A abertura da Fliporto 2014
Lya Luft e Vicente de Britto Pereira são casados e dividem a paixão pela escrita, mas nada de conversas muito demoradas no dia a dia sobre o que cada um anda escrevendo. Os dois cultivam a arte de escrever de um modo bem particular e intimista. O casal foi convidado para participar da abertura da Fliporto, na noite da última quinta-feira, no Mosteiro de São Bento, em Olinda. Neste ano, a Festa Literária Internacional de Pernambuco vem com o tema “Literatura é coisa de cinema” e presta homenagem a Ariano Suassuna.
A jornalista Leda Nagle foi quem mediou a conversa, que também contou com a colaboração do público. Vicente, que já tinha o hábito de escrever mas nunca havia se aventurado em um livro, resolveu dar início a esta nova etapa da sua vida e lançou, no ano passado, o livro Ensaios sobre a embriaguez, onde ele se desbruça sobre as causas e histórico da dependência alcoólica.
Aos 76 anos, Lya é escritora renomada, já lançou livros de prosa, poesia, é colunista quinzenal de uma famosa revista e, atualmente, dedica parte do seu tempo a um novo hobby: a pintura. É na parte de cima da sua cobertura que a escritora costuma dar espaço a esta sua nova forma de expressão, a qual ela classifica como um pouco impressionista.
Entre uma pergunta e outra, fosse do público ou de Leda, o casal falou das suas obras. Por estar na área há mais tempo, Lya foi o alvo da maioria das perguntas. Falou sobre velhice, consumo e processo de produção. Quando indagada sobre se é bom envelhecer, respondeu: “Não sei se é bom. É natural. A vida é feita de ciclos. Cada fase tem seus encantos. É bom estar vivo”. E continuou dizendo que muita gente chega à terceira idade sem alegria e gentileza, o que dificulta ainda mais o processo de envelhecimento. “A gente vai se construindo até o último suspiro. Enquanto estou viva, eu estou construindo”, reforçou.
Ao falar da sua rotina de produção, Lya explicou: “Eu não tenho muito horário, eu não sou muito organizada. Eu sou boa de manhã, mais inteligente, mais produtiva. À tarde, eu vou ficando mais preguiçosa. À noite, não trabalho nunca”. O que dita o seu ritmo é o livro que quer ser escrito, e ela segue o compasso, mesmo que, em alguns dias, prefira deixar de lado a escrita e aproveitar outras atividades. “Você sempre tem novos desafios, basta abrir os olhos”, enfatizou.

Marcelo Canuto, Ana Luiza, Paulo Camara, Renildo Calheiros e Antônio Campos – Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Enquanto os convidados falavam, os prestigiavam, na primeira fila, o governador eleito de Pernambuco, Paulo Câmara,acompanhado da esposa, Ana Luiza, o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, o curador geral do evento, Antônio Campos, e o secretário de cultura do estado, Marcelo Canuto. Circularam por lá, também, importantes nomes da literatura pernambucana, a exemplo de Raimundo Carrero, que encontrou o amigo Xico Sá.




