Fabiana Karla: a artista pernambucana multifacetada se prepara para lançar novo livro, espetáculo e filme

Fabiana Karla: a artista pernambucana multifacetada se prepara para lançar novo livro, espetáculo e filme

Fabiana Karla – Crédito: TV Globo/Altas horas

Quem nunca deu gargalhadas ou se encantou com as personagens interpretadas por Fabiana Karla? Seja no humor, no teatro, na televisão, no cinema, em cima de um palco cantando ou lendo suas palavras mais bem arquitetadas,  a pernambucana conquistou o Brasil e segue fazendo sucesso pelo país em diversas áreas, levando o jeito nordestino de ser por aí. 

Fabiana Karla como Dra. Lorka – Crédito: Divulgação

Símbolo de alegria, trabalho e sucesso, a artista – que conta com um sotaque gostoso de ouvir – coleciona papeis e funções no mundo da arte desde os 14 anos. “Eu acho que a arte me abduziu”, brinca. Apesar de nunca ter traçado como objetivo ser uma atriz bem-sucedida, Fabiana, que também é escritora, revela que sempre pensou no futuro. “Ser uma mulher de sucesso era minha meta, independente da área”.

Fabiana Karla em apresentação do PopStar – Crédito: Reprodução/ Instagram

Com mais de 30 trabalhos no currículo –  televisão, cinema, teatro e livros -, Fabiana é casada com Bruno Muniz e tem três filhos, Samuel, Beatriz e Laura. Atualmente, a pernambucana de 41 anos se divide entre a rotina no Recife e no Rio de Janeiro. “São só três horinhas de distância, então sempre que posso, fico no vai e vem”, explica. A atriz mostrou suas facetas de cantora e produtora, tanto com o programa Popstar, da Globo, como o longa O caso Dionísio Díaz, que foi lançado na última edição do Festival Cine PE.

“A minha saída do Popstar foi com gosto de missão cumprida. Pois consegui chegar até a semifinal no meio de gigantes”, se orgulha Fabiana Karla. “Fiz uma trajetória linda com um repertório variado e pude mostrar uma faceta que nem todo mundo conhecia” conclui. 

Em entrevista exclusiva ao Blog João Alberto, Fabiana Karla contou tudo sobre sua relação com a capital pernambucana, trajetória no mundo das artes, participação no reality Popstar e vários outros projetos. Confira:

Sua carreira no ramo artístico começou na adolescência. Como foi a aceitação da sua família?

Eu acho que a arte me abduziu. E, depois que eu comecei no espetáculo chamado Há dois mil anos, no grupo jovem que eu participava, não consegui parar mais. Eu fazia praticamente uma pedra na montagem, mas desde o primeiro momento em que eu subi no palco não consegui sair mais. Minha família sempre me incentivou. Acho isso bacana, vejo que meus pais têm alma de artista. Nós temos uma família grande, que já é uma plateia por si só.

Você imaginava chegar onde chegou?

Não sei dizer se eu imaginava que conseguiria me firmar na carreira através do meu trabalho. Mas sempre tive claro que eu viveria e seria sustentada pelo meu trabalho. Independente do que eu escolhesse ser, porque o que eu fizesse seria com afinco e dedicação. Então, ser uma mulher de sucesso era minha meta, independente da área. Quando criança, eu brincava como se eu fosse famosa, como se eu desse entrevistas, fizesse filmes. É engraçado relembrar disso hoje, parece que eu estava profetizando.

Fabiana como Lucicreide, ao lado do ator Nelson Freitas – Crédito: Divulgação

Qual a grande diferença entre ser uma atriz e ser uma humorista?

A diferença entre ser humorista e atriz é poder chegar cansada, quando se é atriz. Humor exige muito mais de você: concentração, tempo e estar sempre alerta. Vejo que, como atriz, eu consigo desempenhar melhor quando estou mais tranquila, acho que é mais crível. Não sei dizer em qual me identifico mais, um é tão gostoso quanto o outro. Eu gosto de emocionar e tocar as pessoas, acho que tanto no humor quanto atuando é possível isso.

Além da atuação, você tem outros talentos, entre eles, o de cantar. Foi espontâneo? 

Eu faço o que me move. Com isso, eu me descobri em várias categorias, em diferentes momentos: atuando e produzindo. Adoro fazer pautas, por exemplo. Acho que olho pra vida com um olhar de jornalista. É muito interessante e ao mesmo tempo existe uma responsabilidade em tudo isso. Deixo a arte me mover e não gosto de rotular. Tive a alegria de conseguir passear por vários lugares, artisticamente falando. Dessa vez fui convidada para atuar cantando. E está sendo uma experiência incrível, vejo a música tomar conta de mim de um jeito que eu não imaginava, ela está me transformando. Depois dessa, com certeza vou ser uma artista mais completa.

Fabiana Karla no Emmy Internacional, ano passado – Crédito: Reprodução / Revista Donna

Como foi participar do Popstar?

A relação do elenco e da produção foi a melhor possível. Parece que foi tudo escolhido a dedo, desde a caracterização, atingindo todos os níveis de equipe. Todo mundo se respeita, se gosta, se comportou como equipe! É uma produção com grandes nomes, mas todos sem grande ego, que estão juntos por um propósito e esse sentimento contagia a todos os envolvidos. Eu estou muito honrada e agradecida por ter estreado esse projeto. Por mais que todas as produções que eu participei tenham sido valiosas, existe ali uma sensação de grande aprendizado nesse projeto.

Crédito: PopStar/Divulgação

É lindo poder contar com profissionais que têm total preparo para amparar, orientar e coordenar o programa para que cada artista possa dar o seu melhor. É um elenco que se ama e acho que fica muito claro o quanto nós torcemos um pelo outro no palco. Isso, pra mim, não foi uma competição, foi uma oportunidade! Acho que o meu diferencial foi a falta de experiência. De um lado foi bom, por eu não ter vícios de palco, nem técnica. Sou uma pessoa igual qualquer um que está assistindo em casa, mas que me propus a aprender e desenvolver as técnicas e curtir esse momento.

A saída foi com gosto de missão cumprida. Pois consegui chegar até a semifinal no meio de gigantes. Acho que fiz o meu melhor e estou muito feliz com tudo o que gerou pra mim. Fiz uma trajetória linda com um repertório variado e pude mostrar uma faceta que nem todo mundo conhecia. O saldo é mais que positivo. A oportunidade, pra mim e minha filha, já foi o nosso prêmio.

Como foi o processo de produção e roteiro do filme O caso Dionísio Díaz ? E a ajuda do seu marido? Pretende lançar em outras capitais?

O caso Dionísio Diaz foi um outro filho pra mim. Como mencionei antes, eu me vejo como artista, de modo geral, sem rótulos. Acho que o rótulo de diretora é muito pesado e traz uma responsabilidade muito grande. Nesse caso, eu me denomino como uma contadora de história. Dividi essa direção com o Chico Amorim, meu primo, que já tem muita experiência. Essa história “caiu no meu colo” durante uma viagem ao Uruguai com meu marido (que é uruguaio) e essa foi a minha forma de devolver todo o amor que sinto por lá. Passei quase quatro anos produzindo com verba própria e com o maior carinho para levar o exemplo desse herói para onde fosse possível no mundo. E tocou muita gente, haja visto que foi reconhecido e premiado pelo Los Angeles Brazilian Film Festival em 2016. Depois, teve apresentação no Recife, minha terra natal, onde fiquei extremamente feliz em poder levar o resultado, mesmo não estando presente na ocasião (por conta de um trabalho no exterior).

O longa foi finalizado pela Z4, empresa pernambucana. E foi uma parceria tão boa que será a mesma responsável pela finalização do meu próximo filme, Lucicreide vai pra Marte, que será rodado a partir de setembro. Nele, venho como produtora e como protagonista.

Fabiana contribuindo com o projeto Criança Esperança – Crédito: Divulgação

Como iniciou a trajetória como escritora? Está preparando novo livro?

Muita coisa me inspira: as pessoas, os lugares, as situações. Com certeza esse é um dos motivos pelos quais eu amo viajar. E minha primeira ideia na literatura surgiu quando eu participava de uma faixa infantil do disco dos meus amigos Kleiton e Kledir. Aquele momento despertou meu desejo de acarinhar o público infantil, que sempre me recebeu bem pelo Zorra Total. E foi pensando nisso e nas minhas memórias de carnaval que iniciei O rapto do Galo, lançado em 2014 pela Editora Rocco. Na obra, contei um pouco da minha cultura pernambucana em forma de cordel e foi um super acerto estar com a Rosinha Campos, ilustradora que deu a cara e a cor da nossa cultura no livro.

Fabiana Karla com o livro O Rapto do Galo – Crédito: Reprodução do Instagram

Estou preparando o próximo, Mães com açúcar, inspirado nas avós. É um livro de receitas disfarçado, que vai reunir também lembranças dos melhores momentos de algumas pessoas com as suas. Este ainda está em andamento e em breve vamos ter mais detalhes.

Sua rotina deve ser muito corrida. Como é a sua relação com a família?

Acho que ter uma rotina corrida, porém organizada, dá certo. Primeiro, considero ter anjos da guarda, que exercem as funções necessárias para ajudar nessa rotina. Meu secretário e braço direito, Cristiano Oliveira – cuida da minha agenda -, meu empresário, minha assessoria de imprensa, meu stylist e a chef Camila Botelho, que organiza a alimentação da minha casa. Com isso, dou-me o direito de focar minhas energias no meu lado artístico, no descanso, nos exercícios, na família, podendo deixar que tudo funcione e ande paralelamente com as pessoas que têm essas funções na minha vida.

Fabiana Karla com Fátima Bernardes e a filha Laura – Crédito: TV Globo/Divulgação

Como é a ponte aérea Recife – Rio? Como você define a sua relação com as duas cidades?

Mantenho relações com as duas cidades. São só três horinhas de distância, então sempre que posso, fico no vai e vem. Tenho uma relação de amor verdadeiro com as minhas raízes, o maior orgulho de ser desse Recife lindo, cheio de cores, sons e ritmos que fervem no meu peito. O Recife me deu a base de tudo para que eu pudesse pulverizar o que sei para o mundo. Já o Rio me acolheu de braços abertos e me deu o espaço para desenvolver minha arte. Amo as duas cidades. Eu posso parafrasear uma canção de Jorge de Altinho, que diz “Petrolina, Juazeiro. Juazeiro, Petrolina. Todas as duas eu acho uma coisa linda. Eu gosto de Rio de Janeiro e adoro o meu Recife” (risos).

Quais são as características marcantes da sua origem?

Basta eu começar a falar que já entrego a principal característica da minha cidade: o sotaque. Além da alegria e do alto astral nordestinos, acho que sempre dou um jeito de trazer as minhas raízes pra onde estou, seja dando um bolo de rolo pra alguém ou fazendo um cuscuz em casa. E a minha maior contribuição pra divulgar a nossa cultura foi a publicação do livro O rapto do Galo, que traz no fim um glossário com os termos locais para que uma criança de qualquer lugar fique por dentro da nossa linguagem. É uma forma de, quem sabe, despertar um interesse por ícones e curiosidades do nosso Pernambuco. Acho que me sinto contribuindo como posso e mostrando o que nós temos de melhor. Principalmente agora, na música, mostrando os intérpretes nordestinos tão aclamados por todo o Brasil.

Crédito: Popstar/Divulgação

Qual trabalho já realizado foi o que te marcou mais em toda sua bagagem profissional?

Todos são marcantes… Seria injusto escolher um, é o mesmo que me perguntar de qual filho gosto mais.

Quais os seus próximos projetos?

Com a minha participação do reality show Popstar tem surgido muitos pedidos de shows. Com o fim do programa, pretendemos nos organizar para atender a esses pedidos. Além disso, começo a rodar  o longa Lucicreide vai pra Marte e em seguida finalizo o livro Mães com açúcar

Author: Júlia Molinari

Compartilhe este post