Produtora do Coquetel Molotov fala sobre preparativos para 15ª edição

Produtora do Coquetel Molotov fala sobre preparativos para 15ª edição

Crédito: Flora Pimentel/Divulgação

Há 15 anos, a partir de um programa na Rádio Universitária AM, surgiu o Festival No Ar Coquetel Molotov. Na época, os produtores eram estudantes e através do quadro Novos e Velhos Sucessos, tentavam emplacar uma playlist que tocasse tanto as coisas que gostavam, como algumas já conhecidas dos ouvintes. A partir daí, decidiram criar o próprio festival, um evento para abrir espaço para as bandas que admiravam e que nunca teriam vez no cenário musical. Com uma pegada alternativa, ativista, livre de preconceitos e buscando a valorização da música independente de resistência, a festa foi crescendo e conquistando o carinho de um público que se tornou fiel. Uma das idealizadoras, Ana Garcia, fala da importância em valorizar o carácter mais intimista e agregador. “A ideia é tornar o festival o mais próximo possível do público, fazer com que se sintam à vontade, confortáveis ouvindo um bom som”, aponta. Agora como debutante e com um público maior, o No Ar reforça seu posicionamento em prol dos direitos humanos e promove iniciativas em defesa das mulheres, além de estimular o uso de meios de transportes alternativos e sustentáveis.

O destaque dessa edição é preocupação em garantir segurança às principais vítimas de assédio: as mulheres. Pensando nisso, foi realizado um mini curso dos funcionários que atuarão na festa em parceria com a Womem Friendly. A proposta da empresa é treinar todos os profissionais, desde segurança, barman aos demais profissionais da equipe para lidar com qualquer situação de assédio sexual contra a mulher, racismo e homofobia. Pelo quarto ano, o festival firmou parceria também com a Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo). Para quem desejar ir de bike até a festa, serão disponibilizados dois pontos de partida, um no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda e outro na Praça do Derby. Ao chegar no evento, os ciclistas terão desconto de 50% nos ingressos.

Neste sábado, o Coquetel Molotov chega a sua 15ª edição no Caxangá Golf & Country Club. Serão 25 artistas, divididos em três palcos. Com uma programação que reúne música, cinema, moda e um encontro de Vogue, são esperadas atrações locais, nacionais e internacionais. Entre eles, a baiana Luedji Luna, Mestre Anderson Miguel, de Nazaré da Mata, MC Troia, representante do brega recifense, e a neozelandesa Connan Mockasi.

Com patrocínio da Natura Musical, Baterias Moura e Ballantines, a festa de abertura do festival acontece hoje, com show especial da diva pop americana Azealia Banks, no Bailito. O ativismo, a quebra de preconceitos de gênero, bem como o combate ao assédio feminino também foram marcantes em edições anteriores do evento, aliando o melhor da música independente com as artes e a cultura na capital pernambucana. De acordo com a produtora, a expectativa é seguir o padrão, buscando sempre a inovação. A foco da edição é a valorização cultural, deixando a centralidade do rock e atingindo os mais variados ritmos. De brega, ciranda e pop, todos serão representados. “Vai ser uma mistura interessante, estou ansiosa para saber como o público vai reagir,” revela Ana.

O No Ar é uma referência nacional no cenário independente, realizando edições em Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza. São Paulo receberá o Molotov pela primeira vez este ano. Confira a entrevista:

Ana Garcia – Crédito: Flora Pimentel/Divulgação

O Festival No Ar Coquetel Molotov chega a 15ª edição, o que vocês estão preparando?
Cada ano é completamente diferente do outro, neste aniversário de 15 anos a gente quis trazer mais novidades para o público, com mais ritmos e culturais, como os shows de Luedji Luna, Mestre Anderson Miguel e MC Troia. Vai ser uma mistura interessante, estou ansiosa para saber como o público vai reagir. 

MC Troia – Crédito: Instagram/Reprodução

Como foi pensada a programação do Molotov?
Foi pensada para atender ao público. O Coquetel é a vitrine do cenário musical do ano seguinte, então isso é um trabalho bem longo. Fazemos seleções, abrimos chamadas e escutamos muito o público, o que eles querem ouvir, observamos os talentos em crescimento, abrimos enquetes e nos preocupamos em atender a necessidade da cidade.

Porque incluir artistas de brega, funk e outros ritmos na grade?
Na edição passada, Linn da Quebrada trouxe Nega do Babado aos palcos e, a partir daí, a gente abriu os olhos para esse cenário. O brega não ocupa os grandes palcos do Recife, então a gente quis fazer o público mais roqueiro, alternativo, assistir um show de MC Troia, por exemplo. A gente gosta de fazer um trabalho a mil mãos.

Mestre Anderson Miguel – Crédito: José de Holanda/Divulgação

O que você destaca das propostas dos novos artistas?
Este ano, 70% dos artistas do nosso line-up está lançando disco, muitos pela primeira vez. O Mestre Anderson Miguel está crescendo e representa bem a nossa cultura, através do maracatu rural. Destaco também a drag queen Potyguara Bardo, que vai apresentar seu projeto recente Simulacre. Azealia Banks foi um grande pedido dos fãs e estamos felizes em poder atender. Assim como Duda Beat, que recebe Romero Ferro para apresentar uma parceria dos dois.

Como será a estrutura?
O Festival mudou um pouco o formato. Este ano, o Som na Rural vai estar junto com Palco Aeso, de artistas novos. A feira também está mais intimista, a ideia é tornar o festival o mais próximo possível do público. Vamos contar com intervencões artísticas e culturais bem diferentes, de autoria de Aslan Cabral. Além de uma passarela iluminada da Sympla e um cubo iluminado da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), com fotos de ensaios da Revista Continente. Mesmo acontecendo no mesmo lugar que o ano passado, a gente propõe uma estrutura para mudar a cara do festival.

Foi anunciado um esquema de segurança especial para as mulheres. Como vai funcionar?
Vamos contar com o apoio da Womem Friendly. A proposta da empresa é treinar todos os seguranças, barman e demais membros da equipe para lidar com qualquer situação de assédio sexual contra a mulher, racismo e homofobia, pois sabemos que grande parte do nosso público é LGBT. Caso uma pessoa seja alvo de violência física ou verbal, nossa equipe vai estar apta durante a festa e também estaremos disponíveis através do Instagram @womenfriendlybrasil.

 

Crédito: Instagram/Reprodução

Como será a participação do pernambucano Caio Braz?
Caio Braz vai cobrir todo o evento. Ele vem a convite da Ballantaines e deve elaborar um mini documentário com todos os momentos, entrevista com artistas e espaços, criando conteúdo para o Youtube. Esperamos lançá-lo no Haus Beergarden Lajetop logo após o Festival.

Author: Juliana Aguiar

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