Tuca Andrada fala carreira, filme e espetáculo que encena no Recife

Tuca Andrada fala carreira, filme e espetáculo que encena no Recife

Crédito: Caca Bernardes/Divulgação

Em cartaz no Recife com o espetáculo A Visita da Velha Senhora até domingo no Teatro Santa Isabel, o ator pernambucano Tuca Andrada, radicado há mais de 30 anos no Rio de Janeiro, aproveitou a semana para visitar a família e se reconectar com as origens na capital pernambucana. “É sempre um prazer e emoção extra voltar ao Teatro Santa Isabel que frequentava lá no início quando estava começando”, comentou Tuca em entrevista por telefone. Na estrada desde março, com agenda cheia, o ator explica que não consegue conciliar com os trabalhos no teatro e na televisão.

Crédito: Marcos Rosa/Globo

“Toda quinta-feira chego em uma nova cidade. Hoje em dia que as produções da TV são mais demoradas e demandam mais do nosso tempo. Tem hora que a gente junta tudo. Fiz peça, filme em Curitiba e rodei O doutrinador. Era uma loucura, dormia quatro horas por noite, fica complicado. O ideal é ter mais tempo para trabalhar o personagem. Fiz muito isso, mas já estou velho”, afirma.
Seus últimos trabalhos foram na TV paga, com Homens são de marte e é pra lá que eu vou (GNT) e Poltrona 27 (Canal Brasil). Além da peça protagonizada por Denise Fraga, Tuca vai estrear uma adaptação de um quadrinho brasileiro aos cinemas em O doutrinador, que também vai virar uma série em 2019. Ao longo da carreira, ele participou de produções da Globo, SBT e Record.

Confira a entrevista:

Como é contracenar com Denise?
Fizemos TV juntos quando participei de alguns episódios do programa dela no Fantástico. Ela é estupenda e muito generosa, uma grande atriz de teatro. Apaixonada pelo que faz, se preocupa com os colegas, é difícil achar alguém assim nos dias de hoje. Denise é anti-estrela total, não tem muito isso de ‘diva’ e facilita muito. É uma atriz maravilhosa para trocar ideias e bater-bola. É um sonho realizado trabalhar com ela.

Conta detalhes do seu personagem no espetáculo A Visita da Velha Senhora.
Ele é o antagonista, ele que detona toda a história. É um homem simples, que teve um caso rápido com Claire (Denise Fraga). Ele quer melhorar de vida e cria estratégia para casar com a filha do dono do armazém da cidade. Trinta anos depois, ele está falido e precisa dela. Na peça, ele precisa ser morto. Um personagem trágico, mas traz o timing de comédia. O que é muito interessante, pois o público ri o tempo todo. Aos 19 anos ele escreve tudo o que vai acontecer com ele até o final da vida. Ele cria aquilo tudo, para mostrar que nós criamos nossos próprio destino. Para ele, o bem de maior valor é o dinheiro. Essa é a discussão central do espetáculo: o dinheiro tomou o lugar de muita coisa. Parece que o texto foi escrito o mês passado. As pessoas se identificam.

A peça questiona sobre valores morais, justiça, esperança, poder e dinheiro, temas que dialogam com o atual momento vivido no país. O que acha?
A gente vive exatamente uma crise ética e de justiça. A justiça se tornou privilégio para os ricos, porque para pobres não existe. É um poder conivente com as classes dominantes. No país isso está mais que claro. Uma pessoa é presa e apodrece na cadeia porque roubou no supermercado, enquanto um político rouba milhões e está solto ou em prisão domiciliar. A peça propõe discussão sobre o que é ética. Se é válido roubar para comer ou roubar para ter carro e roupas de marca. Sobre a hipocrisia muito grande que sacia o consumo.

Como abordar esses temas sem ser partidário?
A justiça não é partidária. Ela é uma instituição que não deveria ter partido, mas no Brasil ela tem. Não deveria levantar a bandeira de partido nenhum. O texto é de 1955 e é tão atual e universal. É uma das peças mais montadas do mundo. Ela se adapta porque existe uma crise no absurda e cai como uma luva.

Você vai estrar no filme O doutrinador. Como foi participar da produção?
O filme estreia no dia 7 de setembro e também aborda temas como justiça e corrupção. Vou ser um delegado que seria chefe da polícia federal. A produção é um longa que vai virar série em 2019. As gravações foram intensas, de novembro a março e rodamos oito capítulos da série. Fizemos duas produções em uma. E na edição é que eles montam para um longa de duas horas, nesse processo algumas cenas caem e outras ficam. Não muda muita coisa para o ator. A rotina é igual.

Ao longo da carreira você alternou entre produções da Globo, SBT e Record. Qual a diferença entre um projeto e outro? Tem preferência?
A Globo tem teledramaturgia há 50 anos um know-how maior e toda a linha de show, novelas e série, uma indústria muito maior em comparação com as outras. O que muda é o tamanho e métodos de produção. Fazer série é mais interessante, leva mais tempo e é possível ter cuidado com o personagem,além de receber o roteiro antes, uma história fechada e saber como o personagem vai acabar, Já a novela, você pode começar bonzinho e acabar matando a própria mãe. Não tenho predileção pelo formato. Gosto de fazer bons personagens e não interessa se é vilão ou mocinho.

Author: Marina Simões

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