Pierre Lucena, novo presidente do Porto Digital, quer acelerar crescimento do parque tecnológico

Pierre Lucena, novo presidente do Porto Digital, quer acelerar crescimento do parque tecnológico

Pierre Lucena assumiu o cargo nessa quinta, dia 1° de novembro – Crédito: Gabriel Melo/Esp. DP

Nessa quinta-feira, o administrador Pierre Lucena assumiu o cargo de presidente do Porto Digital. Desde então, o parque tecnológico era comandado pelo economista Francisco Saboya. Após 11 anos à frente do Porto, ele anunciou que deixaria o cargo no 14 de agosto deste ano e deve voltar à iniciativa privada. Após votação entre os representantes das empresas, academia e agentes governamentais, o Conselho de Administração do Porto Digital chegou ao nome de Pierre. O novo gestor entra com o compromisso de fazer o parque tecnológico dobrar de tamanho. “O Porto Digital precisa passar por um ciclo de aceleração do seu crescimento e é isso que eu posso agregar ao novo cargo. A ideia é acelerar o crescimento da marca, que já é muito consolidada, e aproveitar para colocar o pé no acelerador”, explica. 

Pierre Lucena foi vice-presidente do Diario de Pernambuco e implementou os projetos Diario Mais Saúde e Diario nos Bairros. Ele é mestre em administração pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor em Finanças pela PUC-RJ, além de integrar o conselho do Porto Digital e do CESAR. No seu currículo, carrega passagem como reitor do Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG) e diretor Acadêmico Regional da Rede Laureate, para o Estado de Pernambuco. É também autor de vários trabalhos publicados na área de finanças no Brasil e no exterior. Confira o bate-papo com ele:

Como recebeu o convite de integrar o Porto Digital?
Com bastante felicidade. Na verdade, é um universo que já conhecia por ser conselheiro. E eu me senti muito honrado quando Sílvio Meira (Presidente do Conselho de Administração do Porto Digital) me convidou para assumir o cargo. Acho que é, talvez, o melhor desafio a se assumir em Pernambuco, pelo fato de você estar em um parque que ajuda a construir um futuro.

Pierre e Sílvio Meira – Crédito: Porto Digital/Divulgação

A indicação do seu nome foi aceita por unanimidade na reunião do Conselho de Administração do parque tecnológico. A que você atribui esse reconhecimento?
Eu acredito que o fato de eu já integrar o Porto Digital como conselheiro, me favoreceu. Além de ser também um agente da universidade, já ter uma empresa embarcada e já ter passado pelo serviço público. Eu acho que o fato de eu ter passado por todos esses ambientes que o Porto trafega me ajudou bastante.

Qual será o grande desafio ao assumir o cargo?
Dobrar o tamanho do Porto Digital, esse é o grande desafio agora. Mas o maior deles, sem dúvidas, é encontrar mais de 10 mil pessoas que estejam qualificadas no nível de exigência que as empresas do parque precisarão nos próximos cinco ou seis anos.

Qual é o planejamento estratégico do parque tecnológico?
Seguimos com o desafio de ampliar o Porto. Hoje temos mais de 300 empresas, o plano é ficar entre 500 e 600, dobrar o faturamento delas que hoje fica entre 1,7 bilhões e 1,8 bilhões para um pouco mais de três bilhões. Além de expandir o número de pessoas trabalhando aqui, contamos com força de trabalho de 10 mil funcionários, a ideia é subir para 20 mil.

Foto ilustrativa – Crédito: Pixabay

Já desenha um plano de ação pensado em três eixos. Como seria?
Será dividido assim: No eixo que chamamos Gente, a proposta é encontrar 10 mil pessoas qualificadas no grau de exigência que a gente tem hoje aqui no Porto Digital, que é muito alto. Para Negócios, devemos estimular as empresas a buscar novos mercados fora de Pernambuco, buscando mais investidores. No quesito Espaço urbano, precisamos nos voltar ao território físico. Para dobrar o tamanho do Porto, a gente precisa ver se o Bairro do Recife vai suportar. O bairro de Santo Amaro já está muito consolidado, mas precisamos pensar em utilizar bem o espaço do bairro de Santo Antônio. Essa questão de espaço há um desejo de minha parte que a gente consiga criar um foco no centro da cidade para que as pessoas também morem, principalmente as pessoas que trabalham aqui no Porto Digital.

Como você avalia o cenário da geração de novos negócios de tecnologia, as chamadas startups?
Nós vamos ter que estimular mais. Durante muito tempo nas universidades houve pouco desejo pelo empreendedorismo, eu acho que esse desejo vai crescer agora, porque muitos pensavam em fazer concurso, seguir na área do serviço público, mas o excesso de vagas na verdade já acabou. Eu acho que a gente vai ter um estado mais enxuto a partir de agora e a necessidade de empreendedorismo vai ser, de certa forma, um carro-chefe. Eu espero que o mindset desses estudantes se voltem para isso e a gente vai tentar ajudar, na medida do possível, para os que queiram empreender tenham espaço dentro do Porto Digital. A gente vai ter espaço, obviamente, para todo mundo que tenha um novo projeto.

Crédito: Porto Digital/Divulgação

O que você acha que tem a somar ocupando o novo cargo? Qual a expectativa?
Eu acho que o Porto Digital precisa passar por um ciclo de aceleração do seu crescimento e é isso que eu posso agregar ao novo cargo, algo que já fiz quando passei pela Faculdade Guararapes (FG) que virou Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG), a gente praticamente triplicou o tamanho dela. E é isso que eu pretendo fazer no Porto. Na verdade, foi por isso que fui chamado, a ideia é passar para um novo ciclo e acelerar o crescimento da marca que já é muito consolidada porque Chico (Francisco Saboya) fez um excelente trabalho durante esse período e já tem um branding bem consolidado. Agora é aproveitar tudo isso e colocar o pé no acelerador.

O que você acha necessário fazer para que um parque já consolidado, como é o caso do Porto Digital, continue a crescer?
O empreendedorismo. E não só para o parque, mas para o país. A gente precisa, na verdade, de mais empreendedorismo, menos, muito menos estado e mais iniciativa privada através de atitudes empreendedoras. O Brasil vai ter uma necessidade de voltar a crescer e quase todas as empresas estão com capacidades ociosas, mas a gente vai precisar buscar um caminho para o desenvolvimento. O Recife, de certa forma, já encontrou o seu caminho que é na área de serviços especializados no ramo da tecnologia, da saúde e do ensino superior. E o Porto Digital já pertence a esse cenário econômico da cidade.

Além destes segmentos, quais outros que o Porto deve investir nos próximos anos?
Games. É um segmento que eu quero entrar bastante, com certeza. Eu conversei com o Governador sobre a possibilidade de expandir o Armazém da Criatividade para duas outras cidades também. É um desejo de minha parte. A ideia é investir também no estímulo da profissionalização de mais setores da Economia Criativa.

Foto ilustrativa – Crédito: Pixabay

Os planos sofrerão alguma mudança a partir da nova gestão presidencial?
Em um primeiro momento, vai ser um enxugamento muito grande, inclusive do financiamento, que será um desafio para nós. Pelo que estou vendo, será realizada uma rearrumação do Estado brasileiro, mas acho que o Porto Digital sai muito na frente porque a gente já representa essa maneira nova de fazer política pública. Que significa trazer a iniciativa privada, o Estado, universidades. Eu acho que o parque já está bem à frente nisso e não vejo porque a gente temer qualquer diferença substancial. A gente sabe que vai passar por um ajuste grande por conta da crise, mas esperamos que o Brasil volte a crescer.

Pierre Lucena e Alexandre Rands – Crédito:

Como você avalia a sua gestão no Diario de Pernambuco? E o que a experiência tem a somar para o novo cargo?
Passei pouco tempo, foram somente seis meses, mas foi muito gratificante. Fui chamado por Alexandre Rands para desenvolver novos produtos para o jornal. Nesse curto tempo, consegui desenvolver dois projetos, os chamados segmentais: Diario Mais Saúde e Diario nos Bairros, que foi o carro-chefe. Com isso, a gente conseguiu subir muito o faturamento privado, praticamente dobrou e eu espero que o jornal continue nesse ritmo para chegar nos 200 anos. O que é um desafio muito grande, devido à logística de distribuição. Não é fácil distribuir 24 mil jornais e colocar nas casas das pessoas todos os dias. Mas o setor de comunicação, no geral, vai precisar, cada vez mais, de jornalismo de grande qualidade com a mudança de hábito de consumo de notícias. E conheci muita gente legal, que é uma coisa importante.

Author: Juliana Aguiar

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