Um oportuno comentário sobre Dunga
Crédito: Reprodução/CBF TV
Oportuno este comentário de Fábio Sormani sobre Dunga. Vale a pena ler:
“O que eu gostaria de discutir é: o que Dunga vai fazer com o futebol brasileiro? Que tipo de futebol ele pretende implantar na seleção? Na coletiva no Rio, ele mostrou-se desatento ao que aconteceu na Copa do Mundo. Além de trocar nomes de jogadores e treinadores, afirmou que o Chile foi o único selecionado que jogou ofensivamente. Segundo Dunga, as demais equipes (inclusive a brasileira) jogaram se defendendo, sempre atrás da linha do meio-campo e em algumas situações atrás da linha da bola. Não é verdade. Dunga confunde defender com ser retranqueiro. O que as seleções fizeram, quando não tinha a posse de bola, foi defender-se. Mas de posse de bola, sabiam atacar e o repertório não era pequeno.
O Brasil de Dunga, em seu ciclo visando a Copa da África do Sul, aquele Brasil era um Brasil retranqueiro, que praticava um futebol de resultado, desprezando e desrespeitando a característica do nosso futebol: a qualidade de seu jogo. O Brasil de Dunga postava-se atrás, protegendo-se. E quando atacava, invariavelmente era no contra-ataque. Isso é postura de time pequeno. E o Brasil nas mãos de Dunga jogou como time pequeno. Eu não gosto disso. Gosto de posse de bola e repertório ofensivo variado. O que as seleções fizeram nesta Copa do Mundo foi defender-se fatiando o gramado. Compactaram-se e encurtaram o campo.
Criou-se a figura do goleiro-líbero, a grande novidade deste Mundial. Mas, volto a dizer, com a posse de bola, os selecionados sabiam o que fazer. Ultrapassavam o meio-campo com até dez jogadores e no campo adversário apresentaram grande repertório. Como é obcecado por defesa (e aí eu divirjo de Dunga), nosso treinador só teve olhos para as linhas que se formaram diante dos goleiros. O futebol é muito mais do que isso. E isso me preocupa muito mais do que o relacionamento com a mídia. Não que uma coisa exclua a outra, é claro.”
