Arli Pedrosa e o poder de ajudar a transformar as adversidades em esperança

Arli Pedrosa e o poder de ajudar a transformar as adversidades em esperança

Arli Pedrosa, coordenadora do Núcleo de Apoio à Criança com Câncer – Crédito: Gabriel Melo/Esp. DP

Foi em meio a dor de inúmeras mulheres que Arli Pedrosa conquistou seu lugar em Pernambuco. Natural de João Pessoa, a psicóloga dedica seus dias a administrar o Núcleo de Apoio à Criança com Câncer (NACC), projeto social fundado por seu marido, o médico Francisco Pedrosa, em 1985, cujo objetivo é dar assistência aos pequenos e familiares portadores da doença.

À frente da presidência, Arli é a responsável por manter todo o funcionamento da forma mais adequada possível e garante que o mais importante é enxergá-los como seres humanos únicos, entendendo suas necessidades de forma particular e individualizada para proporcioná-los sempre o melhor.

Faz parte de sua rotina a convivência com centenas de mães, que por muitas vezes chegam ao NACC assustadas e desacreditadas, após receberem o diagnóstico dos seus filhos. Ela afirma que é sempre uma batalha, buscando a certeza de que existe uma chance de cura para esses pequenos, afinal, não é fácil entender esta realidade quando você precisa fazer parte dela.

“São dias de idas e vindas diárias aos hospitais, os filhos que ficaram em casa muitas vezes cuidados por vizinhos, a perda do emprego, a falta da convivência familiar, em alguns casos a separação do casal”, explica Arli. No NACC, procuramos manter sempre o olhar atento a estas questões e oferecer antes de qualquer coisa, material amor e acolhimento”, explica.

Arli Pedrosa está coordenando o NACC há mais de 20 anos – Crédito: Gabriel Melo/Esp. DP

Apesar de não oferecer tratamento médico, o projeto cumpre um papel fundamental em nossa sociedade. Através do encaminhamento hospitalar, diversas famílias são acolhidas para receber orientação psicológica, oficinas profissionalizantes com o objetivo de resgatar o empoderamento de cada uma dessas mães, auxílio transporte e alimentação, aulas, momentos de lazer e demais atividades, mas nem sempre esse é o conforto necessário para uma mulher que está lidando com o tratamento de seu filho.

Arli conta que a princípio a fragilidade toma conta de cada uma delas, mas aos poucos vão se conscientizando da necessidade do tratamento e acabam encontrando meios de enfrentamento através das dinâmicas oferecidas. Nesta situação, escutá-las e sempre buscar oferecer apoio emocional é de extrema importância, de forma que se sintam informadas e possam compreender o prognóstico de seus filhos. Acontece que nem sempre esse entendimento surge com facilidade, uma vez que a grande maioria dessas mulheres, devido às suas condições sociais, dificilmente são instruídas o suficiente para alcançar a dimensão do que estão vivendo. Desse modo, se fazer presente de forma acolhedora e amorosa é a alternativa mais viável. Pouco a pouco, dedica-se a ensiná-las o passo a passo dos tratamentos realizados, na expectativa de que o susto inicial dê lugar à esperança e chance de uma vida melhor.

Dinâmicas realizadas no dia a dia do projeto NACC – Crédito: Reprodução do Site Oficial/NACC

“Todas as mães são especiais, procuro sempre não fazer distinção no atendimento. Temos que encontrar uma forma de nos proteger para termos condições de enfrentar o dia a dia com elas. Existem vários exemplos lembrados pela dedicação, como a história de uma paciente que foi abandonada no hospital. O NACC assumiu judicialmente sua tutela, ela ficou conosco até seus 15 anos, hoje em dia está curada e tornou-se mãe de duas crianças lindas”, relembra.

Histórias como essas a faz acreditar que o projeto é imprescindível, não só na vida dessas crianças, mas para todas as suas famílias, assim como também para os voluntários, que aprendem a enxergar o mundo de forma mais humana. Emocionada, Arli conta seu desejo de evolução contínua, a procura de novas formas de apoio e suporte que proporcionem uma vida mais digna e menos dolorosa a cada um dos inscritos.

Arli Pedrosa e mãe de Carolina e Mariana – Crédito: Gabriel Melo/Esp. DP

Fora do NACC, Arli vivencia a maternidade de uma outra forma. Mãe de Carolina (39) e Mariana (28), a paraibana criou suas meninas com uma educação firme, mas sempre disposta ao diálogo e compreensão para encontrar apoio e soluções juntas. Ela relembra a emoção de tê-las em seus braços e diz que nem mesmo os 10 anos de diferença entre ambas é capaz de diminuir a grandeza deste momento. “Ter a minha filha mais velha nos braços pela primeira vez e após 10 anos receber o presente da segunda filha, foi indescritível. Elas têm personalidade diferentes,  somos muito amigas e o mais importante é que as nossas diferenças nos completam como família e mulheres”.

Sua paixão pelo projeto tem como inspiração os sentimentos vivenciados dentro de casa. Conciliar a rotina de mãe, dona de casa e profissional nunca foi fácil, mas afirma que o equilíbrio se faz necessário e que no fim das contas o amor materno sempre faz valer o esforço. “A maternidade mudou totalmente a minha vida, me trouxe uma outra dimensão de viver. Nossa família é a base de nossas vidas, o que aprendemos, os exemplos vividos. Não consigo me imaginar sem a família que construí”, conclui Arli. 

 

Author: Eduarda Andrade

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