“Queria ter mais intimidade, ser mais convidado”, diz Walério Araújo sobre o carnaval pernambucano

“Queria ter mais intimidade, ser mais convidado”, diz Walério Araújo sobre o carnaval pernambucano

Crédito: Chilli Beans/Divulgação

“Queria ter mais intimidade, ser mais convidado”, declara o estilista Walério Araújo sobre o carnaval pernambucano. Nascido em uma família de bordadeiras nordestinas, Walério herdou o gosto pela costura e hoje faz fantasias cheias de brilho e paetês para celebridades com Ivete Sangalo, Marília Mendonça e Fafá de Belém.

Para dar início a carreira, o estilista fez um curso de desenho por correspondência, ainda em Pernambuco, e anos depois, fez um curso presencial de desenho de moda, em sua primeira viagem a São Paulo. Assim que voltou para Lajedo, sua terra natal, Walério foi contratado para desenhar modelos de roupas em uma loja de tecidos na Bahia. Depois voltou a São Paulo, trabalhando na Rua das Noivas, na 25 de Março e na Av. Ipiranga, mais precisamente no Edifício Copan, aonde estava localizada sua loja. Atualmente trabalhando em casa, o pernambucano conta para o Blog João Alberto um pouco sobre sua história com o carnaval. Confira entrevista abaixo:

Quais são as famosas que já vestiram suas peças?

Já fiz muitos anos para Claudia Leitte desfilar nos trios de Salvador, fiz a do ano passado da Marília Mendonça para o Carvalheira na Ladeira. Este ano estou fazendo novamente o da Marília para o Carvalheira, o da Gaby Amarantos para o Galo da Madrugada e Marco Zero, o da Fafá de Belém para o Galo de São Paulo, o da Leandra Leal para o bloco Baixo Augusta e para o Bola Preta. Tem outras pessoas também, mas não irei revelar.

Walerio e Gaby Amarantos – Crédito: Anderson Freire/Esp.DP.

 

O que não pode faltar no seu carnaval?

Somos o país do carnaval, então acho que não pode faltar o senso de humor. Tem gente que não tem humor, vive nas redes sociais para criticar os outros. No carnaval, é uma obrigação ter senso de humor.

Quais materiais você mais usa nas suas criações e onde você compra?

Utilizo muitas plumas e paetês, literalmente. Compro muito na Rua 25 de março, conheço todos os buracos. Tenho amigos que sempre me perguntam os locais específicos de determinados objetos para não perder tempo. O segredo da agilidade para desenvolver as peças é comprar rápido, não perder muito tempo.

Walério Araújo fantasiado para o Baile da Vogue do ano passado, com peças originais de Elke Maravilha. Crédito: Reprodução/Instagram

Você pensa em fazer uma exposição das suas criações carnavalescas?

Cada criação é feita em um determinado momento da vida, então no momento, a da Elke foi muito marcante. Quando ela se foi não teve muita repercussão, as próprias revistas deveriam ter feito mais homenagens. Quando me vesti igual a ela no Baile da Vogue do ano passado, muita gente que tava lá ficou se perguntando se ela já tinha falecido, porque tava muito real. Era tudo original dela, foi muito marcante. Estou pensando em fazer essa exposição desde o ano retrasado, inclusive estou separando alguns modelos que fiz para a Vogue.

Como é sua agenda no carnaval? 

Depois de tantos anos, ficarei por São Paulo mesmo, o carnaval daqui cresceu muito e vou aproveitar que estou na vibe de ir pra rua com o povo. Durante cinco anos estive em Salvador, com a Cláudia Leitte, porque eu estava fazendo as fantasias dela. Passei também seis anos no carnaval do Rio de Janeiro. Eu era contratado para fazer as customizações na hora do Camarote da Devassa. Já prestigiei o carnaval do Recife também, Galo da Madrugada, Carvalheira na Ladeira e Olinda.

Crédito: Nando Chiappetta/DP

Como funciona o seu ateliê na época do carnaval?

Como eu fechei meu ateliê, agora atendo em casa. Fica tudo uma loucura, parece um barracão.

Existem muitas exigências dos famosos na criação das peças para o carnaval?

Não! A exigência é causar. Muitas pedem algo mais sexy ou mais contido, mostrar mais a perna… Sempre trazem referência com foto, às vezes muda a cor ou o modelo porque vê que alguém do meio artístico já usou algo parecido. Fora isso, a criação sempre é livre.

Qual é a sua relação com o carnaval de Pernambuco?

Queria ter mais intimidade, ser mais convidado. Quando eu resolvi ir, fui por conta própria ou porque alguma famosa, para quem fiz a fantasia, me levou. Fico até triste pelas empresas não me chamarem.

Você tem alguma história marcante de carnaval? Se sim, qual?

Sempre me divirto muito, não tenho nada marcante do tipo bizarro. Eu marco presença. Bebo, danço e vou até o chão, causo sem querer.

Qual é a inspiração para a próxima coleção?

Desde o ano passado eu queria fazer um desfile com a minha trajetória, ser itinerante e apresentar em vários estados ou cidades ligados a moda. Já convidei sete stylists e cada um vai interpretar três looks de coleções passadas. Estou me dedicando para isso, quero fazer algo bem feito, sem pressa.

Crédito: Paulo Paiva/ DP

Como surgiu sua paixão pelo carnaval?

Tudo surgiu com a intimidade, quando ganhei fui me envolvendo cada vez mais e pronto. Para fazer uma fantasia você tem que pesquisar, se aprofundar no tema, então você se apaixona pelo estilo da fantasia, pelo tema.

Você pensou em seguir outra profissão antes de se tornar estilista?

Não, nunca pensei. Mas nas horas livres, gostaria de praticar algum esporte, tipo vôlei, que eu jogava muito quando era adolescente.

Modelos de cabeça feitos por Walério para o carnaval deste ano. Crédito: Reprodução/Instagram

Qual é a média de valores dos acessórios que você cria?

O preço varia muito, depende da matéria-prima e mão de obra. Eu sempre tento inovar e reinventar. Já criei até uma cabeça com jornal, tudo tem que ser feito de uma forma apresentável. Os temas são ligados ao cotidiano. Eu vejo, tenho um surto e faço.

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