13º Festival Celebração da Consciência Negra exalta a importância da mulher negra com várias atividades

Maracatu Rural Leão da Floresta de Vivência – (Foto: Divulgação)

Com início na última segunda-feira (5), a 13º edição do Festival Celebração da Consciência Negra vai até o dia 7 de abril e conta com transmissão no canal do YouTube do Museu Poço Comprido. O projeto de fomento à cultura negra é uma realização do Ponto de Cultura e do Museu Comunitário Poço Comprido, localizado no município de Vicência, região da Mata Norte pernambucana. Nesta edição, o evento exalta a importância da mulher negra, com shows culturais, videoaula e rodas de diálogo. Por conta da pandemia, as atividades serão realizadas virtualmente.

Hoje (6), segundo dia de programação, o festival apresenta uma videoaula de danças afro-brasileiras. A atividade, que une movimentos e expressão corporal, explora os seguintes ritmos: maculelê, afro e afoxé. No vídeo, Juçara, dançarina popular, juntamente com os músicos: Nino Alves e Nino Sousa, apresentam os sons, movimentos e passos de cada música. A formação, destinada às crianças, adolescentes, jovens e adultos, visa contribuir para a formação da cidadania, da expressão artística e cultural e dos valores sociais que há em dentro de si. O vídeo, gravado na Moita do Engenho Poço Comprido, zona rural de Vicência, será exibido no canal do Youtube do Museu Poço Comprido, a partir das 20h.

O ponto alto da programação acontece na quarta-feira (7), último dia do evento, com a roda de diálogo intitulada ‘Mulheres: força, garra e determinação habitam em nós’. A ideia do encontro é chamar atenção para um olhar sobre a atuação das mulheres negras, trabalhadoras rurais e autônomas, que lutam na preservação das memórias, cultura e identidade de suas tradições.

 Seis mulheres participam da conversa. Cada uma delas são convidadas a se expressarem acerca da realidade das lutas e da importância de se trabalhar em articulação e defesa da comunidade em que estão inseridas. O bate-papo reúne falas da produtora cultural e professora, Joana D’Arc Ribeiro, contando suas experiências da importância da educação patrimonial e imaterial para o resgate das memórias, a exemplo da Escola Frei Caneca. Um espaço dedicado à formação de novos saberes ligados à cultura da Mata Norte de Pernambuco.   

A conversa também terá as presenças de Mestra Mazer e Mestra Cosminha. Elas são especialistas em criar, a partir da fibra da bananeira, artesanatos feitos à mão, como chapéu, sandália, bolsas, entre outros acessórios. É dessa atividade artesanal, que elas extraem o sustento de suas famílias, transmitem os seus saberes e dividem seus afazeres domésticos, a exemplo da criação de animais e agricultura. O município de Vicência é o terceiro maior produtor de bananas de Pernambuco.  Essa mesma atividade é a segunda responsável pela economia local. 

O evento, realizado de forma online, recebe a Mestra Cida, moradora da comunidade e atuante no Coletivo das Artesãs do Poço Comprido. Sua habilidade está na produção de artesanatos a base de sementes, colhidas em matas da região. O processo, realizado de forma manual, aliado a criatividade, geram vários acessórios, como brincos, colares, entre outros.

A roda de diálogo recebe, ainda, Elisabete e Marcela Saturno, mãe e filhas. Dentro da comunidade do Poço Comprido, o papel delas é voltado à culinária. Suas especialidades têm sido a reaplicação e adaptação das receitas herdadas pelas avós e bisavós, sobre doces, compotas e bolos que remetem a memória e sabores dos antigos engenhos de açúcar da região. Por meio desse trabalho, elas criaram uma receita de bolo de macaxeira caramelizado. A iguaria, considerada um patrimônio da culinária local, foi vencedora de um concurso regional de gastronomia, em 2014.

No mesmo dia será realizada uma roda de diálogo, que tem como tema: Conversa de Mestres. A iniciativa busca reunir personalidades da cultura popular da região para uma conversa sobre memória, desafios e tradição.  presenças do Mestre Calú (Mamulengueiro), Cacá (Violeiro), Sebastião Pedro (Maracatuzeiro), Noé (Cirandeiro). Juntos, eles fazem uma viagem no tempo e na história, com boas lembranças,  sobre as manifestações de cultura popular que estão inseridos, até chegarem ao atual momento da pandemia.

O Engenho Poço Comprido, é o único remanescente do século XVIII em Pernambuco, com tombamento federal, pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. O espaço também é reconhecido como museu e integra as edificações casa-grande, capela e moita do engenho de açúcar.  

A produção artística do festival é assinada pela Amata Produção e Serafim Produção, e conta com o incentivo da Lei Aldir Blanc – PE, e apoio do Governo de Pernambuco, Secretaria de Cultura e Governo Federal.  

Author: Mariane Magno

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