BBB foi experiência de amadurecimento para Aslan Cabral

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Aslan Cabral - Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

O título de ex-BBB é muito pouco para apresentar o pernambucano Aslan Cabral. Artista plástico, produtor cultural, ativista social: um entusiasta. Enquadrá-lo em um perfil não é das tarefas mais fáceis. Alvinho, como é conhecido, participou da 13ª edição do programa, fato que lhe rendeu muito amadurecimento, autoconhecimento e muitas outras coisas que ele nos contou, a mim e ao fotógrafo Nando Chiappetta, durante conversa no seu local de trabalho, um espaço colaborativo localizado no Edifício Pernambuco, na Dantas Barreto, coração do Recife.

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

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Um ano depois do BBB 13, Aslan calcula o saldo positivo do programa e toca a vida como antes: fazendo arte e promovendo eventos culturais. Aos 34 anos, ele está cheio de novos projetos e prestes a consolidar a união, que já dura seis anos, com o médico Arthur Aguiar.

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

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Uma oportunidade de novas descobertas, foi essa a visão do artista sobre o BBB mesmo antes de entrar na casa. Ele não enviou vídeo, apesar de amigos sempre incentivarem. Foi convidado pela produção via email e, de início, achou que era trote. Para a surpresa de Aslan, ele era mesmo um dos selecionados para disputar vaga no reality show.  No que chamam de Cadeira Elétrica, que é quando o participante é entrevistado pelos produtores do programa, veio a ideia de apresentá-lo como Alvinho, mas ele preferiu ser conhecido pelo seu nome, Aslan, como ele começou a ser chamado só quando tinha 2 anos de idade. “Eu nasci em 1980, mas minha mãe só me registrou em 82. Ela leu As Crônicas de Nárnia e achou interessante a história do leão, então me deu esse nome”, conta.

Crédito: TV Globo/Divulgação

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Até aquele momento, no entanto, nada era muito certo sobre a entrada no reality. “Eu não participei das seletivas regionais, fui logo para o Rio. Lá, eu nem sabia, mas já estava a caminho do confinamento, que eu só descobri quando estava no hotel há três dias, e o Boninho veio falar comigo. Então, eu perguntei: quando o Recife vai saber que eu vou entrar? E o produtor do programa respondeu: O Recife? O Brasil todo já sabe que você é um dos participantes”, lembra.

Crédito: TV Globo/Divulgação

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Antes de sair de casa para o confinamento no hotel, no entanto, figurou, ao lado do noivo, uma cena que jamais será esquecida. Quando se despediram, deram um selinho, o primeiro entre um casal homossexual a ser exibido na TV Globo. O fato estampou muitos veículos de comunicação e, sem dúvida, foi a consolidação, em rede nacional, do que há muito tempo já se discutia: a igualdade.

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Mais do que uma experiência de superexposição, o BBB foi uma porta para que Alvinho se consolidasse como pessoa e, sobretudo, como artista. Ele aproveitou o que, para muitos, é superficial e de pouco sentido, para mergulhar tão profundamente em si que, disse, chegou até a dar medo. “O barulho interior que você tem dentro de um confinamento desse, principalmente porque é todo mundo muito diferente, e as reflexões que você faz sobre você e sobre os outros, e como sua imagem vai ser editada beira a esquizofrenia. Passar por um processo desse e não entrar em um processo denso de análise do meu papel crítico, artístico, social, seria negar tudo o que eu fiz até o momento do programa”, enfatiza.

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Dentro da casa, Aslan fez muitos amigos, embora se sentisse muito diferente de todo mundo. Foi eliminado depois de três semanas, período em que se sentiu “fora de órbita”. “Nunca fui a outro planeta, mas imagino que a sensação é a mesma”, afirma. O momento em que o fez voltar ao mundo real foi quando assistiu, durante o cinema do líder, ao filme Filhos do Holocausto, o primeiro de Pedro Bial. “O que me fez voltar às minhas origens direto foi uma coisa que nem sempre a gente tinha ali dentro, que era um material de conteúdo significante para a história do Brasil, que é o filme de Pedro Bial, que falava de Jorge Mautner, e ninguém ali o conhecia. Quando eu vi aquele filme, eu pensei assim: é isso, é daí que eu venho”, falou.

Aslan disputou paredão com Marcello - Crédito: TV Globo/Divulgação

Aslan disputou paredão com Marcello – Crédito: TV Globo/Divulgação

“Eu estava no paredão e, naquele momento, eu tinha uma crise muito grande, porque, como eu já estava ali há três semanas, você acredita que a sua vida é só aquilo, e a experiência do paredão é como se fosse realmente uma morte”, continuou. Quando o filme acabou, Aslan, que já achava que sairia, usou aquela plataforma em total sincronia com o que fazia fora dela. Pediu para que as meninas pegassem seus batons e riscassem corações no seu corpo.

Crédito: TV Globo/Divulgação

Crédito: TV Globo/Divulgação

Uma das coisas que o incomodava quando ele estava dentro da casa era o fato de cada participante só pensar em si. “Se todo mundo fosse almoçar e uma pessoa estivesse no quarto, perigava ela ficar sem comida”, lembra, ainda com indignação. A harmonia coletiva não acontecia naturalmente pelo simples fato de todos terem o mesmo objetivo na disputa: ganhar. O uso do banheiro era outra coisa que não deixava o pernambucano muito confortável. “Eram 14 pessoas usando um mesmo banheiro. Era um cubículo que só cheirava a bom ar, já que todos usavam, e vigiado por câmera”, conta. Não poder fazer coisas básicas como trancar uma porta ou acender uma luz deixava o local ainda com mais ar de cenário, não de casa, segundo Aslan.

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Entre as coisas de que mais gostou enquanto estava confinado estão os shows de Gaby Amarantos e Barão Vermelho. Algumas amizades que fez dentro do BBB ficaram até hoje, a exemplo de Natália, Fani, Nasser e Marien . Com Aline, que saiu no primeiro paredão, a relação é ainda mais estreita. Recentemente, ela esteve no Recife para a comemoração do aniversário do amigo.

Crédito: TV Globo/Divulgação

Crédito: TV Globo/Divulgação

Logo quando foi ao aeroporto depois de sair do BBB, o assédio foi enorme, muita gente pedia para tirar foto, ou nem pedia, e falava. Tudo foi muito novo para Aslan, que ficou um pouco assustado com as reações do público. Muito pé no chão, o recifense não ficou deslumbrado com a fama. Antes do programa, era destaque na cena cultural da cidade, continua sendo, mas, obviamente, não deixou de aproveitar o que o sucesso nacional temporário ofereceu: participou de desfiles e fez presenças VIPs.

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

Hoje em dia, além de se ocupar com sua arte, Aslan comanda a festa Tropical Absurdo na boate Metrópole e a Charqueattack, que acontece uma vez por mês na praia de Boa Viagem. Já trabalha, também, ao lado de uma amiga, no projeto de uma assessoria para artistas que deve ser lançada daqui a alguns meses. Em setembro, vai oficializar a união que tem com o noivo, Arthur, em cerimônia pequena, apenas para os mais íntimos.

Author: Gabriella Autran

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