Um vinho com grife nordestina no Douro

JCPM com o repórter de O Publico

JCPM com o enologo Dirk Niepoort

 

O jornal português O Público publicou ontem matéria sobre a vinícola Maria Izabel:

“ João Carlos Paes Mendonça, empresário do Nordeste do Brasil, foi ao Douro, comprou uma quinta e decidiu torná-la no palco de um projecto de autor. Ele gosta de se instalar num terraço da casa e olhar uma parte da sua quinta que se estende encosta abaixo e o troço do rio Douro que corre lá ao fundo. Ele  encontra ali uma espécie de lado B da sua vida empresarial. O Douro e a sua Quinta Maria Izabel “não podem dar prejuízo” porque, sublinha, “o troféu do empresário é o lucro”, mas o enorme investimento que Paes Mendonça fez é para ele mais um gesto “de emoção”, “de prazer” com o qual espera diluir a pressão dos negócios que mantém no Brasil.

O caso de Paes Mendonça com o Douro é fulminante. Um dia ouve falar do Douro no restaurante Solar dos Presuntos, em Lisboa, e quer ir ver o vale com os seus próprios olhos. “Fiquei encantado”, recorda. Depois, num outro restaurante, o DOC, pergunta com displicência sobre se havia quintas à venda naquela zona. Havia. Pelo menos uma que ficava a cinco quilómetros daquele local. No dia 23 de Abril de 2012 vai à procura da então chamada Quinta da Fonte do Toiro. Gostou do que viu e, por mais de uma vez, voltou a namorar a propriedade. Poucas semanas mais tarde adquiriu-a. Mais por impulso do que em resultado de uma reflexão profunda, o empresário viu-se dono de uma quinta com 135 hectares (uma área enorme para a média do Douro), dos quais 70 hectares são vinha e 15 olival.

Vinhedo no Douro

Vinhedo no Douro

Mandar refazer a casa, erguer novos muros, refazer a estrada ou plantar aciprestes não era para o empresário uma dificuldade de maior. Fazer vinho de classe, era. A quinta seria rebaptizada com o nome de Maria Izabel (“com ‘z’, que tem mais impacte”), a parte da viticultura seria entregue à supervisão do consagrado Nuno Magalhães, Gabriela Canossa seria a enóloga residente e Dirk tinha mãos livres para desenvolver ali um projecto de autor.

Vinho branco/Divulgação

Vinho branco/Divulgação

A Quinta Maria Izabel, um nome pensado “para homenagear as mulheres portuguesas e brasileiras” que invoca a herança da imperatriz que mandou publicar a Lei Áurea que em 1888 iniciou o fim da escravidão, é hoje uma propriedade modelar. A quinta tem sete hectares de vinhas velhas e 23 hectares com plantações de há 25 anos, a base da produção para os próximos anos. “Ser diferente não se consegue à primeira. Demora tempo”, diz o Dirk Niepoort, um famoso enólogo português que participa ro projeto. “Temos por isso de fazer as coisas de cima para baixo. Primeiro vamos fazer vinhos de terroir e perceber depois até onde podemos ir”, acrescenta. Ao seu lado, Paes Mendonça concorda: “Queremos qualidade e não quantidade, não vamos ser um grande produtor. Não temos pressa”, avisa.

 

Author: João Alberto

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