Ana Lúcia Altino relembra como idealizou o Festival Virtuosi

Ana Lúcia Altino relembra como idealizou o Festival Virtuosi

Quando o Virtuosi foi idealizado Ana Lúcia Altino, pianista, e Rafael Garcia, maestro, não imaginavam que 21 anos depois, o evento ainda estaria firme e forte no cenário musical de Pernambuco. O casal havia voltado a morar no Brasil, após uma temporada morando nos Estados Unidos, e além de animar o cenário musical do estado, um dos objetivos do festival era trazer seus filhos músicos, que continuaram vivendo fora do país, para curtir as festividades natalinas com a família.

Ana Lucia Altino e Rafael Garcia. Crédito: Julio Jacobina/DP

O festival, que segue até próximo dia 27, com realização nos municípios de Belo Jardim, Gravatá e Garanhuns, reúne instrumentistas nacionais e internacionais. “Começamos com um festival com dois dias, com poucos músicos e hoje em dia temos uma festa grande. Em Gravatá, já reunimos 1.200 pessoas. Imagina esse monte de gente ali apreciando música clássica. É gratificante. Gostaria muito de expandir o festival para todas as cidades do interior”, comenta Ana Lúcia Altino.

O festival tem direção de seu marido, o maestro Rafael Garcia, e é gratuito. Em Gravatá, está sendo realizado desde o dia 13 até este domingo, na Igreja Matriz de Sant’Ana, com a vinda de Omer String Quartet, pela primeira vez no Brasil. Em relação à organização do festival, Ana esclarece “Tudo depende muito de aprovação, de patrocínio”. “Pensamos em trazer o melhor para o festival, mas tem que ser de acordo com nossos recursos e ainda temos que ver a agenda daqueles que podemos trazer, se eles realmente vão poder participar ou não”, revela. Ana é responsável por divulgar e promover a cultura dos concertos musicais pelo estado.

Ana Lucia Altino e Rafael Garcia. Crédito: Juliana Leitão/DP

Como surgiu a ideia de criar o Virtuosi?

Há 21 anos, quando eu e meu marido voltamos dos Estados Unidos, percebemos que o cenário musical daqui de Pernambuco não estava muito bom e queríamos mexer no cenário daqui. Além disso, o objetivo também era trazer meus filhos, que estavam nos Estados Unidos, para visitar a família.

Começamos com um festival com dois dias, com poucos músicos e hoje em dia temos uma festa grande. Em Gravatá, já reunimos 1.200 pessoas. Imagina esse monte de gente ali apreciando música clássica. É gratificante. Gostaria muito de expandir o festival para todas as cidades do interior.

Qual a motivação da escolha de cidades do interior para receber um festival de música clássica?

Incentivar pessoas a ouvir música erudita. Mas o que precisamos mesmo são recursos para que possamos começar a proporcionar o festival em outros locais do estado. Precisamos de recursos mínimos para trazer artistas para cá. Há 14 anos atrás, em Garanhuns, reunimos 20 mil pessoas no palco Dominguinhos, nunca iriamos esperar que conseguiríamos reunir tanta gente ainda naquela época. Atualmente temos um festival de 5 dias, vamos ver se chega a 10 dias. E incentivamos muito os alunos que se inscrevem nos cursos.

 

Crédito: Bernardo Dantas/DP/

A música clássica passou a ser mais valorizada nas cidades em que o festival acontece?

Não sei se passou a ser mais valorizada, mas temos um público incrível. Com certeza ela é mais estimulada. Muitas vezes as pessoas estão ali e não entendem de música clássica, mas é tanta emoção que elas passam a admirar.

Existe algum projeto para que o Virtuosi atuar no Sul e Sudeste?

Até hoje andamos de pires na mão com as edições que fazemos. Tudo depende muito de aprovação, de patrocínio. Por dois anos apresentamos o festival em Montevidéu e Buenos Aires.

 

Crédito: Flora Pimentel

Qual foi o nome de maior destaque que já participou do Virtuosi?

É complicado falar assim, porque toda edição temos muita gente boa e grande que não fica por baixo. Mas temos o violinista austríaco Benjamin Schmid, que já veio ao festival duas ou três vezes, e nunca se negou quando chamamos, ele se apresenta com o maior prazer.

Qual a maior contribuição cultural através do Virtuosi?

O festival dá um estimulo enorme ao estudo da música. Temos muitos jovens, nas cidades em que o festival acontece, que começaram a estudar música porque foram a alguma apresentação mais novos e gostaram do que viram.

Meu marido fazia um sorteio para ganhar um CD, no festival de Garanhuns, e para isso a pessoa tinha que escrever algo que gostava no festival. Uma menina de 12 ou 13 anos escreveu que tinha sido obrigada pela mãe a assistir o festival há alguns anos atrás, quando ela era uma criança, ela havia achado chato, mas que naquele momento ela estava estudando música e gostando muito. Histórias como essa são o nosso grande incentivo para continuar com o festival.

 

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