Claudemir Barros acredita que os filhos herdaram seus dotes culinários
Uma pitada de amor, uma fatia de aprendizado, uma xícara de rigidez, uma colher de união, e voilá: a receita para muitas histórias na cozinha com um pai cozinheiro está aí. Claudemir Barros, de 43 anos, é chef de cozinha e pai de Asafe, de 20 anos, Asley, de 19 anos, e de Letícia, que ainda está na barriga de Sofia, de 31 anos, com quem mantém um relacionamento há 12 anos e também é chef de cozinha.
Apesar de ter vivenciado um relacionamento conturbado com seu pai, Claudemir nunca deixou de querer viver a paternidade em todos os sentidos. “Queria ser o que me faltou”, conta. Em particular, o pernambucano sempre teve o sonho de ter uma menina, mas não foi bem assim que aconteceu. Asafe e Asley vieram, um logo após o outro. Ele ainda brinca sobre a escolha exótica dos nomes dos seus filhos: “Queria que fossem nomes incomuns que, ao serem chamados, causasse impacto”.
Claudemir relata que se considera um pai excessivo e que a inexperiência assustou no começo. “Amei demais, cobrei e castiguei demais. Não sei se eduquei demais ou de menos. Mas o maior desafio, com certeza, era o medo do novo”, afirmou o chef, que foi pai aos 23 anos, em seu primeiro casamento.
Duas décadas depois do primeiro filho, agora é a vez da tão esperada Letícia – a menina – chegar. Sofia tinha dificuldades para engravidar, por questões de saúde, e isso a levou para um tratamento de cinco anos, até conseguir realizar o desejo de ser mãe. “A grande diferença é a experiência. Hoje, sou um pai pronto. Sei por onde vou passar, como pegar, como educar. Tudo isso foi resultado de erros que se tornaram aprendizado. Mas sei também que agora é um outro ser, são outros métodos e uma outra época”, admite o chef.
A paixão pela comida na família começou cedo. Asafe e Asley tiveram seus primeiros contatos culinários com a avó. “Eles têm lembranças da avó cozinhando e gostavam de cozinhar com ela. Depois disso, faziam café da manhã para mim quando eu estava de folga, aos domingos. Com 7 e 8 anos, respectivamente, já faziam risoto e petit gateau. A cada visita no restaurante, eles entravam na cozinha e brincavam de ajudar”, brinca. Asafe e Asley consideram Sofia como uma mãe e também a auxiliam na cozinha.
Claudemir acredita que seus filhos herdaram a sua persistência – além dos dotes culinários -, e ainda fala o que mudou na sua vida com a paternidade: “Razão, motivo, força e ideal. Suportar dificuldades. Eles me fizeram ser responsável. Uma outra pessoa”, se emociona. “Ser reconhecido como tal, ver a expressão de orgulho no pronunciar e no olhar deles, saber que é importante. Sem eles eu não seria e nem sentiria isso”, completa.
Ter um histórico com a comida deixa tudo mais especial: cada refeição é um sabor bom, saudade e reflexo da união familiar. “A comida nos marca, nos eterniza e nos une. As comidas e a memória da velha cozinheira e seus quitutes estão vivos arraigados em nós. Não esquecemos”, conclui. Definitivamente, Letícia vai chegar ao mundo com a garantia de experiências deliciosas – na mesa e na vida.
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