“Sílvio Santos vem aí”: a bonita e merecida exposição que homenageia um dos principais comunicadores do país
Cresci ouvindo a minha mãe dizer que a melhor homenagem é aquela que se presta em vida. E atestei isso, na última semana, quando passeava pela exposição Silvio Santos vem aí, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. No local, foi “montada” em dois andares a história do empresário que marcou a história da comunicação no Brasil através de mais de 400 itens que incluem vídeos, áudios, fotos, jornais, revistas e documentos inéditos sobre o empresário. Dá um sabor especial ao espectador em saber que ele próprio esteve ali, conferindo o quão a sua vida e trajetória profissional renderam louros ao país.
Aliás, é o próprio Senor Abravanel – nome de registro de Silvio Santos – quem “recepciona” o público logo na entrada do museu através da projeção de sua imagem em realidade aumentada. Faz um breve resumo de sua trajetória e termina dizendo: “Espero que gostem e que não seja uma perda de tempo”. E, com certeza, não é.

Reprodução do cenário do famoso Qual é a Música, onde é possível girar a roleta e tentar a acertar qual é o cantor e a canção. Crédito: Tatiana Sotero / DP

Domingo no Parque, um dos espaços mais concorridos, onde o espectador pode entrar no foguete do sim ou não. “Troca uma bicicleta por uma banana? Simmmmm”. Crédito: Tatiana Sotero / DP
A exposição é construída como uma linha do tempo da vida de Silvio, dividida em 30 áreas. A primeira mostra a Cinelândia, local preferido do comunicador em sua infância, onde ele fazia várias artimanhas para entrar sem pagar com o seu irmão mais novo Leo. Daí em diante, passeia pela história do rádio e da televisão do Brasil, que teve, em ambos, Sílvio Santos como um dos seus principais expoentes.
Por lá, o visitante confere os áudios dos primeiros programas de rádio em locuções gravadas da época, pode tirar foto com o famoso microfone de Silvio e conferir revistas, jornais e artigos que narravam o progresso da carreira do empresário. Ponto alto vai para as réplicas de programas famosos do apresentador. Entre eles o Qual é a Música, onde o participante pode girar a roleta e ouvir a célebre frase de Silvio falando: “E então, de quem é esta voz?”, seguindo pela música que tem que ser adivinhada pelo público. Dá para girar o peão da Casa Própria; brincar no Roletrando; sentar na cadeira do Boa Noite, Cinderela; entrar no cenário do Domingo no parque e no foguete do Sim ou Não, além de ver a famosa Porta da Esperança.
Pelo chão do MIS, o visitante confere QR Codes onde é possível acessar áudios de pessoas marcantes na trajetória de Silvio. Tem também depoimentos de artistas que surgiram e cresceram com o SBT, a exemplo de Sérgio Malandro, Carlos Alberto Nóbrega, Eliane, dentre tantos outros. A sensação é que o MIS – que recebe a mostra e também é responsável por organizá-la – usou de todos os recursos tecnológicos possíveis hoje em dia para tornar a mostra mais interativa, bonita e interessante aos olhos do público: desde os que acompanharam de pequenos os programas de Sílvio, como eu, até os que conheceram o trabalho dele depois de se tornar um gigante da comunicação.
O passeio pela mostra nos leva a concluir que, embora não tenha nascido em berço de ouro – como dizem por aí – o garoto do bairro carioca da Lapa, sempre esteve “fadado” ao sucesso. Desde quando se destacou pela forma como vendia produtos no camelô (detalhe: as peças eram compradas de outro camelô e revendidas, já que não tinha como investir na aquisição dos produtos), passando pela criação de uma “rádio” nas embarcações que faziam a travessia entre o Rio e Niterói, animando os passageiros e vendendo produtos. Em suma, ele tinha a visão do “bom negócio” e o dom do lendário rei grego Midas, que tinha o poder de transformar tudo o que tocava em ouro. E isso está bem representado na exposição que, por sorte, Sílvio teve o justo prazer de presenciar e conferir.
Sílvio Santos vem aí tem curadoria de André Sturm e segue em cartaz até o dia 12 de março. Custa R$ 12 inteira e R$ 6 meia. Funciona de terça a sexta das 11h às 20h; sábado das 10h às 21h e nos domingos e feriados das 10h às 19h. A bilheteria abre uma hora antes da visitação.









