13 Reasons Why amadurece ao longo das temporadas, mas renovação seria desnecessária

13 Reasons Why amadurece ao longo das temporadas, mas renovação seria desnecessária

Cena de 13 Reasons Why – Créditos: Reprodução/Netflix

Atenção: esse post contém conteúdo sensível que algumas pessoas podem achar ofensivo ou perturbador

A série relata a história do suicídio de uma adolescente chamada Hanna Baker e é contada pelo olhar de seu colega de turma Clay Jansen. Ele estuda na mesma escola que ela e encontra uma caixa com fitas cassetes com gravações em áudio, através das quais descobre os “treze porquês”, que explicariam por que Hanna tirou a própria vida. A caixa vem acompanhada de instruções e com um aviso de que as cópias estão com alguém que era de confiança da Baker. Cada pessoa mencionada na fita deve ouvir os motivos que a levaram a cometer o suicídio. Do contrário, essas cópias serão levadas para a polícia, o que pode incriminar colegas que conviviam com Hanna. Todas as pessoas devem passar adiante as mensagens, até que a lista de “envolvidos” seja finalizada.

1ª temporadaAlerta ou romantização do suicídio?

A primeira temporada traz temas pesados como estupro, machismo, drogas, até chegar ao suicídio da protagonista. Temas relevantes, mas que são abordados na trama de maneira irresponsável. É praticamente uma romantização do ato de “suicidar-se”, como se isto fosse uma solução dos problemas. Não há um espaço para abordar empatia: em tudo o que acontece com Hanna, é como se ela fosse a culpada. Sexualizam a personagem e sempre a abordam como alguém frágil. Em alguns pontos, a série é extremamente sexista, colocando Baker como mentirosa e dando a entender que se ela não quer expor a situação, tem que “superar”. Ao invés de trazer um alerta, pode levar o telespectador a uma sugestão negativa em relação ao suicídio, tanto que a série chegou a ser não recomendada pela Organização Mundial da Saúde.

2ª temporadaEra realmente necessária?

Dessa vez, a trama se passa em torno do julgamento sobre o processo dos pais da Hannah contra a escola Liberty (onde Hanna sofreu bullying pelos colegas), e o assunto se torna proibido no colégio. Apesar de agora os fatos serem narrados na visão de cada personagem sobre os acontecimentos, a série vai se tornando extremamente confusa. Várias revelações são feitas, mas parece que 13 Reasons Why perde o rumo e começa a deixar várias interrogações nos seus telespectadores. Além de se tornar desgastante, pois Clay – personagem central que recebeu as fitas na primeira temporada – começa a ver Hanna (como um fantasma), o que tira toda realidade do caso e do ato, que afetou tantos adolescentes. A segunda temporada poder ser considerada desnecessária, pois é uma repetição história da protagonista, só que de um outro ponto de vista. A série perde ao não investir nos outros personagens, já que, no decorrer dos fatos, muitos deles mostraram evolução, tanto em relação ao ocorrido, quanto na atuação de suas próprias tramas individuais.

Um dos únicos pontos positivos é que, agora, a série foca no presente, diferentemente da primeira etapa da atração, em que metade dos episódios eram praticamente flashbacks. Nesta temporada, somos capazes de entender o que se passou na cabeça de Hanna para que ela tomasse a drástica atitude, assim como é revelado um lado da personagem que muitos não conheciam – uma verdadeira surpresa para os fãs da série. Infelizmente, o furo no roteiro continua, Baker continua sendo muito robotizada e adolescentes são mostrados apenas como seres irresponsáveis, sem conteúdo e propícios às drogas. Nesta segunda fase, uma cena de estupro do último episódio, protagonizada pelo ator Devin Druid, o Tyler, foi a que mais chamou atenção dos internautas e a que fez a série se tornar um gatilho mental ainda mais perigoso do que na primeira temporada.

3ª temporadaAberta ao debate ou um novo caos?

A Netflix nos fez pensar que o desfecho teria acontecido na segunda temporada, mas conseguiu achar um jeito para a história continuar. Nesta temporada, a trama está tentando descobrir quem assassinou Bryce Walker, personagem que praticava bullying e estuprou algumas garotas da escola.

Dessa vez, a Netflix parece ter encontrado um certo equilíbrio após duas temporadas de mensagens desastrosas sobre temas de extrema importância para a sociedade. A terceira temporada apresenta um debate mais delicado e mostra os personagens lutando por um lugar de fala nos ambientes que frequentam sobre assédio, suicídio, estupro, aborto, entre outros. A trama, que agora se passa em torno das investigações do assassinato de Bryce Walker, um antagonista das outras duas temporadas, passa a abordar os traumas e o ciclo vicioso que levaram cada um a cometer tais atos. Mesmo tendo um desenvolvimento melhor que as anteriores, a série permanece em muitas enrolações, deixando dúvidas na história sobre punições e, em alguns momentos, parece até querer justificar atos criminosos com uma visão simplista ao adicionar fragilidade à história dos seus personagens. Nesta temporada, é possível desvendar tudo o que aconteceu desde a primeira, o porquê do suicídio, do assassinato, da complicação da vida dos jovens.

Sem dúvidas, é uma série que poderia ter tido seu fim, deixando uma mensagem de reflexão, não só para os jovens, mas para os pais e adultos em seus relacionamentos pessoais. Porém, a Netflix confirmou uma nova temporada para o próximo dia 5 de junho, o que causou uma divergência de opiniões entre os fãs, internautas e críticos.

Author: Lívia Rosa

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