Histórias de terror: conheça 10 lendas que assombram Pernambuco

Histórias de terror: conheça 10 lendas que assombram Pernambuco

O estado de Pernambuco é uma terra de muitos encantos, mas também de muitas lendas urbanas. Assombrações e histórias de terror são tão conhecidas entre os pernambucanos que há quem tenha medo até hoje. Com informações do portal Recife Assombrado e livros como Assombrações do Recife Velho, selecionamos alguns relatos. Fantasmas do Teatro de Santa Isabel; Alamoa, em Fernando de Noronha; Pai da Mata; o fantasma de Branca Dias; Papa-Figo; Cumade Fulôzinha; Encanta-Moça; fantasmas do Capibaribe; Perna Cabeluda; e praça Chora Menino. Com certeza, de alguma, você já ouviu falar. E se não ouviu, se prepare para conhecer cada um desses contos macabros pernambucanos.

Os fantasmas do Teatro de Santa Isabel

Wydi Silva representando uma fantasma no Teatro de Santa Isabel – Crédito: Lucas Evaristo

O Teatro de Santa Isabel é palco de muitas apresentações fantásticas, desde o século 19. Acontece que não só de história vive o local – ele é cheio de mistérios também. Visagens passeiam pelos camarins, na platéia, nos corredores, nas frisas e camarotes, além de sons arrepiantes que são ouvidos e confundidos com as muitas lembranças guardadas no prédio. Gilberto Freyre, em seu livro Assombrações do Recife Velho, conta mais detalhes: “Há também quem afirme ter visto no interior do Santa Isabel, em noite de silêncio e rotina, a figura de austera senhora do Recife, há longos anos morta e sepultada em Santo Amaro”. Segundo os funcionários do teatro, às vezes, no período da tarde, o som do piano de cauda, tocado por mãos invisíveis, pode ser ouvido. Quando se aproximam do instrumento, a música cessa repentinamente. 

Alamoa, em Fernando de Noronha

Fernando de Noronha – Crédito: Reprodução / Recife Assombrado

A paradisíaca ilha de Fernando de Noronha não fica de fora das lendas horripilantes. Existem algumas por lá. Uma das mais conhecidas é a lenda de Alamoa.  No livro Fernando de Noronha: Lendas e Fatos Pitorescos, de Marieta Borges, a descrição é a seguinte: “loura e nua, com a fosforescência e a maldade nos olhos (…) como a encarnação do desejo sexual”, os homens se encantavam e se deixavam levar para o ponto mais alto da ilha, o Morro do Pico. “E quando a vítima, friamente ia abraçá-la, a linda e sedutora mulher se transformava em um esqueleto de órbitas faiscantes, apavorando os jovens que se atiravam no oceano ou se despedaçavam nos arrecifes”, conclui. Existe a hipótese de que a lenda tenha surgido na época em que os holandeses dominaram o arquipélago, no século17. Afinal, a palavra “Alamoa” é uma versão da palavra alemã. A moça em questão seria a soberana de um reino encantado que existiu em Fernando de Noronha antes da chegada dos navegadores europeus. Entretanto, nos dias de hoje, Alamoa é considerada a “Mulher de Branco”. Uma aparição que pede carona aos motoristas dos poucos carros que circulam na ilha durante a noite.

Pai da Mata

Ilustração do Pai-da-mata – Crédito: Reprodução / Recife Assombrado

Alguns dizem que ele tem parentesco com o Pé-Grande, visto nas florestas dos Estados Unidos, ou o Abominável Homem das Neves, que viveria no monte Himalaia, no Nepal. O Pai da Mata seria um gigante peludo, forte e alto, com capacidade de agitar as árvores mais grossas e velhas. Além de andar sobre duas pernas como o ser humano e possuir garras pontudas e presas afiadas, dentro de uma boca enorme. Essa misteriosa criatura habitaria na Zona da Mata Sul do Estado, na companhia de caititus e queixadas, espécies de porcos selvagens. A sua grande ira se volta contra os caçadores. Há quem diga que o ser se mantém escondido  nos matagais mais sombrios e longe da civilização. Porém, quando anda pelo seu reino, o Pai da Mata solta gritos estrondosos e gargalhadas horripilantes. Desavisados amantes de trilhas podem ter surpresas em seus caminhos.

O fantasma de Branca Dias

Casarão antigo onde o fantasma de Branca Dias é visto – Crédito: Reprodução / Recife Assombrado

Branca Dias era uma rica dona de engenho que vivia no Recife. Ela praticava secretamente a religião judaica, em um momento em que havia uma perseguição da Igreja Católica aos judeus, durante a Inquisição. Quando soube que iriam atrás dela, ela juntou tudo que tinha de mais valioso e jogou dentro do riacho da propriedade onde morava, o Riacho do Prata, no Horto de Dois Irmãos, o zoológico do Recife. Ela foi finalmente pega, condenada e morta, em Portugal. Alguns anos depois, histórias de que uma aparição estava afastando as pessoas começaram a correr. Branca Dias estava guardando o seu tesouro. Em tempo, havia uma simpatia em meados do século 20, em que, no São João, as moças que gostariam de se casar, olhavam os rios e córregos, para tentar ver a imagem de seus futuros maridos. Nos tempos de engenho, uma dessas mulheres foi levada por Branca Dias. Há quem assegure que o espectro de uma mulher assombra os arredores do Açude do Prata. Ela vestiria trajes antigos, teria cabelos longos e ruivos e expressão de soberania – em pé na sacada do casarão antigo que existe em frente ao manancial, pela noite. 

Papa-figo

Ilustração do Papa-figo – Crédito: Reprodução / Recife Assombrado

Por muitos anos, crianças eram assustadas por suas mães com o alerta de que deveriam ter cuidado com Papa-Figo. Segundo a lenda, essa criatura raptava e matava as crianças para roubar o fígado de cada uma delas.  Existiriam dois tipos de Papa-Figo. Um deles seria de aparência normal, como qualquer pessoa, se escondendo em roupas fechadas. O outro teria a pele amarelada, com orelhas avantajadas, peludo e unhas grandes e sujas. Ele poderia agir sozinho, ou com ajuda de comparsas, seduzindo as crianças para então partir ao ataque.

Cumadre Fulôzinha 

Ilustração da Cumade Fulôzinha – Crédito: Reprodução / Recife Assombrado

Cumade Fulôzinha ficou órfã de mãe cedo e sofreu muitos maus tratos do seu pai, que bebia bastante e, sem motivo, a agredia. Uma vez não encontrou a filha nem comida pronta, ao chegar em casa com fome e embrigado. A menina tinha ido apenas passear pelo mato, como sempre fazia. Ela adorava desfazer as tranças dos seus cabelos sentada na campina e admirar os animais. Quando voltou para casa, foi espancada e enterrada viva no meio do mato. Depois disso, o pai foi perturbado com manifestações fantasmagóricas da filha. Ele se matou. Tendo percebido que tinha sido tomado pelo ódio, o fantasma da menina não teve paz. Em compensação, jurou proteger os animais da mata de qualquer caçador. Assim, ela faz com que eles se percam ou dá uma surra neles com os cipós que usa como chicote. Sua marca é seu assobio: quando está longe, ele soa estar perto; mas quando soa estar longe, é quando ela está perto. Vivendo na Zona da Mata de Pernambuco, se é respeitada, ela ainda ajuda os perdidos. 

Encanta-moça

Ilustração do Encanta-moça – Crédito: Reprodução / Recife Assombrado

Uma iaiá branca, rica e bela, passeava à noite, quando percebeu que estava sendo perseguida pelo marido ciumento. Era uma região pouco habitada da capital pernambucana, na época dos grandes engenhos. Durante sua fuga, ela simplesmente desapareceu no ar. Magicamente, ela teria se “encantado” nos mangues em torno Capibaribe, onde hoje seria o Bairro do Pina. Ela acabou retornando desse Mundo do Além, com a missão de vingar todos os abusos permitidos pela sociedade machista daquele tempo. Em noites de lua cheia, ela aparece nua para atrair os homens que circulam naquela região. Assim como a Alamoa, a vítima sente uma atração irresistível mas, quando chega perto, a imagem se desfaz.

Fantasmas do Capibaribe 

Rio Capibaribe – Crédito: Reprodução / Recife Assombrado

Houve uma crença de que quem se banhasse no trecho do rio Capibaribe, próximo ao bairro do Poço da Panela, na Zona Norte, teria auxílio na cura de doenças. Acontece que muitos desses banhistas chegavam à morte, devido à força das correntezas. Então, seus cadáveres eram encontrados metros adiante. Reza a lenda que os fantasmas esbranquiçados dessas vítimas aparecem para pedir socorro aos viventes. Em uma manhã chuvosa de 2004, no dia 13 de julho, uma multidão se reuniu acerca da ponte Maurício de Nassau, no centro do Recife para ver o que seria um conteúdo macabro do saco de plástico preto encontrado por um gari numa das margens do rio. Eram sete crânios humanos. Os restos mortais foram “resgatados” e levados para o Instituto de Medicina Legal. Mas a verdade sobre o que aconteceu nunca foi revelada – ninguém nunca soube.

Praça Chora Menino

Atriz Ingrid Laísa representando o fantasma da praça Chora Menino – Crédito: Reprodução / Recife Assombrado

No meio do século 19, aconteceu na capital pernambucana a Setembrizada, uma revolta violenta de uma tropa insubordinada, provocada pela infelicidade com os militares. A cidade foi saqueada por soldados e civis, e foram cometidas atrocidades e assassinatos. Centenas de moradores morreram, inclusive crianças. As terras do velho Sítio do Mondego, onde hoje é a praça Chora Menino, recebeu os corpos, que lá foram enterrados. hoje fica a praça Chora Menino. Após o ocorrido, rumores de que quem passasse tarde da noite perto da praça, escutava som de choro de um menino. Há quem diga que, mesmo hoje em dia, ainda dá pra ouvir soluços e choramingos das vítimas do massacre.

Perna Cabeluda

Ilustração da Perna Cabeluda – Crédito: Reprodução / Recife Assombrado

Em meados da década de 1970, a macabra Perna Cabeluda foi assunto em diversos jornais. Pode parecer a lenda mais absurda de todas aqui citadas, mas muitos dizem ser testemunhas das atrocidades. Em ruas desertas e escuras do Recife, ela se camufla com as sombras e troncos retorcidos, pronta para dar o bote. Quando o cidadão desavisado anda pela calçada, em movimentos rápidos, a criatura o alcança. Não tem como fugir. Seu primeiro golpe é clássico: a rasteira, levando a vítima ao chão. Depois, chutes fortes. Dizem que Perna Cabeluda seria o resto de um cadáver amaldiçoado. O filho teria assassinado a mãe a chutes e hoje essa perna segue amaldiçoando as noites silenciosas do Recife.

Author: Júlia Molinari

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