A grande apoteose do carnaval no Marco Zero
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Por volta das 23h, a cantora Elba Ramalho abriu os mais esperados shows da noite, fazendo sua entrada após um espetáculo à parte dado pelos bailarinos montados em pernas de pau dançando pelo palco. A primeira música foi Leão do Norte, uma escolha logo recompensada pelo coro do público que vibrava a cada refrão. Em seguida vieram os frevos, cirandas e até um pop rock remixado, numa sequência que emendou numa tirada só as canções Pingos de Amor, Como Uma Onda e Ciranda da Rosa Vermelha.
Para quem esperava um dueto entre Elba e Alceu, nada aconteceu de parecido. Ela deixou o palco aberto para um intervalo de passagem de som e arrumação instrumental que somente meia hora depois receberia o grande homenageado da folia momesca, Alceu Valença. E ele veio com tudo, disparando logo Bicho Maluco Beleza e dedicando as honras ao próprio público. “Não sou vaidoso. Essa homenagem não é apenas minha, mas também de vocês, que são meu espelho.” Esta noite, Alceu encarnou mais um de seus personagens, o toureiro Pablo Valencia.
No repertório Alceu trouxe suas faixas mais carnavalescas, como sempre faz. Para ele o São João é hora de tocar forró e o carnaval é hora de tocar frevo. Clássicos como Girassol e La Belle Du Jour ficaram na noite da última sexta, mas não apareceram desta vez. Em seu lugar vieram os ritmos mais acelerados com Diabo Louro, Lua de Olinda, Roda e Avisa, Voltei Recife e Tropicana. Com um bis ensaiado, Alceu retornou ao palco para uma última música, mas deixou o público com gostinho de quero mais. Muita gente esperou por minutos após o fim da apresentação – especialmente graças ao guitarrista da banda, que incentivava a plateia – mas nada de bis duplo. Alceu encerrou por ali, às 02h30 da madrugada. Confira no player:
Enquanto isso, o prefeito João da Costa comemorava em seu camarote oficial o sucesso da grande festa. “O melhor carnaval dos últimos dez anos!” disse ele festejando o bom feedback dos recifenses. Uma festa tranquila, bem arranjada, com pólos ecléticos e nomes de peso no cenário musical. Há mesmo motivos para se comemorar.
Não muito longe dali, na Torre Malakoff, os convidados do governador apreciavam o buffet e shows particulares, abertos esta noite por Rogério Rangel. Eduardo Campos, entretanto, não apareceu por lá, tendo esticado a permanência no Rio.
Na hora de voltar para casa, mais uma vez, os foliões de pés cansados tiveram que forçar um pouco a resistência e caminhar em busca de táxis. Apesar do local estar menos tumultuado do que na noite de ontem e ainda sem chuva, a tarefa não foi tão fácil como deveria. O trânsito logo formou-se, levando muita gente a arriscar uma jornada a pé de volta para casa.