito: Andréa Rêgo Barros/PCR

A grande bola dourada, símbolo do clube, não passou pelo portão da casa de Luiza, precisa ficar na casa de um vizinho. Ela comanda uma agremiação sem sede. Para que tudo dê certo, é preciso se virar. A mobília da casa divide espaço com os estandartes e as fantasias. Apesar de ser originalmente de São José, o Bola reúne foliões de vários outros lugares, a maioria não é do bairro.

A homenagem da prefeitura veio em boa hora, tem dado mais visibilidade ao clube, à Luiza. “Eu fiquei surpreendida, porque é tanta coisa, tanta entrevista, é tudo. Aí agora eu ‘tô’ na mídia, eu ‘tô’ achando é bom, depois de velha”, disse, em tom de brincadeira.

Crédito: Andréa Rêgo Barros/PCR

Clube Bola de Ouro – Crédito: Andréa Rêgo Barros/PCR

Neste ano, o Bola entra na Avenida Dantas Barreto no dia 17 de fevereiro, pontualmente à 00h50. A correria é grande, puxa daqui, dali, ajeita fantasia. A casa não para: vez ou outra chega algum integrante para provar fantasia, algum adereço. Tudo está sendo milimetricamente planejado não só por Luiza, mas por todos que compõem o clube.

“Eu ‘tô’ doente, cansada, mas meu filho Robervaldo, que é vice-presidente do Bola, ‘tá’ dando conta do recado, juntamente com a minha filha Rosalice, que é a tesoureira”, explica. Rosalice também não para, o pensamento é no Bola de manhã até a noite. Todo o serviço burocrático passa por ela, toda a documentação. Robervaldo fica com a parte mais criativa, foi ele, inclusive, que fez o enredo deste ano.

Crédito: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Rosalice e Luiza Ramalho – Crédito: Paulo Paiva/DP/D.A Press

No Carnaval 2015, o Bola de Ouro sai às ruas seguindo o tema 100 anos de Bola de Ouro no Centenário de Grande Otelo, uma homenagem ao ator, comediante e compositor brasileiro Sebastião Bernardes de Souza, além de ser uma honraria ao próprio clube, que vive seu centenário este ano.

Author: Gabriella Autran

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