Manifestações pró-Lula marcaram a primeira noite de apresentação de Chico Buarque no Teatro Guararapes

Manifestações pró-Lula marcaram a primeira noite de apresentação de Chico Buarque no Teatro Guararapes

Por Marcionila Teixeira/Especial para Blog João Alberto

Chico Buarque apresenta sua turnê no Recife até domingo. Crédito: Felipe Souto Maior/Divulgação

Era perto da meia-noite quando o show de Chico Buarque foi encerrado em um Teatro Guararapes lotado. Como era de se esperar, a apresentação foi também um ato de resistência política, com várias manifestações pró-Lula ao longo do percurso. Se surgiram vaias, mal foram ouvidas diante do coro de lulistas. Perto dali, na saída do teatro, o palco da vida real seguia. Um músico anônimo soprava sua flauta transversal em busca de uns trocados de quem passava apressado para fugir do engarrafamento que em breve tomaria conta do estacionamento. Ao lado dele, mais um das dezenas de garotos pobres das comunidades vizinhas vendendo chiclete barato para ajudar no sustento da casa.

Manifestações pró-lula também estiveram presentes no show – Crédito: Felipe Souto Maior/Divulgação

Havia claramente um público formado por maioria de mulheres – gênero normalmente exaltado por Chico em suas canções – e pela elite branca para assistir a um show onde tecnicamente tudo estava no lugar. Desde a direção musical, arranjos musicais até a iluminação e cenário, sem falar na performance dos músicos.

Chico começou o show em pé, mostrando vigor, mas na maioria do tempo interpretou sentado. Em um certo momento, ele saiu do banquinho destinado à apresentação com voz e violão para por um chapéu, colocar um pouco de samba no pé e homenagear, com a música Grande Hotel, o baterista Wilson das Neves, a quem dedicou o show da turnê Caravanas, mesmo nome do álbum lançado pela Biscoito Fino. Das Neves acompanhou o músico ao longo de trinta anos e morreu no ano passado. Outra homenagem foi a canção Massarandupió, composta em parceria com o neto Chico Brown, e a Tom Jobim, quando apresentou parcerias como Retrato em branco e preto e Sabiá

Chico colocou o chapéu na cabeça para homenagear Tom Jobim. Crédito: Felipe Souto Maior/Divulgação

Durante o show, o artista largou o violão e percorreu o palco de um canto a outro para cantar Cantiga, uma canção recente que lhe rendeu críticas de grupos feministas por ter versos como Largo mulher e filhos, e de joelhos, vou te seguir. Encerrou o canto sem qualquer polêmica. Ao contrário, foi uma das músicas mais aplaudidas. Em Blues para Bia, onde o artista canta os versos Que no coração de Bia, Meninos não têm lugar, Porém nada me amofina, Até posso virar menina, Pra ela me namorar, o tamanho dos aplausos mostrava o tanto de aprovação.

Para surpresa dos fãs, que já começavam a deixar o teatro depois de um show onde ele interpretou principalmente suas músicas mais consagradas desde a década de 1960, Chico voltou ao palco para o segundo bis. Desta vez, entoou Paratodos, canção onde fala que o avô era pernambucano.

Crédito: Felipe Souto Maior/Divulgação

A turnê estreou em dezembro em Belo Horizonte, passou pelo Rio de Janeiro, tem datas confirmadas em São Paulo e Salvador, e depois segue para outras capitais. O preço dos ingressos foi outra polêmica. Custam entre R$ 490 e R$ 125. Em Recife, o show é realizado pela Multi Entretenimento. As apresentações seguem até domingo, sempre às 21h30.

Os músicos que acompanham Chico são companheiros de longa data. O maestro, arranjador e violonista Luiz Cláudio Ramos, João Rebouças, no piano; Bia Paes Leme, no teclado e vocal; Chico Batera, na percussão; Jorge Hélder, no contrabaixo; Marcelo Bernardes, na flauta e sopros; e Jurim Moreira, na bateria, substituindo Wilson das Neves.

Além desses, atuam nos bastidores Vinícius França, na produção geral; Maneco Quinderé, na iluminação; Marcelo Pires, nos figurinos; e Renato Clementino, na direção técnica. A cenografia tem assinatura de Hélio Eichbauer. Confira quem prestigiou a noite:

Daniel Hazin e Cacyone Gomes. Crédito: Felipe Souto Maior/Divulgação

João Paulo e Lívia França. Crédito: Felipe Souto Maior/Divulgação

Romero Ferro. Crédito: Felipe Souto Maior/Divulgação

Arthur Rodrigues, Carlos Dias, João Carlos e Bruno Ramos. Crédito: Felipe Souto Maior/Divulgação

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