Entrevista: Claudia Aires critica preconceito com os artistas de rua

Entrevista: Claudia Aires critica preconceito com os artistas de rua

Crédito: Samia Emerenciano/ Divulgação

Claudia Aires, produtora artística e idealizadora da Nuvem

Como surgiu a Nuvem?
A ideia de criar a Nuvem veio em 2010. Na época, Guga Marques e eu trabalhávamos com produção musical (em locais diferentes) e não estávamos satisfeitos com os rumos da profissão. Começamos a ficar meio saturados desse mercado e com a ideia de abrir algum negócio novo, também na área de produção, mas que não envolvesse música e afins.

Como é o processo de escolha dos artistas que integram o portfólio da Nuvem?
A curadoria da Nuvem sempre foi feita por mim e Guga. Garimpamos muito pela internet, em festivais, ouvimos dicas de artistas amigos e recebemos vários portfólios via e-mail. No nosso portal, existe um cadastro gratuito de artistas e sempre aparecem boas surpresas por lá.

Qual o papel da arte de rua para a sociedade?
Arte é questionamento, estética e formação humanística, não é? Na arte de rua, não é diferente. O papel do artista é essencialmente o de ser um questionador, crítico e retratar a sua época. Na rua, há gritos e belezas espalhadas; o olhar do observador, a sua realidade e formação é o que, no fim das contas, vai determinar essa leitura.

Como você enxerga esse tipo de arte no Nordeste?
Em termos de Nordeste, o cenário da arte urbana é bastante dinâmico e produtivo. Já conseguimos, hoje, ter um mercado mais sólido – não o ideal, mas melhor do que há 5 anos – e os artistas conseguem sobreviver do seu trabalho.

Qual o maior preconceito com os artistas de rua?
Eu acho que o preconceito vem mais do lugar onde os artistas mais trabalham: a rua. Para algumas pessoas, apenas uma obra exposta em alguma galeria ou espaço expositivo tradicional, tem o selo de “arte”. Tem também um elemento classista nesse preconceito, pois a maioria dos artistas urbanos (tanto do graffiti quanto do “pixo”) vem da periferia das cidades. A cultura, o jeito de falar e se vestir desses mesmos artistas, gera um certo receio aos mais desinformados.

Author: Diogo Carvalho

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