Fulô de Mandacaru lança DVD e faz projetos para moda e teatro

Por Larissa Lins

Crédito: Reprodução da internet

Crédito: Reprodução da internet

O lançamento do DVD Somos todos Fulô de Mandacaru (Som Livre, R$ 26,90), primeiro produto do contrato entre a banda pernambucana e a gravadora Som Livre, tem aura de consagração para os forrozeiros do Agreste pernambucano. Desde que venceram o programa SuperStar, transmitido pela TV Globo entre abril e junho deste ano, eles colhem frutos “tardios” dos 15 anos de carreira musical: têm agenda cheia, data para entrar em estúdio com o próximo disco, projeto especial de carnaval e planos de estender os domínios do grupo para além da música.

Neste semestre, viram os habituais dois shows mensais se transformarem em 20. “Nós não podíamos continuar dependendo das festas de São João. Precisávamos estender nosso trabalho aos outros meses do calendário, mas somente agora conseguimos. Finalmente podemos nos dedicar integralmente à música, nos sustentar através dela”, explica Armandinho do Acordeom, vocalista da banda. Ele vê o DVD – cujo título é inspirado em hashtag de apoio à banda durante o SuperStar – como porta de entrada para nova fase. Gravado no São João de Caruaru, dois dias antes da final do programa, reúne composições autorais e homenageia nomes tradicionais do forró local, como Luiz Gonzaga e Dominguinhos.

Liderada por Armandinho, Pingo Barros e Bruno Mattos, a Fulô de Mandacaru recebeu, poucos dias antes do lançamento de Somos todos…, a Medalha Leão do Norte, oferecida pela Assembleia Legislativa de Pernambuco. Eles viram na honraria um incentivo para novos rumos: antes de entrarem em estúdio para o primeiro disco com a Som Livre, em março, aproveitam o carnaval recifense para dar vida ao projeto Mandacaru Elétrico. “Faremos uma releitura de sucessos pernambucanos, com músicas de Alceu Valença, Chico Science, Capiba, Claudionor Germano, além de composições nossas em ritmo de frevo e da nossa nova música Mandacaru elétrico”, detalha Armandinho, que confirmou participação da banda nos desfiles das Virgens de Olinda e do Galo da Madrugada. No repertório do projeto, haverá espaço, ainda, para nomes da música baiana, como Timbalada e Ivete Sangalo, estabelecendo pontes entre o frevo e o axé.

No período, o figurino tradicional dos músicos será repaginado: chapéus e sandálias de couro darão lugar a bermudas e óculos escuros. “Queremos quebrar paradigmas. Temos a grande responsabilidade de manter nossas tradições culturais, mas também temos o dever de revisitá-las com propostas inovadoras. A música é um organismo vivo, é dinâmica, evolui e se transforma o tempo todo. Precisamos acompanhar esse processo”, analisa o forrozeiro.

Credito: Roberto Ramos/DP

Credito: Roberto Ramos/DP

>> Shows
Fulô de Mandacaru faz o primeiro show do Somos todos no lançamento do livro Sociedade pernambucana 2017, do colunista do Diario João Alberto, nesta segunda, no Arcádia Boa Viagem (Av. Boa Viagem, 802 – Boa Viagem). O evento é restrito a convidados que adquirirem um exemplar da obra. Haverá outros shows na capital pernambucana e no Agreste do estado até o fim do ano, quando o grupo anima o réveillon de Fernando de Noronha. As datas ainda não foram confirmadas.

>> Moda
Os irmãos Armandinho do Acordeom e Pingo Barros são os responsáveis pelo figurino do grupo. Escolhem tecidos, desenham modelagens, orientam a confecção das peças. “Buscamos um visual que transmita nossa identidade nordestina, nossas raízes. Ao mesmo tempo, não fazemos distinção de cor. Ouvimos muitos comentários nesse sentido, depois que vencemos o programa usando roupas cor-de-rosa, uma escolha que terminou associada à identidade de gênero. É legal que pensem nisso. Achamos importante levantar essa bandeira, da identidade visual como identidade plural”, diz Armandinho. Junto com Pingo, ele se inspira na estamparia das chitas e nos acessórios de couro, tradicionais no estado. Os dois pensam, hoje, em desdobrar o figurino pessoal em produtos para o público.

>> Teatro
Também em 2017, Fulô de Mandacaru levará aos teatros pernambucanos uma peça cujo tema ainda não foi definido, mas com propósito de usar a música e a cultura popular nordestina como ferramentas educativas. Os músicos dividirão a cena com equipe de atores e estão articulando a realização de espetáculos em diferentes capitais do país. “Começaremos nos apresentando no Recife e em Caruaru. Depois, seguiremos em turnê”, revela o vocalista.

>> SuperStar
Fulô de Mandacaru venceu a terceira temporada do SuperStar em junho deste ano, no domingo seguinte ao feriado de São João, tradicional na cidade natal do grupo. A etapa final, cujo resultado foi definido por voto popular, foi disputada entre os pernambucanos e a banda Plutão Já Foi Planeta, do Rio Grande do Norte. Fulô de Mandacaru obteve a aprovação de 70% dos espectadores, cantando São João de outrora (Roberto Bonny), enquanto a concorrente defendeu a autoral Post-it e obteve 48% dos votos. O programa foi transmitido em telão em Caruaru, no Agreste pernambucano, com torcida expressiva do público pelos conterrâneos. Fulô de Mandacaru recebeu o prêmio de R$ 500 mil e contrato com a gravadora Som Livre.

Confira a entrevista:

 

Author: Juliana Freire

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