Poder, política e Chandon no Recife

Janguiê cochicha com João da Costa e Maurício Rands é paparicado - Foto: fernanda Guerra/Diário de Pernambuco

A sucessão no Recife virou um Fla x Flu impensável há dez dias atrás. Basta dizer que não se fala em outra coisa a não ser a pergunta que não quer calar: João da Costa ou Maurício Rands (ambos do PT) disputará a prefeitura do Recife pelo PT? A pergunta só varia nesse quesito: Rands é o candidato do governador Eduardo Campos? Por partes: a primeira resposta é mais voluntariosa e ainda tem tempo de jogo. A segunda, é fácil. O advogado Maurício Rands, deputado federal licenciado e secretário de Governo de Eduardo é, sim, o candidato do governador. E isso quer dizer muita coisa. No bastidor, Eduardo acha que Maurício Rands tem o “viço” e a “animação” que um candidato precisa. Mais: tem o preparo de um gestor moderno. Primo de segundo grau da primeira-dama Renata Campos, é ainda familiar ao governador. Para completar, Eduardo quer chegar em 2014 com a aprovação estupenda que tem hoje, perto dos 90%, e acha que não pode se descuidar do Recife, onde um aliado seu, o prefeito João da Costa, amarga baixa popularidade. Acha que a fatura cairá na sua mesa se deixar como está.

A paradisíaca mansão de Lilia santos em Nova Cruz - Crédito: Annaclarice Almeida/DP/DA Press

O fato novo deixou a oposição paralisada. Se o candidato for João da Costa é um cenário. Se for Maurício, é outro. O assunto ganhou ares de novela, se popularizou e saiu das rodinhas políticas. Ganhou espaço nos cenários luxuosos do Recife, sábado. Como na paradisíaca casa das empresárias do ramo da moda Lília e Juliana Santos, em Nova Cruz, Litoral Norte de Pernambuco (na foto acima). Menos políticos e mais colunáveis estavam lá, é verdade. Mas aí é que você mede a popularidade do clássico Rands x Costa.

Moet Chandon Ice - Foto: Cecília Ramos/Diário de Pernambuco

De políticos lá só o deputado federal Augusto Coutinho (DEM), cunhado do prefeiturável Mendonça Filho (DEM). Coutinho comentava, entre uma Moet Chandon e outra, que a oposição devia “aproveitar melhor a desarrumação” dos petistas.  Mas não. A oposição aguarda Raul Henry (PMDB), nome de Jarbas Vasconcelos, que pediu tempo. Até meados de abril, dará a reposta. Raulzinho, como até Eduardo Campos chama, tenta viabilizar-se. Leia-se: conseguir estrutura (verba e apoio) do seu partido. Danilo Mendonça, irmão de Mendoncinha, falava na festa que essa “é a hora do irmão”.

João Marinho e a namorada Dani Moraes - Credito: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press

Já o empresário João Marinho diz que “esse negócio de política” (partidária e eleitoral) não é com ele. “Faço política só socialmente. Recebo bem pessoas que não gosto. Procuro ajudar. Já me convidaram para disputar eleição, mas tô fora”, despistava João Marinho, com sua taça de Chandon Ice. “Não votei em Eduardo. Sou amigo de Mendoncinha. Estudamos juntos. Mas acho Eduardo Campos um gênio”, emendou. Outro empresário, Sérgio Miranda, do ramo imobiliário, queria saber quem era o candidato do governador. “E vão tirar João da Costa mesmo?”. Sérgio era alvo de brincadeiras dos amigos porque chegou na mansão de “Dona Lília” (como todos chamam) numa tremenda lancha. Mas estava interessado mesmo em saber quem ia comandar a cidade onde ele tem negócios.

Prefeito de Jaboatão, Elias Gomes, Janguiê Diniz e o presidente do TJPE, Jovaldo Nunes

Na outra ponta, na Avenida Boa Viagem, mais política & luxo. O poderoso empresário do ramo educacional Janguiê Diniz reunia a nata da política (com cargo e poder). Só Eduardo Campos preferiu um recolhimento estratégico. Foi poupado de achaques. Rands e João da Costa se esbarraram rapidamente. Nas fotos, Rands é só sorrisos.  Mas é claro que não se deve esperar dos dois abraços e afagos. “Falei com Rands depois da festa e ele me disse que não teve nenhum estranhamento com João. O prefeito também me disse o mesmo”, relatou ao blog André Campos, há pouco. Rands confirmou. “Não teve estranhamento. Agora é claro que o clima no PT está tenso. Falei para João (na casa de Janguiê) que não quero o mal dele. João reclamou que a discussão do PT está nos jornais. E tem como ser diferente?”, rebate Rands. André Campos, que de secretário de Turismo do Recife tornou-se o fiel aliado de João da Costa, avisa: “Rands espera que convençam João a sair da disputa. Mas isso não vai acontecer. Os dois estão dispostos a irem para as prévias. Mas muita água vai rolar. Vamos ver o que dirá Lula”, completa André.

João da Costa e Eduardo Campos - Foto: Larissa Lins/DP/DA Press

Agora vamos aos fatos. João da Costa zarpou, hoje, para São Paulo. Fará check-up no mesmo hospital onde enfrentou um transplante de rim, há quase dois anos.
Fica lá até terça ou quarta. Espera-se também que ele se encontre com o “dono” do PT, o ex-presidente Lula. Hoje, Lula oferece um jantar a Eduardo Campos em seu apartamento em São Bernardo do Campo. O prato principal é a eleição de São Paulo. Eduardo vai dizer a Lula que o PSB terá candidato lá. É a saída para esquivar-se de apoiar Fernando Haddad (PT) ou José Serra (PSDB). Mas muitos apostam que Eduardo não conseguiria dizer um “não” ao padrinho Lula.

Lula, o fiel da balança - Crédito: Roberto Stuckert / Divulgação

Voltando ao Recife: Lula já sabe que Maurício Rands é o candidato de Eduardo, de Humberto Costa e companhia. Para esse grupo, João da Costa não criou as condições para ser o candidato da Frente Popular. E para Lula conta outra coisa. O ex-presidente acha Rands “fiel e preparado”, disse um político ao blog. “Lula não esquece a lealdade de Maurício, que foi para tribuna defender o governo dele (do ex-presidente) na época do Mensalão, na CPI dos Correios e PEC da Previdência”. Some-se a isso o fato de Rands ter trânsito em Brasília e ser o porta-voz de Eduardo em missões nacionais e internacionais.

Maurício Rands nos EUA com Eduardo Campos - Crédito: Carlos Percol/SEI/Divulgação

Maurício Rands estava “na moita”, como disse um petista, e foi alçado a candidato há uma semana. Mas seu nome vem sendo sondado há léguas de distância, inclusive nas tantas viagens internacionais que ele faz junto com o governador e longe da imprensa. Alçado a candidato, Rands está feito criança em parque de diversão. Cordato, agradável, risonho. Adjetivos sinônimos de Rands. Mas a sua conhecida empolgação é também alvo de críticas. Quem está na torcida de João, assegura que não vai ser fácil arrancar o prefeito da sua cadeira. Se o PT for para prévias, são 32 mil filiados. De um lado, João da Costa com a máquina. Do outro, Rands com a perspectiva de poder. Mas enquanto o juiz Lula não apita, Maurício Rands curte. Tem sido muito festejado e apoiado. “Hoje fui correr na praia (Boa Viagem) e as pessoas me pararam para me apoiar, me incentivar a disputar. E vou para o jogo do Náutico (daqui a pouco nos Aflitos). Estou gostando muito do que estou vendo na rua”, diz Rands, empolgado.

Ministro do TCU, José Múcio entrou no debate da sucessão no Recife - Foto: Diário de Pernambuco

A semana: Rands contou ao blog que Humberto Costa ficou de falar com o presidente Nacional do PT, Rui Falcão. “Se Rui não vier ao Recife, vamos a São Paulo”. João da Costa já está lá. Eduardo Campos chega hoje à noite. Na segunda e terça-feira, o governador cumpre agenda em Brasília. O “dia D” para os petistas é sexta-feira (30), quando deverão dizer ao partido se haverá ou não prévias.

Luciana Felix e Renato L - Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

No Recife, aguardam-se novas defecções da prefeitura. Após a saída do secretário de Assuntos Jurídicos, Cláudio Ferreira (cunhado de Rands), é esperada a saída voluntária do secretário de Saúde, Gustavo Couto, muito amigo de Humberto, e de Luciana Félix (Fundação de Cultura) e Renato L (secretário de Cultura). Outro personagem que enrou no debate da sucessão no recife foi o ministro José Múcio Monteiro. De perfil agregador e muito jeitoso, Múcio tem saído na imprensa como possível nome de Eduardo para a sucessão estadual em 2014. O governador e José Múcio voltaram a se falar no fim de semana, pessoalmente. Bem longe dos holofotes da imprensa.

Armando Monteiro Neto - Divulgação

O senador Armando Monteiro Neto, “dono” do PTB estadual, está focado em 2014. Portanto, vai tentar marchar com Eduardo o quanto puder. Já sinalizou que “Rands agrega”. Mas as apostas no bastidor dão conta de que Armando romperá ocm o governador até lá. Já o ex-prefeito João Paulo precisa ser monitorado. Ainda não anunciou sua posição com a entrada de Rands no jogo, pois nutre a esperança de ser o candidato. Possibilidade remotíssima, dizem. E a novela segue.

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