A paternidade pelos pincéis de José Cláudio
Casado
Maria Júlia, que já foi a princesinha da casa, vive no exterior há mais de 20 anos. Ela deixou o Brasil para concluir seus estudos no exterior e formou-se na Universidade de Waco. Hoje em dia, vive no Texas e ensina música para estudantes da universidade de San Antonio. Por lá, Maria Júlia construiu uma vida e teve uma filha, chamada Juliana. Esta neta de José Cláudio já se formou em Letras e está cursando pós-graduação nos EUA. Nas férias, as duas sempre vêm a Pernambuco visitar a família. “Nós nos falamos constantemente pelo telefone”, diz José Cláudio. E quando perguntado sobre a saudade, confessa: “A gente vai se adaptando à ausência, mas quando a Maria Júlia nos visita, a felicidade é sempre muito grande”.
Já Mané Tatu, que vive em Olinda próximo ao pai, seguiu o caminho das artes e debate de homem pra homem as técnicas e inspirações que movem suas obras. Segundo José Cláudio, o filho teceu sozinho o seu caminho como pintor. “Só fiquei sabendo depois que ele já estava fazendo sucesso”, comenta o pai. E se ele teve alguma influência nas produções de Mané? “Creio que seja possível, mas cada um de nós tem sua preferência e seu estilo”, afirma. Embora os dois nunca tenham pintado juntos, se visitam e batem papo sobre o assunto diariamente. Mané deu duas netas a José Cláudio: Natália, que estuda Direito Internacional na Espanha, e Emília, que estuda Relações Internaconais no Recife.
Embora ambos estejam diretamente ligados ao meio artístico, José Cláudio nunca pressionou os filhos a seguirem rumos semelhantes aos seus. Mas se confessa feliz que tenham escolhido a música e a pintura como suas opções profissionais. “Acho que eles são felizes com o que estão fazendo, e isso é que é o mais importante de tudo”, pontua. E essa filosofia vem sem esforço, naturalmente, enquanto ele contempla seus quadros e as inúmeras estantes de livros da esposa ao seu redor. Com a mesma naturalidade, o pensamento vem sendo transmitido de geração a geração.
Quanto ao próximo domingo, José Cláudio admite que a família não se vincula com tanta rigidez às datas comemorativas. A maioria delas lhe parece um apelo comercial, mas uma visita do filho e um telefonema da filha são sempre bem vindos, independente do calendário. Com a rotina de pintar suas telas desde o amanhecer até a tardinha, José Cláudio mantém o hábito mesmo em dias festivos. O interessante é que o destino dos quadros muitas vezes é a casa da filha, Maria Júlia, no Texas. Alguns também vão para Mané Tatu. E nas paredes do ateliê de José Cláudio, muitas pinturas dos filhos, desde a infância. É a arte desafiando o tempo e a distância, e a saudade ganhando vida com os pincéis.