Cinco livros que encantam os amantes da literatura

Imagem ilustrativa – Crédito: Divulgação

Nesta quarentena os amantes da literatura devem estar com a seguinte dúvida: Qual de todos esses livros acumulados eu deveria ler? Mas, que tal separar um tempinho e ler uma das nossas cinco indicações? Dom Casmurro, Felicidade Clandestina, Livro do Desassossego, Os Sertões e Estrela da Vida Inteira são ótimas opções para espairecer a mente e garantir boas reflexões. Confira um pouco de cada história:

1 – Dom Casmurro

Não podíamos começar com outro a não ser o nosso queridinho, escrito por Machado de Assis que nos causa dúvida até hoje: traiu ou não traiu? Publicado em 1899, o romance nos faz viajar na história do protagonista Bento Santiago, que é contada por ele mesmo e relata sua vida desde a mocidade, no seminário, e claro, o mais esperado…o seu caso com Capitu e o ciúme que existe dentro desse relacionamento.

RESUMO

O narrador inicia o livro justificando o título e por que resolveu escrevê-lo. Chama-se Dom Casmurro, pois foi um apelido dado ao personagem principal, Bento Santiago, e diz que escreve por falta do que fazer. Bento era filho de D. Glória, uma mulher bondosa. Vivia em sua casa em Matacavalos junto com seu tio Cosme, que havia enviuvado, sua prima Justina também viúva e um agregado, José Dias. Seu pai já havia morrido. Dona Glória, que havia perdido o primeiro filho, fez uma promessa a Deus, que se lhe concedesse um filho vivo esse iria para o seminário quando fosse o tempo e se tornaria padre. Nasceu Bento. Quando ele tinha seus quinze anos foi lembrada a sua mãe a promessa que fizera e que já era tempo de cumpri-la.

Bento sabendo da sua partida próxima para o seminário foi ter com sua amiga, Capitu. Os dois eram amigos de infância e dessa amizade nasceu um amor. Ele lhe contou sobre a promessa e os dois desde já começaram a lutar buscando formas de evitar a separação que viria. O romance entre os dois cresceu bastante e em uma tarde juraram que se casariam. No seminário, ele fez amizade com Escobar e chegou a cogitar a contar sua história de amor com Capitu, mas a mesma, não o permitiu. Escobar passou a frequentar a casa de Bentinho quando a saída do seminário era permitida. Em uma das visitas, Bentinho teve por Capitu um ataque de ciúme acreditando que ela lhe traia apenas por olhar um rapaz que passava na rua. Capitu lhe disse que por mais uma lhe rompia o juramento.

Bento e Escobar abandonaram o seminário um tempo depois e se casaram, Bentinho com Capitu, e Escobar com Sancha. ALERTA SPOILER (mas existe alguém que nunca leu esse livro?) Escobar morre e Bentinho percebe que Capitu fica com um sentimento atormentador durante o velório. Eles tiveram um filho e a medida que o menino crescia, Bentinho o evitava por achar que ele era muito parecido com Escobar e que foi traído pelo seu grande amigo. Ele alimenta isso durante todo o resto da história. “Ai ai, tu eras perfeito no teu caminho”, fica aqui uma referência para quem já leu e para quem não, vale a pena se aprofundar no romance que não vai se arrepender.

2 – Felicidade Clandestina

Escrito por Clarice Lispector e publicado em 1971, o livro Felicidade Clandestina continua nos fazendo viajar bastante nas suas vinte e cinco narrativas breves. A obra é dividida nos contos: Felicidade clandestina, Uma amizade sincera, Miopia progressiva, Restos do carnaval, O grande passeio, Come, meu filho, Perdoando deus, Tentação, O ovo e a galinha, Cem anos de perdão, A legião estrangeira, Os obedientes, A repartição dos pães, Uma esperança, Macacos, Os desastres de sofia, A criada, A mensagem, Menino a bico de pena, Uma história de tanto amor, As águas do mundo, A quinta história, Encarnação involuntária, Duas histórias a meu modo e O primeiro beijo.

Os contos são passados entre o Recife e o Rio de Janeiro, entre os anos de 1950 e 1960. Alguns dos trabalhos presentes no livro possuem forte traço autobiográfico, outros são composições completamente descoladas do cotidiano da autora, que versam sobre a infância, a solidão e dilemas existenciais. É….temos que afirmar: Não há padrão em Lispector.

CURIOSIDADE

Alguns contos presentes no livro já haviam sido publicados em jornais anteriormente.

3 – Livro do Desassossego

Mais um queridinho literário. Fernando Pessoa é capaz de nos roubar suspiros com o Livro do Desassossego. A obra retrata a condição da alma humana, onde o autor nos traz confissões e sensações expostas em cada fragmento solto. Pessoa procura levar o leitor para uma viagem à mente humana de forma poética, reflexiva e claro, intensa. “Chegou até mim o cansaço dos sonhos… Tive ao senti-lo uma sensação externa e falsa, como a de ter chegado ao término de uma estrada infinita.” p. 155. Não tem como não suspirar com esses maravilhosos trechos.

4 – Os Sertões

Euclides da Cunha, autor do livro OS Sertões era jornalista e foi chamado para cobrir a Guerra dos Canudos que aconteceu no interior da Bahia, no final do século XIX (1896 – 1897). E claro, que isso deu origem a essa obra linda que já é considerada de domínio público. Euclides separou OS Sertões em três partes para falar sobre a região e o acontecimento: A Terra, O Homem e A Luta. A Terra é uma descrição detalhada feita pelo cientista Euclides da Cunha, mostrando todas as características do lugar que houve o acontecimento, o clima, as secas e a terra. O Homem é uma descrição que mostra o habitante do lugar, sua relação com o meio, sua gênese etnológica, seu comportamento, crença e costume; mas depois se fixa na figura de Antônio Conselheiro, o líder de Canudos. Já A Luta relata as quatro expedições a Canudos, criando o retrato real só possível pela testemunha ocular da fome, da peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra. A história é narrada em terceira pessoa e faz o leitor se sentir na guerra, mas claro, de forma poética.

5- Estrela da Vida Inteira

Verso livre, linguagem coloquial e irreverência são algumas das coisas que encontramos no livro de Manuel Bandeira publicado em 1966. Foi a partir de temas “banais” que a coletânea Estrela da Vida Inteira reuniu diversas poesias com uma grande significação. A ausência de pontuação é outro forte ponto do autor, assim como o despojamento que é o que faz a poesia de Bandeira ser tão atual e passível de ser sentida em qualquer época. E para ficar com gostinho de quero mais e mergulhar nesta literatura simplista, Pasárgada é um ótimo início para se aprofundar ainda mais no universo literário de Manuel Bandeira, já que é notório no texto um escape da realidade com o paraíso perdido, a infância.

PASÁRGADA

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

Author: Lívia Rosa

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