A cozinha autoral do chef Rivandro França
De chapéu de couro na cabeça, o chef Rivandro França comanda as caçarolas do seu Cozinhando Escondidinho, um restaurante aconchegante, com decoração inusitada e cheia de relíquias de família, em Casa Amarela. Lá, o fogão de pilão herdado do avô está logo na entrada do espaço, caixas de ovos decoram as paredes e um pequeno botijão de gás virou luminária. Apenas a numeração da casa 106 identifica o restaurante, que não tem uma placa sequer na porta. Mas isso, não quer dizer nada. Dia de domingo, o espaço é superdisputado, com direito à fila de espera.
Segundo Rivandro, 60% da sua clientela são moradores de Boa Viagem e a maioria dos turistas que visitam o espaço chegam da capital paulista. “As pessoas passam por todos os polos gastronômicos da cidade e chega numa casa sem placa. Aqui, nós queremos abraçar as pessoas pela comida e mostrar que o sabor pernambucano tem valor”, disse ele.
A história do olindense é curiosa: trabalhou 17 anos como técnico de enfermagem, atuou no Exército, e um belo dia decidiu começar a ganhar dinheiro cozinhando seus bombons recheados de sabores regionais como batata doce e macaxeira. Rivandro, filho de pai cozinheiro, também já foi ajudante de cozinha de chefs renomados da cidade como Cesar Santos, mas nunca havia pensado em investir em um restaurante para chamar de seu. Foi quando os bombons começaram a fazer sucesso e ele decidiu cozinhar escondidinho para as pessoas. Atendia todos em casa, disponibilizando poucos lugares, e logo depois se mudou para uma outra um pouco maior. Atualmente, o Cozinhando Escondidinho tem capacidade para 82 lugares e reúne 14 funcionários, todos familiares do chef.
A cozinha autoral de Rivandro chama atenção. A galinha à cabidela é famosa, o bode também, assim como o Baião de Nós, Arroz de terceira, mas os petiscos também são um caso à parte: agulha frita com queijo coalho frito, castanha de caju e mel de engenho apimentado, moqueca de camarão com caju e banana da terra e caldinho de mocotó com fava entram na lista dos mais pedidos. As sobremesas também não deixam a desejar. A cartola flambada com cachaça é de dar água na boca. Já o famoso brigadeiro chega na mesa ainda quentinho na panela. O ticket médio da casa é R$43 e 90% do que ele vende e a maioria dos ingredientes são da feira de Casa Amarela.
O Cozinhando Escondidinho já ganhou sua primeira estrela no Guia Quatro Rodas, entre outros prêmios e destaques na mídia local e nacional, que estão pendurados na parede do espaço. Também participou de um quadro no Fantástico e frequentemente é convidado para mostrar um pouco do seu talento pelo Brasil afora. No próximo dia 1º de outubro, Rivandro embarca para a Bahia para participar do Festival Luis Eduardo Magalhães, onde deve preparar um almoço inusitado.
Serviço:
Endereço: Rua Conselheiro Peretti, 106, Casa Amarela
Horário de funcionamento: Quarta a domingo, das 12h às 16h