“Ela sabe que tem dois pais”, diz Eliel Alves, casado com Berg Goodman, sobre a filha Marjory Luisa
Toda criança deveria ter a oportunidade de crescer em uma família que transbordasse amor e comprometimento. Entretanto, infelizmente, há quem abandone seus filhos, ainda bebês ou já crescidos, por diversos motivos: como não querer ou não poder criá-los. A realidade dos orfanatos no Brasil é de apertar o coração. De acordo com o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), da Corregedoria do CNJ, há cerca de 7,8 mil crianças cadastradas para adoção no país. Com isso em mente, o casal de decoradores Eliel Alves e Berg Goodman adotou uma menina, Marjory Luisa, que hoje tem 1 ano e 8 meses.
Juntos há seis anos, os dois sempre tiveram vontade de construir uma família. Pelas condições naturais de não poderem conceber filhos, até pensaram em inseminação artificial, mas se sensibilizaram com a situação das crianças que não tinham um lar. Então, se inscreveram em um programa de adoção.
Os requisitos eram simples: ser menina e ter menos de um ano. Passaram dois anos e meio na fila de espera, até se depararem com Marjory. “Berg não sabia, ele estava em casa. Fui encontrar a assistente com Marjory e, quando a vi, foi amor à primeira vista. Os olhos dela brilharam, os meus também. Eu sabia que era ela a minha filha”, conta Eliel, emocionado.
Mesmo vivendo num país onde casais homoafetivos ainda sofrem muito preconceito, Berg e Eliel não encontraram problemas no processo. “Não sofremos nenhum tipo de preconceito, foi tudo muito tranquilo. Pelo contrário, todos ficaram admirados e felizes com a situação”, contam. Eles ainda relataram que o único desconforto que passaram foi na primeira consulta com a pediatra, mas, depois disso, nunca mais. “Foi uma consulta superdesagradável. Não vimos amor no olhar dela ao ver nossa família”, relata Berg, que admite não gostar de lembrar do episódio.
Mesmo ainda muito pequena, Marjory já mostra os traços da personalidade deles. Vivendo em um ambiente de muito amor, ela transparece ser uma criança carinhosa e decidida. “Ela tem o jeito amoroso e emocional de Berg, e a minha rigidez, que sou mais racional”, relata Eliel. “E ela sabe que tem dois pais. Ela leva isso com naturalidade e nós fazemos de tudo para que ela ame e respeite os dois igualmente”, completa Berg. Em tempo, Marjory tem uma avó agora e uma bisa: “A relação com elas é ótima. Elas dão muito carinho. O amor delas por nossa filha é inexplicável”.
Berg admite que Marjory também é bem vaidosa. “Ela adora um espelho. Ela coloca uma roupa e fala ‘tá linda’. E ela ama princesas”, conta, fazendo graça com a filha no colo. Eliel e Berg revelam que se inspiram em como seus próprios pais os criaram e que tiveram que começar a abdicar de alguns programas – como a vida noturna – por conta da filha, mas que isso vale a pena. “Ficar deitado com ela é uma sensação maravilhosa”, diz Eliel. “Sem falar quando ela fala ‘papai’… É gratificante demais”, emociona-se Berg.
O decorador ainda explica a maior mudança depois da chegada de Marjory: “Antes dela entrar na nossa vida, éramos mais egoístas. Claro, pensávamos no outro, mas a individualidade era mais nítida. Agora, para tudo somos nós três. Não existe apenas um, somos todos juntos”. Marjory é a prova de que para ser um filho, não precisa ser de sangue. Assim como Berg e Eliel são a prova de que uma família moderna (dois pais ou duas mães), também pode ser incrível da mesma maneira. O amor que existe entre os três, com certeza, pode servir de exemplo para muita gente por aí.
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