Maria Rita pega trânsito, atrasa uma hora e ainda faz show memorável no Guararapes

Por Júlia Schiaffarino

Foi-se o tempo em que ela era a filha de Elis Regina. Falar de Maria Rita hoje é ter como referência uma cantora madura e prova disso foi o show da turnê Samba da Maria, que aconteceu ontem, no Teatro Guararapes. Ao dar voz e performance ao mais tradicional dos ritmos brasileiros, ela deixou claro qual era a sua “praia”, mostrando-se à vontade com letras e sonoridades de sambistas renomados em um show consistente e gostoso de assistir, onde a única maldade era ter que ficar sentado. Algo que, por sinal, muitos da plateia conseguiram driblar ao abandonarem pouco a pouco as cadeiras e migrarem para as galerias laterais do teatro, onde sambar era possível.

Crédito: Adolfo Alencar / Divulgação

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O show começou com uma hora de atraso, às 22 horas. De acordo com a produção, a cantora teria ficado presa no trânsito da Avenida Agamenon Magalhães por mais de uma hora, chegando ao Teatro quase às 20h para ainda trocar de roupa e fazer maquiagem e preparação de voz. Quando finalmente apagaram-se as luzes e ela entrou, até mesmo os que reclamavam conseguiram esquecer o transtorno. Quando a Gira Girou, música que abriu o espetáculo, foi cantada em coro. Seguiram-se Alto lá e Coração em Desalinho, músicas que ficaram famosas na voz e jeito de Zeca Pagodinho.

Crédito: Adolfo Alencar / Divulgação

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Depois de pedir desculpas pelo atraso, Maria Rita comentou que a ideia do projeto Samba da Maria nasceu de forma despretensiosa, com um batuque de casa. Sobraram elogios ao cantor e compositor Arlindo Cruz. “Arlindo é um cara extremamente generoso, especialmente com os novos cantores”, disse lembrando, em seguida, quando recebeu dele a letra de Tá perdoado, uma das suas músicas mais cantadas. Na última parte do show, que foi dividido em três momentos, a cantora homenageou as mulheres sambistas. “Uma das vontades que tinha era cantar as mulheres do samba, que nos fortalecem por terem sido pioneiras. E eu falo de Bete Carvalho, eu falo de minha mãe (Elis Regina) e eu falo de Alcione”, afirmou.

Crédito: Adolfo Alencar / Divulgação

Crédito: Adolfo Alencar / Divulgação

Ao citar Elis, sobraram aplausos, o que fez a cantora sair do roteiro e lembrar a turnê Viva Elis, que teve passagem por Recife. “Vocês foram a plateia que cantou com mais força. Foi de ficar sem palavras, me marcou muito… De ter ficado sem ar”, contou. A homenagem às mulheres foi de longe o momento mais forte do show de ontem, tanto pela emoção das lembranças, quanto pela participação do público que cantava e vibrava junto. O repertório trouxe Tradição (vai no Bexiga pra ver), Saudosa Maloca, Não Deixe o Samba Morre e Vou Festejar. A última passagem de Maria Rita pelo Recife foi há dois anos, em 2014, com a turnê Coração a Batucar.   

 

 

 

Author: Tatiana Sotero

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