Show de Johnny Hooker e homenagem a Bianca Close marcaram a Odara Ôdesce
Por Anamaria Nascimento – anamaria.nascimento@diariodepernambuco.com.br
Com ingressos previamente esgotados, a edição da Odara Ôdesce no Bud Basement lotou a Cachaçaria Carvalheira. Quando o relógio anunciava a virada do sábado para o domingo, a atração principal da festa subiu ao palco. Johnny Hooker chegou do jeito que o público gosta: performático, vibrante e cheio de mensagens políticas, estejam elas explícitas ou implícitas nas letras das músicas ou ainda mencionadas por ele nos intervalos das canções.
A primeira foi Chega de Lágrimas, sucesso do álbum Eu vou fazer uma macumba para te amarrar, maldito (2015). Dizendo que era bom “estar em casa”, o pernambucano exaltou o Nordeste, falou sobre inclusão social e emendou na música Caetano Veloso, do CD Coração (2017). O público acompanhava as performances de Hooker com empolgação. Cantavam alto e, muitas vezes, acompanhavam as letras das músicas com beijos.
Antes de Johnny Hooker, o palco dessa edição da Odara Ôdesce foi ocupado pelas DJs e produtoras da festa, Lala K e Allana Marques. Mais do que esquentar o público para a atração principal e encerrar da noite, elas deixaram um recado para os presentes. Elas e Lucas Logiovine prestaram uma homenagem a moradora de rua trans Bianca Close, que morreu nessa sexta-feira (13).
Bianca morava nos arredores do Parque Treze de Maio. Era conhecida pelos frequentadores da Rua Mamede Simões (leia-se Bar Central e outros estabelecimentos da via). Durante dois anos, produtores culturais e conhecidos da guardadora de carros fizeram shows e eventos para arrecadar dinheiro para construir um lar para ela, que precisou sair de casa aos 13 anos.
Após uma vaquinha que mobilizou os recifenses, a casa havia ficado pronta há uma semana, mas Bianca morreu por insuficiência respiratória na UPA de Nova Descoberta. A foto dela apareceu no telão da festa acompanhada da hashtag #BiancaPresente. O público se emocionou e levantou as mãos em homenagem a ela. “Eu não sei nem como agradecer a todo mundo que participou, comprou a camisa, colaborou de alguma forma, foi para as festas e jogou tanto carinho. Que bom que ela não morreu sem teto. Que bom que ela não foi mais uma estatística. Minha amiga, siga na luz. A gente ama muito você”, disse Allana Marques. Confira algumas fotos: