Entrevista: Alfredo Júnior é a mente por trás do TEDx Recife

Entrevista: Alfredo Júnior é a mente por trás do TEDx Recife

Na próxima semana, Alfredo traz ao Recife a quarta edição do TEDx na capital pernambucana – Crédito: Divulgação

Alfredo Júnior, 31 anos, traz ao Recife, no dia 25 de agosto, a quarta edição do TEDx na capital pernambucana. A conferência internacional, realizada de forma independente, será baseada no tema O futuro não é como antigamente. Serão 12 speakers entre formadores de opinião, tomadores de decisão, empreendedores  e “pessoas com o poder de transformar e melhorar o mundo”.

Empreendedor, Alfredo começou sua jornada profissional ainda muito jovem. Nem bem saiu da adolescência e já tinha aberto sua primeira empresa, aos 18. Após problemas familiares, ele, que tinha acabado de ingressar no curso de Física na UFPE, se viu na obrigação de “se virar” e achou num empreendimento, uma alternativa de sustentar a casa. Decidiu colocar em prática a vontade antiga de abrir o próprio negócio. Juntou a mãe e os irmãos e montaram uma empresa. A StandService Arquitetura Promocional é especializada em cenografia de eventos e foi vendida, mais tarde, por Alfredo. “Foi um período bem conturbado, desafiador, sacrificante e de muita entrega. Mas valeu muito a pena”, lembra ele.

Treze anos depois de fundar a primeira empresa, o espírito empreendedor permanece. Ao longo de pouco mais de uma década, Alfredo está à frente de diversos programas que visam compartilhar boas ideias, além de fomentar projetos inovadores para o desenvolvimento social. Ele é CEO e fundador do Impact Hub no Recife, conselheiro da ARIES (Agência Recife para Inovação e Estratégia), embaixador da SandBox no Brasil e representante brasileiro do programa A New Beginning, do Departamento de Estado Americano e criado por Barack Obama, e facilitador do Seminário Empretec no Brasil, além, é claro, de estar à frente do TEDx Recife. 

Conhecido mundialmente por espalhar ideias que merecem ser compartilhadas, o TEDx já contou com a participação de palestrantes como Bill Clinton, Bill Gates, Bono Vox e Michelle Obama – Crédito: Divulgação

Conhecido mundialmente por espalhar ideias que merecem ser compartilhadas, o TEDx já contou com a participação de palestrantes como Bill Clinton, Bill Gates, Bono Vox e Michelle Obama. A palestra anual do TED acontece em Vancouver, no Canadá. Este ano, as palestras foram realizadas entre os dias 10 e 14 de abril e todas elas estão disponíveis online. Entenda um pouco sobre o assunto: 

Como surgiu a ideia de trazer o TEDx para o Recife?
Eu queria que o Recife conversasse com o resto do mundo através da plataforma TED (Technology, Entertainment, Design – projeto de conferências com a missão de espalhar grandes ideias pelo mundo). Eu já era fã, tinha assistido diversos vídeos e participei de eventos em São Paulo e em Fortaleza. Não tinha como deixar o Recife de fora. Por isso, eu decidi capitanear a ideia e trazer o evento para cá.

E como foi o processo de montagem e curadoria do evento? 
Eu tive que solicitar uma licença e foi um processo bastante extenso. Preenchi um longo questionário, dando várias justificativas sobre mim e minhas aspirações com o evento. O processo durou 6 meses. Ainda teve uma série de entrevistas, via Skype, com o pessoal do TED, para depois ter a licença aprovada. Inicialmente, podíamos fazer evento para apenas cem pessoas. O primeiro, em 2012, ocorreu no auditório do NGPD (Núcleo Gestão de
Pessoas e Desenvolvimento) do Porto Digital. Depois, fui atender presencialmente a um evento do TED em Long Beach, na Califórnia. Participei de um workshop de organizadores de TEDx e pudemos organizar eventos para mais pessoas. Além disso, conseguimos utilizar o nome da capital Recife associado ao evento.

O processo de curadoria é extenso e o levamos muito a sério. Começamos a pensar no tema e na narrativa há um ano do evento. Destilamos sobre o assunto, sobre as ideias e só depois pensamos nas pessoas que estão falando sobre o tema. Elas são convidadas com quatro a cinco meses de antecedência do evento e passam por um processo de
treinamento da metodologia TED, para que elas possam participar. Depois, passam por entrevistas, ajudamos a escrever suas histórias e a ajudamos a costurarem as ideias para poderem ser contadas em formatos de storytelling, dentro de 18 minutos. Os speakers passam por um processo exaustivo de ensaio até que possam subir ao palco e falar para os expectadores.

Alfredo e equipe do TEDx no Recife – Credito: Roberto Ramos/DP/D.A Press.

Como você acredita que as ideias compartilhadas no TEDx transformam a realidade local?
As ideias servem para inspirar outras pessoas e para despertar o sentimento de responsabilidade e coletividade nelas. Assim, elas podem agir em prol de um mundo radicalmente melhor. Os participantes do TED passam a tomar uma atitude sobre suas próprias ideias. A conferência também serve para empoderar as pessoas e mostrar que elas
são protagonistas da própria realidade e, assim, suas ações criam um mundo novo em sua volta. Então, temos vários exemplos de pessoas que foram impactadas, foram inspiradas, foram empoderadas através das ideias que foram disseminadas no palco do TEDx. Elas conseguiram dar um passo e desenvolver algum tipo de ação que gerou um impacto positivo na vida delas e das pessoas que vivem ao seu redor.

Você é formado em Física e Engenharia Nuclear, mas tem um extenso currículo à frente de diversos programas que visam compartilhar experiências e ideias para dar mais oportunidade às pessoas tirarem seus projetos do papel. De onde surgiu esse espírito empreendedor?
Apesar de eu ser formado em Física e ter feito mestrado em Engenharia Nuclear, eu acredito que esse perfil empreendedor sempre existiu. Ele ficou adormecido durante o período acadêmico, mas mesmo durante a faculdade, eu abri minha primeira empresa. Na época, foi por questão de necessidade e o que estava adormecido acordou. Desde então, nunca mais parei. Logo em seguida, tudo começou a acontecer. Culminou com a abertura do Impact Hub, em 2012, e a primeira edição do TEDx no mesmo ano. Depois, a trajetória empreendedora continuou com desafios cada vez maiores, com projetos cada vez mais audaciosos, com eventos cada vez mais desafiadores e espero que continue assim.

O que foi preciso para abrir a primeira empresa aos 18 anos?
Abrir a primeira empresa aos 18 anos foi extremamente desafiador e por uma questão de necessidade. Na época, por conta de um problema na família, eu me vi responsável por ser o provedor principal da casa. Eu estava no começo da faculdade e tive que me virar. Juntei minha mãe com meus irmãos e trabalhamos muito no primeiro negócio. Foi um período bem conturbado, desafiador, sacrificante e de muita entrega. Mas ele valeu muito a pena.

Alfredo Júnior é formado em Física pela UPFE, mas possui espírito empreendedor desde muito jovem – Credito: Roberto Ramos/DP/D.A Press

Quais conselhos você daria para quem quer começar a empreender com projetos inovadores?
Não ter medo do fracasso. Eventualmente, vai dar errado. O mais importante é dar o primeiro passo, é sair da inércia, é começar a se mexer e a fazer as coisas acontecerem. Uma ação acaba desencadeando três, quatro ações. Em seguida, elas acabam desencadeando mais 15, 16 outras. As coisas vão acontecendo assim. Então, muito mais
do que ficar projetando e planejando, é melhor partir para a ação. Quando falamos de projetos inovadores, muito provavelmente, o resultado final vai ser completamente diferente do que foi planejado inicialmente. Por isso, costumo dizer que é menos planejamento e mais ação. Não estou negando o planejamento, mas o meu conselho é sair do lugar, dar o primeiro passo, correr riscos calculados e não ter medo do fracasso. É dar a cara a tapa, utilizar os erros como aprendizado no processo e seguir em frente.

Author: Bettina Novaes

Compartilhe este post