Chocolate com pimenta: Anna Corinna fala sobre o mundo dos doces no Recife

Chocolate com pimenta: Anna Corinna fala sobre o mundo dos doces no Recife

Crédito: Divulgação/Anna Corinna

Docinhos, bolos, chás e… pimenta. Esses são os elementos que compõe o universo de Anna Corina. Fonoaudióloga por formação, Anna decidiu mudar completamente de carreira e investir na especialização em Gastronomia. Apesar da divergência entre as duas profissões, não é totalmente uma surpresa a decisão de Corina. A chef conta que é imersa dentro do universo dos doces desde pequena. “Minha mãe e minha avó sempre trabalharam com eventos, então eu sempre vivi dentro da cozinha – e aos poucos foi surgindo um encanto. Eu digo que não fui eu que encontrei o doce, foi o doce que me encontrou.”, declara.

Com a mãe,:parceira, apoiadora e, de quebra, companheira de trabalho. Foi com ela que Anna Corinna herdou o amor pelos doces e a simpatia. Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Hoje, Anna Corina é uma empreendedora de mão cheia. Além de receber pedidos sob encomenda para eventos como casamentos e festas de 15 anos, ela tem uma loja no Shopping RioMar, que oferece um delicioso cardápio de chás que harmonizam com os doces que oferece. E não para por aí, Anna também ministra aulas-show e oficinas para àqueles que querem se especializar na área dos doces. A chef afirma ter se apaixonado pela docência, e pretende expandir a prática em um projeto de vida. “As oficinas estão cada vez mais fazendo parte da minha rotina. Virou um projeto de vida – tanto é que eu estou me mudando e construindo duas salas de aula. (…) Eu estou amando ensinar – essa troca de conhecimento me encanta. Os alunos demonstram muita admiração, e isso me impulsiona muito – pois sinto que eu tenho o poder de mudar a vida das pessoas”, revela.

Ana oferece oficinas para diversos públicos, inclusive os pequenos. – Crédito: Reprodução/Instagram

A chef tem o chocolate o protagonista de seu trabalho. E conta que trabalhar com o doce derivado do cacau tem seus desafios, devido a presença de altas temperaturas durante o ano todo no Recife. “Demanda um custo muito grande de ar condicionado e infraestrutura no geral”, Anna comenta. Mas isso não a impede de continuar trabalhando com o que ama. Entre os chocolates que mais gosta de utilizar em sua produção, Anna Corina detalha sobre alguns como o Callebaut. Mas ela não se limita a importados, e afirma que também apoia muito a produção local. “Também gosto muito dos chocolates brasileiros. Temos uma variedade excelente de chocolates – dentre eles o João Tavares, da Unique, que sou muito fã. Além do chocolate Amma, que é muito incrível.”, declara.

Os doces são cuidadosamente criados pela chef. – Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Anna nos conta isso e muito mais sobre a profissão, desafios e curiosidades em entrevista. Confira:

Como funciona o seu trabalho? 

Hoje eu tenho a indústria, que fornece para eventos como casamentos ou qualquer outro tipo de evento que precise de uma parte de doces, macarrons, chocolate, bolos… Também tenho a loja do Shopping RioMar e o ateliê, que serve para atendimento. O sistema de encomendas funciona no ateliê (com direito a degustação), através de encomendas pela internet, ou por compra direta dos produtos disponíveis na loja. Tenho também a parte de cursos. Hoje eu ministro aulas participativas, onde todos alunos interagem, e cada um faz a sua receita que depois são levadas para casa.

Além de doces, Ana Corinna oferece um cardápio de salgados e chás em suas lojas. – Crédito: Nando Chiappetta / DP / D.A Press

E as oficinas que você ministra?

As oficinas estão cada vez mais fazendo parte da minha rotina. Virou um projeto de vida – tanto é que eu estou me mudando e construindo duas salas de aula: uma maior, com dez bancadas, todas funcionais. E outra sala que oferecerá cursos demonstrativos, reuniões, cursos demonstrativos. Eu estou amando ensinar – essa troca de conhecimento, fazer amizades. Eu também participo muito de aulas-show, tanto na Faculdade Boa Viagem, quanto em shoppings.

Qual o nicho que gera mais demanda? 

Eu adoro trabalhar com casamentos e 15 anos, mas confesso que trabalhar com bolos infantis tem me encantado, porque é um trabalho extremamente criativo e lúdico.

Os bolos, que, de acordo com Anna, são as produções mais requisitadas, são feitos sob encomenda. – Crédito: Reprodução/Instagram

Como o mercado de doces tem reagido a crise econômica?

A crise é fato. Mas aí que vem a história de se reinventar. Com a diminuição dos casamentos e eventos, surgiu a parte de bolos e consultoria. A hora de crise é uma oportunidade de se reinventar e trabalhar para que o que tenho como empresa continuar funcionando. 

Quais são os maiores desafios ao trabalhar com doces atualmente?

A parte de trabalhar com chocolate é complicado devido a temperatura do Recife. Demanda um custo muito grande de ar-condicionado e infraestrutura no geral, mas eu sou encantada por chocolate. Fora isso, a concorrência está grande e os preços estão competitivos. Por conta dessa crise, as pessoas tendem a fazer em casa os doces, o que acaba tendo um custo menor em relação ao meu produto, pois tenho o gasto com a empresa, funcionários, impostos… Essa é a grande dificuldade. Os materiais também vão aumentando muito de preço, e não tem como aumentar o preço do seu produto, então o lucro acaba diminuindo.

E seu interesse com o mundo da gastronomia, como surgiu?

Eu era fonoaudióloga. Mas minha mãe sempre trabalhou com doces. Minha mãe e minha avó sempre trabalharam com eventos, então eu sempre vivi dentro da cozinha e aos poucos foi surgindo um encanto. Eu digo que não fui eu que encontrei o doce, foi o doce que me encontrou. A partir daí fui fazer gastronomia, me especializar… e me encanta muito estudar sobre o que é pâtisserie, o que o doce representa. Me encanta o chocolate.

Quais são os doces mais pedidos?

O brigadeiro é extremamente bem pedido. É um doce muito nosso, muito do Brasil. A opção por fruta, no caso da amêndoa é muito grande. E agora temos a tendência de flores. Hoje em dia trabalhamos com doces muito elaborados – esses saem bastante.

Quantos bolos você produz, em média, por mês? 

A produção varia bastante pois é extremamente sazonal. Outubro, novembro e dezembro são meses super intensos com muitos eventos, então a produção sobe muito. Mas o mês de Carnaval, por exemplo, é um mês mais atípico por não possuir tantos eventos direcionados para esse tipo de enquadramento, então a demanda cai um pouco.

Recentemente, você assinou uma parte do cardápio do Entre Amigos. Como estão as criações?

Eu assinei o cardápio do Entre Amigos – toda a parte de confeitaria,  pâtisseries e sobremesas do Entre Amigos – O Bode. Foi uma experiência muito interessante. Eu tenho um cardápio de chás maravilhosos na minha loja do RioMar – eles harmonizam muito bem com a parte de doces, bolos e chocolates. Tem o chá Doce Amêndoas que leva hibisco, maçã desidratada, amêndoas que é muito saboroso. Tem outro que amo, o Basal Oriental, que também leva hibisco e várias ervas.

Porque a pimenta virou sua marca registrada?

Eu sou apaixonada por pimentas, consumo muito pimenta. Comecei a estudar sobre a pimenta e o chocolate, mais ou menos na mesma época e queria isso junto à minha marca. É como se a pimenta estivesse escrevendo, com o chocolate, minha assinatura. Todos acham que tem a ver com minha personalidade, porque eu não paro, mas é de fato uma relação dentro da gastronomia mesmo.

Na parede da sua loja do RioMar tem vários cardápios. Você coleciona?

Tenho vários cardápios do mundo inteiro, principalmente de restaurantes de referência. Alguns eu peço aos chefs, outros eu compro, uns são assinados. Coloco eles na parede porque acho lindo fazer essa referência às coisas que eu gosto. Entre os que se destacam tenho um de Alain Ducasse, que peguei em Nova Iorque, tem um de Paul Bocuse – um chef em que me inspiro muito – assinado por ele. Entre outros, como o da Confeitaria Colombo no Rio, que carrega muita história.

Está preparando algo para as festas de final de ano? 

Nós trabalhamos com coleções. Estarei lançando, em breve, a de Natal, com Panetones trufados, o conhecido e amado bolo de noiva, chocolates, gifts com chocolate, etc.

O chocolate é a grande paixão da chef, que estudou a arte afundo. – Crédito: Reprodução/Instagram

Qual o tipo de chocolate você usa em suas produções?

Eu gosto muito do chocolate Callebaut, mas também gosto muito dos chocolates brasileiros. Temos uma variedade excelente de chocolates – dentre eles o João Tavares, da Unique, que sou muito fã. Além do chocolate Amma, que é muito incrível.

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