“Temos quatro novos destinos para o estado”, disse o presidente da Azul, Antonoaldo Neves

Crédito: Emerson Souza/Divulgação

O presidente da Azul Linhas Aéreas, Antonoaldo Neves, falou sobre o hub da companhia no Nordeste, tarifas e as características dos passageiros pernambucanos em entrevista exclusiva ao Blog João Alberto – Crédito: Emerson Souza/Divulgação

Durante sua recente passagem por Fernando de Noronha, no último fim de semana, conversamos com Antonoaldo Neves, presidente da Azul Linhas Aéreas, que exerce o cargo com maestria há três anos. Ele desembarcou na ilha com a esposa Marianna e os filhos para participar da comemoração da Atalaia Receptivo – que atua há 25 anos na ilha -, incluindo jantar no Cacimba Bistrô e passeio na embarcação NAVI. Aproveitamos para bater um papo sobre o hub da companhia no Nordeste, tarifas e até mesmo as características dos passageiros pernambucanos.

Crédito: Divulgação/Azul Linhas Aéreas

Crédito: Divulgação/Azul Linhas Aéreas

Neves começou sua carreira na Odebrecht, acumula no currículo dez anos de experiência na McKinsey, onde foi sócio. Após o estudo da consultoria sobre o setor aéreo, ele foi nomeado pela Secretaria de Aviação Civil como membro do conselho da Infraero entre 2011 e 2012. Desde 2012, o empresário David Neeleman, fundador da Azul, acumulava os cargos de presidente e CEO da companhia, e hoje se divide entre Brasil e Estados Unidos. Confira o bate-papo exclusivo:

Como você avalia o período de um ano de hub da Azul no Recife?

Está um sucesso, estamos muito felizes. Temos, em média, 42 operações. Antes, tínhamos menos de 20. Virou um hub mesmo. Quando estive aqui há um ano atrás, eu dizia que não sabia se ia virar um hub de fato. Hoje, posso dizer que a Azul tem um hub no Recife. Hoje, aproximadamente 50% dos clientes que passam na Azul pelo Recife estão conectando. 

Está funcionando o hub, tanto que o voo para Orlando está indo superbem, com quatro saídas por semana e estamos avaliando se vamos mantê-los durante todo o ano. Ainda não está decidido, mas Orlando está tendo uma conectividade enorme. Tem gente vindo de Salvador, Maceió, João Pessoa, Fortaleza e até de São Paulo para pegar o voo no Recife. Felizmente, o acordo que a gente fez de ICMS com o governo foi um sucesso. Se provou realmente o que a gente falou que ia acontecer, então, no final a arrecadação aumenta, porque o turismo cresce e a arrecadação de outros tributos no próprio aeroporto também.

Quais os próximos destinos analisados com saída do Recife?

Estamos vendo isso o tempo inteiro. Jericoacoara já está na mídia (Leia aqui).Tem mais coisa que a gente está olhando, avaliando com o governo, mas não quero ficar especulando. Temos quatro novos destinos para o estado, sendo um deles para Serra Talhada.

Como você avalia as características dos passageiros pernambucanos?

Não dá para dizer que tem alguma peculiaridade. Metade dos nossos passageiros não é pernambucano. Está conectando de outros estados e isso que é a beleza do hub: ter conectividade. Com isso, a oferta aumenta e os preços caem. Estamos muito felizes, foi uma parceria com o Governo de Pernambuco acertadíssima.

Crédito: Julio Jacobina/DP

Crédito: Julio Jacobina/DP

Como é a parceria da Azul com a TAP?

A Azul é acionista da TAP. Estamos começando a fazer parcerias com a TAP e isso tem funcionado muito bem. Em breve, vocês vão ver mais parcerias com a TAP. Neste ano, a companhia cresceu 20% em relação ao ano passado. O mês de junho foi o recorde histórico de transporte da TAP. A parceria hoje passa por aviões. A gente mandou aviões para Portugal, agora estamos trazendo de volta aviões para Portugal. Essa quarta frequência que colocamos do Recife para Orlando só existe porque o avião que a gente tinha mandado para a TAP, conseguimos trazer de volta mais cedo, porque ele só ia voltar ano que vem. Então, a parceria foca em compras – compramos coisas juntos para poder reduzir o custo para a empresa -, e aviões.

Qual a taxa média de ocupação das aeronaves?

Essa é uma pergunta que ainda se faz muito, mas falar de taxa média sem falar de tarifa não faz muito sentido. Porque se eu quiser, dá para ter 100% de taxa de ocupação, é só abaixar muito a tarifa. Se eu quiser, dá para ter 50% de taxa de ocupação, é só subir muito a tarifa. A gente sempre busca trabalhar numa taxa de ocupação entre 78% e 82%, então trabalhamos na tarifa para que fique nessa taxa. Muitas vezes, na altíssima estação, a taxa de ocupação é de 100%. Isso na verdade é um resultado e não um objetivo. A gente não tem a taxa de ocupação como o principal objetivo da empresa, e sim, lucratividade. E aí com base nisso, a gente regula a taxa de ocupação e regula a tarifa. Eles andam juntos.

Tem algum voo que você acha que a demanda exige novas frequências?

A gente aumentou muito Recife – Salvador. Acabamos de aumentar duas frequências Recife – Orlando, porque começou com duas saídas. Naturalmente, se você for falar em termos de rentabilidade, não é tão rentável quanto outras operações internacionais que a gente tem, mas está dando a rentabilidade que a gente esperava.

Esse voo de Orlando tem um perfil diferente: o pessoal do Nordeste que usa esse voo se planeja com muito mais antecedência do que o pessoal de São Paulo. Então, esse voo vende muito mais rápido no começo e muito mais lento no final. Quando abrimos para venda em São Paulo, vende muito mais lento no começo e rápido no final. A diferença é brutal de comportamento. Aqui, o pessoal realmente se planeja mais para ir aos Estados Unidos. Em São Paulo, o pessoal deixa para decidir de última hora. A dica que fica para o leitor é: Se planeje. Se na média, todo mundo está se planejando, e você deixar para comprar em cima da hora, pode não encontrar um preço tão atrativo.

Crédito: Emerson Souza/Divulgação

Crédito: Emerson Souza/Divulgação

Existe perspectiva de queda de valor de tarifa?

A tarifa sempre cai quando você aumenta a oferta. Então, a gente aumentou agora a oferta e ela caiu um pouco. No geral, depende da oferta: se a gente aumenta o hub, a tarifa cai. É sempre assim. Mas é muito difícil especular sobre isso porque depende da demanda também. Então, se a economia não aquece, a tarifa cai muito mais rápido. Se a economia aquece, a tarifa demora mais a cair. O que a gente tem feito agora é trabalhar a tarifa com a questão da bagagem. Estamos com tarifas promocionais para quem voa sem bagagem. Então, mais de 50% dos nossos clientes já estão optando por comprar a tarifa que não dá franquia de bagagem.

Você nota mudança de comportamento dos passageiros diante da crise econômica?

A crise diminuiu muito, não dá pra dizer mais que as coisas estão piorando todo dia. As coisas não estão melhorando na velocidade que a gente queria, mas a gente acha que  ainda tem espaço para melhorar mais rápido. Estamos cumprindo nossos planos de negócios. A empresa está na Bolsa de Valores, então colocamos o que a gente chama de gidest (Guia de Resultado da Bolsa de Valores). Mesmo com a demanda ainda andando de lado, a gente está conseguindo entregar o resultado que a gente prometeu entregar. Estamos na ansiedade para que a demanda volte mais forte para que a gente possa vender mais e conseguir aumentar ainda mais a lucratividade. O dólar está razoavelmente comportado, o que é uma coisa muito boa, então estamos confortáveis do jeito que as coisas estão, mas dá para crescer mais se a economia reagir.

E voo da Azul para Serra Talhada?

Aí depende do aeroporto. É um objetivo que temos a médio prazo e depende do governo definir isso como uma prioridade. Seria um voo definitivo, mas depende de uma série de discussões. Está na nossa lista, a gente tem interesse, mas as condições de infraestrutura e rentabilidade precisam aparecer. A gente não gosta de começar um voo e parar. É ruim para a cidade. É ruim para os nossos tripulantes.

Author: Thayse Boldrini

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