Pernambuco perde Marcus Accioly

Marcus Accioly/Divulgação

A cultura pernambucana está muito menor, com o falecimento, sábado, em Itamaracá, onde morava, de Marcus Aciolly, um poeta excepcional, com uma vasta produção literária. Além disso, era uma figura humana especial, que tive o privilégio de ter como amigo. Entre suas muitas histórias de vida, uma que merece ser lembrada: ele era tão apegado a um cão, que quando o animal morreu, passou dois anos em depressão profunda, praticamente sem sair de casa.

O escritor foi um importante nome da chamada poesia regional contemporânea e publicou cerca de 15 livros, entre compilados de poemas, livros infantis e cordéis.

Natural de Aliança, na Mata Norte de Pernambuco, Accioly era um dos maiores nomes da literatura no Estado e no Nordeste.

Nascido em 21 de janeiro de 1943, graduou-se em direito e, em 1968, publicou seu primeiro livro, “Cancioneiro”. Na juventude, o escritor integrou a chamada “geração de Jaboatão”, ou “Geração 65”, iniciativa estilística ligada à literatura e abrangendo outros nomes, como Lucila Nogueira.

Accioly também foi ligado ao Movimento Armorial, cujo mote principal era a produção de uma literatura que abrangesse os valores universais sem perder de vista as raízes regionais pernambucanas.

Ao longo da carreira, recebeu diversas láureas literárias. Entre elas, o Prêmio Recife de Humanidades, em 1972, pela segunda obra, “Nordestinados” (1971), e o Prêmio Fernando Chinaglia, em 1980, concedido pela União Brasileira de Escritores pelo livro “Guriatã”.

Ele também foi agraciado com o prêmio de poesia concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Artes e o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras, por “Narciso”, livro de poemas publicado em 1984.

A preocupação do poeta com a conexão entre universal e raízes lhe rendeu o apelido de “poeta nordestinado”, em alusão ao título de seu segundo livro.

Membro da Academia Pernambucana de Letras desde 2000, o escritor ocupou a cadeira 19, sucedendo João Cabral de Melo Neto.

Ele chegou a ser cogitado para suceder o poeta Lêdo Ivo na cadeira nº 10 da Academia Brasileira de Letras, em 2013, que acabou sendo atribuída à escritora e militante feminista Rosiska Darcy de Oliveira.

Durante o mandato de Itamar Franco, Accioly foi secretário-executivo do Ministério da Cultura sob a chefia do ministro Antônio Houaiss, tendo, em ocasiões de ausência do ministro, assumido várias vezes o cargo. (Com informações da Folha de São Paulo)

Author: João Alberto

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