Entrevista com a médica Mirela Ávila sobre câncer de mama

A médica radiologista Mirela Ávila é a entrevistada da semana na seção Bate-Bola da Coluna João Alberto. Durante o Outubro Rosa, a médica reforça os cuidados que se deve ter com a prevenção e tratamento do câncer de mama, além de explicar mais sobre o autoexame.

Mirela Ávila - Crédito: Ademar Filho/Divulgação

Mirela Ávila – Crédito: Ademar Filho/Divulgação

– Quais os sinais e sintomas do câncer de mama?
Os sinais clínicos que podem ser observados são retrações na pele e no mamilo, coloração diferente, com feridas no mamilo, secreção e nódulos. O problema é que na maioria das vezes, esses sinais já significam uma doença em estágio avançado.

– Como deve ser feito e qual a importância do autoexame?
O autoexame é uma das principais armas contra o câncer, já que a mulher conhece seu corpo. Não existe um padrão de mamas, então cada mulher pode saber se existe alguma coisa que não é normal, para ela. Nas mulheres que menstruam, o autoexame deve ser feito logo após o início do ciclo menstrual, nos primeiros dez dias. Para as que não menstruam, elas devem escolher uma semana específica todo mês para fazê-lo.

– A partir de que idade devem ser feitos os exames de prevenção?
As mulheres mais jovens geralmente fazem ultrassom, porque têm uma mama mais densa, com mais glândulas, o que dificulta a imagem nas mamografias. Já a partir dos 35 a 40 anos deve ser feita a primeira mamografia, caso tenham um risco normal de desenvolver a doença, ou seja, sem fatores de risco. As mulheres que têm um risco maior, como histórico na família ou lesões anteriores devem fazer mais cedo. Por exemplo, se sua mãe teve câncer aos 40 anos, você deve fazer a primeira mamografia aos 30.

Imagem ilustrativa - Crédito: Reprodução da internet

Imagem ilustrativa – Crédito: Reprodução da internet

– Alguns médicos estão observando um aumento no número de casos em mulheres mais jovens. Há uma explicação?
As mulheres abaixo dos 45 anos não têm direito a mamografia pelo SUS. Assim, muitos cânceres ficam sem diagnóstico. Ainda não existe uma resposta para o aumento nos casos, pode ser apenas um maior número de doenças descobertas ou fatores ambientais, mas não há estudos sobre isso ainda.

– Quais as formas de prevenção?
Infelizmente, não existem estudos que comprovam que algo possa impedir o aparecimento do câncer de mama. Claro que manter uma vida saudável e ativa, não fumar e beber podem ajudar na prevenção de vários tipos câncer, não só o de mama. E o acompanhamento com exames de imagem é imprescindível. A mamografia é a única que comprovadamente diminui a mortalidade, porque é capaz de ver lesões bem no início da doença. Devem ser feitos com regularidade.

Imagem ilustrativa - Crédito: Divulgação/Reprodução da internet

Imagem ilustrativa – Crédito: Divulgação/Reprodução da internet

– E quais os fatores de risco?
Mulheres que não amamentaram, as que tiveram o primeiro filho depois dos 30 anos e as que têm histórico na família têm um risco maior de desenvolver a doença. Obesidade, tabagismo e consumo de álcool também podem aumentar o risco.

– Quais as chances de cura do câncer?
Existem vários tipos de câncer de mama, a maioria deles é menos agressivo. Caso seja descoberto cedo, com até 6 meses do desenvolvimento da doença, existe mais de 90% de chance de cura. Infelizmente, nas mulheres abaixo dos 35 anos, geralmente eles são mais agressivos, porque provavelmente já existe uma mutação genética, e os tumores têm uma biologia mais agressiva.

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