“O filme parece falar com o Brasil”, diz Kleber Mendonça sobre Bacurau

Kleber Mendonça em coletiva de imprensa de Bacurau no Recife – Créditos: Leandro Santan /Foto DP.
O premiado filme pernambucano, Bacurau, estreia nesta quinta-feira, 29 de agosto, nos cinemas de todo Brasil. Conquistando títulos em vários festivais ao redor do mundo, como Cannes, Munique e Lima, o longa tem gerado grande repercussão, tanto pela mistura de gêneros – western (faroeste), ficção científica e suspense – como também pelo timing perfeito da obra, com forte mensagem remetendo a questões políticas, morais e sociais do Brasil. O preconceito contra nordestinos, o forte coronelismo ainda muito presente, tudo sendo abordado de forma indireta e sofisticada.
Kleber Mendonça, um dos diretores do longa, deu uma entrevista exclusiva para o Blog João Alberto na coletiva de imprensa do filme no Recife, que aconteceu no último sábado (24). Falou sobre a experiência de trazer o primeiro Prêmio do Júri de Cannes ao Brasil. “Fico muito feliz de trabalhar com cultura, fazer um trabalho que tem sido reconhecido no Recife, no Nordeste e internacionalmente. É um momento muito importante para que o artista brasileiro seja reconhecido no mundo. Como pernambucano, quero que o estado seja o foco de resistência e de cultura”, disse.
Sobre o significado do momento de destaque do filme para população nordestina, Klebler acredita que produção tem impacto muito grande nos lugares que está sendo exibido. “As pré-estreias têm sido lotadas e, ao final da sessão, percebo as reações do público, pois o filme parece falar com o Brasil. E é a única coisa que o artista quer, se comunicar com as pessoas”, comenta. Abordando uma questão política, Kleber ressalta a importância de Bacurau no momento em que o governo corta verbas de apoio ao cinema. “O impacto de uma obra de arte não pode ser subestimado. Você pode se surpreender bastante com o efeito que um filme pode ter num cenário social. Eu espero que Bacurau tenha esse efeito”, disse o diretor. Kleber define o momento atual do Brasil como “muito sombrio”, o que faz do novo longa, e sua repercussão, um brilho de esperança para arte no país.
Assista o trailer:
