Costanza Pascolato sobre a moda: “O essencial é saber quem você é”

Costanza Pascolato prestigia jantar armado por Juliana Santos em torno da Vogue Brasil - Crédito: Juliana Knobel/Divulgação

Costanza Pascolato – Crédito: Juliana Knobel/Divulgação

Seu estilo é inconfundível: calça capri e camiseta em tons de preto e branco, casaco ou blazer, um sapato baixo e uma pequena bolsa à tira-colo, acompanhados dos cabelos presos, delineado nos olhos e os grandes óculos escuros em degradê. Aos 77 anos, Costanza Pascolato é um dos nomes mais conhecidos e reconhecidos da moda brasileira, tendo ganho o título de “papisa da moda”.

Nascida na Itália com o nome completo de Costanza Maria Teresa Ida Clotilde Pallavicini Pascolato, sua história com a moda começou com seu pai, Michele Pascolato, que fundou uma fábrica de tecidos em 1948, a Santaconstancia, onde trabalha até hoje. A família chegou ao Brasil fugindo da Segunda Guerra Mundial e se estabeleceu em São Paulo. Nos anos 1970, após o fim do primeiro casamento, Costanza começou sua carreira como editora e consultora da revista Cláudia, onde trabalhou durante 17 anos.

Costanza Pascolato -Crédito: Consueloblog.com/Reprodução da Internet.

Costanza Pascolato -Crédito: Consueloblog.com/Reprodução da Internet.

A consultora e empresária foi casada três vezes e tem duas filhas Consuelo – que também é blogueira e consultora de moda – e Alessandra, além de um casal de netos. O grande anel de caveira que Costanza usa, inclusive, foi presente do neto Cosimo.

Com uma rotina de trabalho intensa, Costanza demora duas horas para se arrumar todos os dias. Já escreveu três livros, o primeiro O Essencial, lançado em 1999, foi reeditado há três anos, atualizando a publicação para a era da internet e das redes sociais. “Na moda, tal qual na vida, o essencial é saber quem você é para decidir, seja a partir de valores pessoais ou de roupas, como você quer se colocar no mundo”, afirma Costanza. Em entrevista para o Blog João Alberto, a “papisa da moda” falou de suas impressões com a moda atual, tendências e o que é imprescindível para não se tornar uma “vítima” da moda.

Qual a importância que a moda tem em nosso dia a dia?
É uma importância vital. Principalmente, porque com a vida digital e o excesso de imagens que ela produz, a moda se consolida como a mais legítima expressão de personalidade e de liberdade que alguém pode ter, desejar ou conquistar.

Seu novo livro se chama O Essencial. Para você, o que seria  essencial na moda?
O Essencial é uma reedição, lançada há três anos do livro que publiquei originalmente no final da década de 1990. A ideia era atualizá-lo, levando em conta a importância crescente e determinante da internet e dos novos tempos digitais na moda e na vida. Além de darmos uma “cara nova” ao livro, com uma linguagem visual mais adequada aos tempos atuais, acrescentamos conteúdo e mantivemos questões intemporais relacionadas à maneira como nos vestimos ou como lidamos com nossa aparência. Na moda, tal qual na vida, o essencial é saber quem você é – ou pelo menos conhecer minimamente a sua própria personalidade – para decidir, seja a partir de valores pessoais ou de roupas, como você quer se colocar no mundo.

O que faz uma pessoa ser considerada “estilosa” nos dias de hoje?
A capacidade de expressar a própria personalidade sem invadir o espaço do outro e sem se perder nas incontáveis tentações e dispersões que promovem a confusão entre o que é vida real e o que é realidade virtual.

O que devemos fazer para não nos tornarmos vítimas de tendências passageiras?
Olhar sinceramente no espelho e entender que, apesar da avalanche de alternativas e da inédita democracia fashion, que libera tudo para todos, algumas coisas definitivamente não nos caem bem.

Crédito: Ali Karakas/Divulgação

Crédito: Ali Karakas/Divulgação

Como você enxerga o movimento da moda agênero?
Como uma consequência natural da maneira como as novas gerações lidam com a sexualidade e, de certa forma, com toda a ancestralidade das questões morais que permeiam a discussão sobre gêneros ao longo de séculos – ou de toda a história da humanidade, dependendo do ponto de vista. Essa diluição na rigidez do que é masculino/feminino há muito fascina a moda e agora ganha mais legitimidade pela atualidade e pelas transformações recentes sobre o tema.

A moda está bastante democrática e livre. Existe alguma peça ou combinação que você ainda acredita ser “proibida”?
Não. A moda nunca levou a sério o verbo proibir.

Como você avalia o papel das blogueiras de moda no universo fashion?
Antes autoras de blogs, autênticos diários virtuais, agora elas se transformaram no que chamamos ade “digital influencer” e há , sim, maneiras de se destacar, fornecendo opiniões, comportamentos e imagens que são desejados por outras pessoas. Os espaço da web e da vida digital são infinitos. De poucas palavras e propositalmente baseado, o Instagram é a vitrine, o “blog” do momento.

E as Instamodels, modelos que se tornaram famosas por causa das redes sociais?
 É um movimento típico da nossa época que inclui a autonomia para se comunicar – ou se exibir – e uma audiência que, anonimamente, faz entender que a notoriedade ainda é um valor/status muitíssimo cobiçado, agora via redes sociais.

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