Saiba os principais programas de intercâmbio e conheça histórias de recifenses mundo afora

Saiba os principais programas de intercâmbio e conheça histórias de recifenses mundo afora

Imagem ilustrativa – Crédito: Pixabay/Divulgação

Já imaginou trabalhar nos parques da Disney ou nas estações de esqui dos Estados Unidos? E que tal estudar uma língua e ainda receber bolsa semanal para manter-se no país estrangeiro? Esses são alguns dos benefícios oferecidos pelas modalidades Au Pair e Disney Internacional College Program nas agências nacionais de intercâmbio. Segundo a pesquisa Selo Belta 2017, o Brasil desenvolveu um crescimento de 82% no gasto médio com viagens internacionais em comparação ao ano de 2015, com o valor médio gasto chegando a US$ 8.902.

Imagem ilustrativa – Crédito: Pixabay/Divulgação

Mesmo com este avanço, muitas são as dúvidas na hora de preparar a viagem. Local de destino, investimento, tipos de programas, principais documentos e línguas oferecidas, são alguns dos questionamentos pertinentes. Segundo Mariana Motta, especialista em intercâmbios e autora do livro Intercâmbio de A a Z, colocar a pessoa no lugar e programa certo de acordo com o perfil, idade, expectativas e anseios é um dos papeis mais importantes desenvolvidos por uma agência especializada. Fatores como clima e tipo de acomodação também são levados em consideração. Ela esclarece que este mercado é, na verdade, um nicho bastante amplo e por isso tantas dúvidas, mas que o segredo para identificar a modalidade ideal para cada viajante é avaliar suas necessidades.

Gerente do Student Travel Bureau (STB), Marina Motta é fluente em 5 idiomas e já percorreu mais de 45 países, realizando 11 intercâmbios – Crédito: Divulgação

A escolha ideal para intercambistas mais jovens é o High School, programa desenvolvido para quem já está no Ensino Médio ou vai começá-lo em breve, podendo estudar em um colégio público ou privado por até um ano letivo fora do país. Uma de suas principais características é a oportunidade de viver o dia a dia de outra cultura e aperfeiçoar seu crescimento pessoal, como aconteceu com Gabriela Coutinho, que aos 23 anos já realizou três intercâmbios.

Gabriela Coutinho, estudante de arquitetura que já realizou três intercâmbios

Gabriela Coutinho – Crédito: Roberto Ramos/DP

“Aos 15 anos, tive a minha primeira experiência. Morei durante um ano em Lexington-KY, nos Estados Unidos, em uma casa de família. É uma vida completamente nova, sem domínio da língua, com uma “nova família” que não é a sua. Você tem que começar a se posicionar, abrir mão de certas coisas e ter uma responsabilidade maior de seus atos. Lembro que na minha ida perdi o próximo voo e fiquei sozinha no aeroporto de Chicago, quando pensei em me desesperar, consegui me acalmar e vi a melhor forma de resolver o problema. Parece besteira, mas essa vivência nos mostra como é a vida real, né?. O peso das responsabilidades”, contou a estudante de arquitetura.

Gabriela Lopes cursou seu ensino médio na Tates Creek High School, no ano de 2011 – Crédito: Arquivo Pessoal

Já aqueles que desejam curtir as férias e viajar podem optar por programas que englobam trabalhos de verão, voltados para universitários entre 18 e 28 anos. Os interessados devem ter domínio do inglês intermediário para passar entre três e quatro meses trabalhando em parques, estações de esqui, hotéis, resort e restaurantes. A média salarial é de US$ 7,25 e US$12 por hora, variando conforme empregador e função.

Maria Cândida De Paula – Intercâmbio na Disney

Maria Cândida De Paula conta as experiências em seus intercâmbios – Crédito: Marianna Galindo/Divulgação

A recifense Maria Cândida de Paula, embarcou para Disney no verão de 2016 e revelou que a experiência vai muito além das grandes queimas de fogos e castelos. “A Disney foi o meu primeiro emprego, comecei a trabalhar no lugar que amava. Lá foi onde tive meu primeiro salário e chefe, o que me fez aprender a lidar com as responsabilidades, uma vez que o tratamento era muito rígido referente a pontualidade e compromisso. Foi incrível poder estar nos bastidores, nos fogos das apresentações, nas paradas com os personagens e também nas lojas, tanto de resorts como dos parques. Ver de perto o que Walt Disney construiu e fazer parte desse lugar mágico que é a Disney foi uma experiência inesquecível!”, contou.

Maria Cândida de Paula realizou seu segundo intercâmbio no Disney Internacional College Program- Crédito: Arquivo Pessoal

Para os universitários, o Programa de Estágio é ideal. A modalidade é dedicada aos estudantes de graduação, pós-graduação e recém-formados. Estados Unidos e Austrália são alguns dos países com vagas disponíveis. O processo seletivo é feito no Brasil. O jovem embarca rumo ao seu destino sabendo para quem vai trabalhar, havendo opções remuneradas e não-remuneradas que duram de 3 a 18 meses nos Estados Unidos. Na Austrália há também estágios pagos e não-pagos e a duração pode variar entre um mês e seis meses.

Eduarda Lopes – Programa de Estágio em Moda

Eduarda Lopes trabalhou como estagiária em locais como NYFW e a revista Marie Claire – Crédito: Reprodução do Instagram

A blogueira Eduarda Lopes investiu na ida para os Estados Unidos com o objetivo de adentrar no mundo da moda. Ela estagiou em lugares bastante cobiçados, como o NYFW e a revista Marie Claire. “Fiz editorial para a Vogue, Love, Elle, entre outras. Foi uma época ótima. Em seguida, fui para meu último estágio antes do curso acabar, na Marie Claire, trabalhando para outra stylist, Zanna Rassi, a apresentadora do E! News. Me senti no próprio Diabo veste Prada (filme). O escritório da revista era localizado na torre da Hearst Corporation, então era bem cenário de filme”, relembra a jovem. Ela confessa que além das fotografias em lugares bonitos e lembranças, existiram momentos difíceis, onde sentia vontade de voltar para casa, mas que isso enriqueceu seu processo de aprendizado.

Eduarda Lopes embarcou no seu primeiro intercambio no ano de 2013, para realizar um curso de verão – Crédito: Reprodução do Instagram

Considerada a modalidade mais requisitada no mercado, o Au Pair, leva o intercambista para morar com uma família no exterior com a função de ajudar nos cuidados com às crianças da casa. O programa exige um nível intermediário de inglês ou idioma do país residente, além de experiência mínima de 3 meses com crianças, sendo seu trabalho integral, para mulheres entre 18 e 26 anos. O estrangeiro recebe, além da remuneração, estadia, alimentação e assistência estudantil em um curso de sua preferência, podendo permanecer por até dois anos.

Marcella Bonanni – Intercâmbio voluntário na Polônia

Marcella Bonanni fez intercâmbio voluntário na Polônia – Crédito: Dyanne Souzvit/Divulgação

Marcella Bonanni, formada em Moda, embarcou para a Polônia, em 2015, para um intercâmbio voluntário de dois meses, através da Aiesec. Segundo dados recentemente divulgados, países no leste europeu, América do Sul, África e Ásia são os que têm maior demanda social. Portanto, são os principais destinos para trabalho voluntário, que podem ser em três esferas: Educação Global, Empreendedorismo Social e Temas Globais. “No meu intercâmbio voluntário, tive o prazer de ensinar minha língua nativa (português) a estudantes universitários. Um desafio superenriquecedor, principalmente que passei a observar a língua portuguesa de uma perspectiva diferente. Ia na etimologia das palavras, fazia associações com palavras em inglês, contava curiosidades para tornar o aprendizado mais prazeroso. Morei durante dois meses em um hostel, situado numa das primeiras ruas da Cracóvia antiga.

Marcella Bonanni posa com os colegas da Argélia, Espanha, Malásia, China e Itália – Crédito: Arquivo pessoal

Convivi com colegas de cinco outras nacionalidades, o que fazia desse intercâmbio uma imersão de culturas diversas. Engraçado que a Polônia nunca tinha sido um lugar que pensei em visitar. Óbvio que iria, mas não era prioridade nos planos. Me encantei com o país, que além de ter muita história, ainda é um país barato, pois sua moeda vale quase o mesmo que o real. Uma dica seria visitar cada cantinho da cidade antiga. Ir em Kazimierz, que hoje em dia é um bairro super boêmio, mas quemas já foi a maior comunidade judaica da Polônia até antes da Segunda Guerra e onde foi filmada algumas cenas do filme A Lista de Schindler”, contou Marcella.

Luiza Tiné – Au Pair

A jornalista Luiza Tiné investiu no programa de intercâmbio Au Pair – Crédito: Reprodução do Instagram

A jornalista Luiza Tiné – que já fez parte da equipe do Blog João Alberto – acumula duas experiências neste tipo de intercâmbio. Ela embarcou para os Estados Unidos aos 21 anos, para morar com uma família americana formada por Brooke e Jesse, pais do pequeno Peter e Annie. “Fiquei dois anos ao todo com Peter e seus pais. Moramos um ano no estado de Maryland, depois nos mudamos para Connecticut, e durante este meio tempo, minha host mother engravidou de uma menina, Annie, que nasceu um mês antes de eu voltar para o Brasil. Em setembro de 2016, eu embarquei de férias para visitá-los em Connecticut. Foi quando eu soube que a minha host mom, que é militar, precisaria passar sete meses em um navio numa missão e pediu minha ajuda com as crianças, perguntando se eu topava voltar como Au Pair deles, já que eu só tinha 25 anos e o limite máximo para aplicar para o programa era 26. Resolvi aceitar. Deixei meu emprego de analista de comunicação e marketing digital em um dos shoppings do Recife e fui”, contou Luiza. Ela afirma que fazer intercâmbio é uma experiência imprescindível por ajudar a crescer como pessoa. “Se organizar financeiramente sozinha, no caso do Au Pair, cuidar de outras pessoas, lidar com os desafios de viver longe de casa e ter que se adaptar, porque principalmente quando você vai morar na casa dos outros, você tem que se adaptar a eles, e não eles a você. É preciso muita inteligência emocional. Mas no fim das contas, você volta para casa muito mais maduro e responsável do que foi”, completou.

Crédito: Reprodução do Instagram

Para aqueles que desejam especializar-se profissionalmente, o Canadá é considerado o país que mais atrai estudantes e profissionais. Os chamados Colleges permitem que eles trabalhem durante meio período, podendo ficar até dois anos no país para, em seguida, dar entrada no visto como permanente. Alguns destes intercambistas levam a família, uma vez que o acompanhante pode trabalhar por período integral e os filhos serem matriculados no ensino público canadense durante o programa. Can de Paula especializou-se na Universidade de Harvard e afirma que os métodos educacionais são muito diferentes daqueles praticados no Brasil. “Eles focam muito mais nas atividades extracurriculares, explorando seu raciocínio e personalidade. Ter um grupo de estudos, desenvolver projetos. O que vivemos fora da sala é muito mais valioso. Não querem que você fique lendo e decorando. Querem sua criatividade, o que você acha”, explicou Can.

Em 2017, Maria Cândida De Paula foi selecionada para realizar um curso sobre direito internacional e os debates legais na Universidade de Harvard – Crédito: arquivo pessoal

Author: Eduarda Andrade

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