Zé da Macuca, ativista cultural pernambucano, morre aos 67 anos

Por Diario de Pernambuco

Foto: Máquina 3/Divulgação

O agitador cultural e idealizador do Boi da Macuca, José Oliveira Rocha, mais conhecido como Zé da Macuca, faleceu nesta sexta-feira (21), aos 67 anos. A informação foi compartilhada pela equipe da Macuca nas redes sociais. Zé estava internado no Hospital Santa Joana, na Zona Norte do Recife, com problemas cardíacos.

Profundamente envolvido com o fazer artístico em Pernambuco, Zé da Macuca deixa marcas na produção cultural do estado. Sua trajetória foi homenageada pelo filho Rudá Rocha em post no Instagram da Macuca. “Zé deixou um legado cultural vivo! O Boi e a Macuca transpassam gerações e continuarão a missão iniciada por ele. Missão esta que não tem fim. Era este o desejo e era este o tom de muitas conversas nos últimos tempos. A Fazenda também permanecerá sendo uma fortaleza cultural pulsante. Zé, seu descanso pode ser imensamente feliz, seu brilho aqui foi profundo, seu amor aqueceu inúmeros corações entre nós e sua criação mágica será eterna. Os clarins anunciam: a festa hoje é no céu! ‘E a saudade no coração!'”, escreveu.

Formado em geologia, Zé percebeu nos encontros festivos com amigas e amigos, regados a muita música nordestina e carinho pelo São João, uma identificação com o fazer cultural. Há 32 anos, abriu as portas de sua fazenda da família, em Correntes, Agreste pernambucano, e hoje faz uma multidão percorrer as estradas em cortejo de Correntes a Poços Compridos e Baixa Grande. Anos depois, Zé rompeu as fronteiras e, de forma inusitada, levou o forró para o Carnaval de Olinda e fez uma orquestra de frevo entoar forró de sanfona nas prévias e na segunda-feira de momo, sempre acompanhado pela figura do Boi da Macuca.

Em nota, A Secult-PE e a Fundarpe lamentaram o falecimento do ativista. Confira:

>>NOTA DE PESAR

A Secult-PE e a Fundarpe lamentam o falecimento do fundador da entidade cultural pernambucana Boi da Macuca, o geólogo José Oliveira Rocha, popularmente conhecido como Zé da Macuca, que partiu nesta sexta-feira (21). Ao lado do seu filho Rudá Rocha, Zé da Macuca conseguiu transformar o sítio de sua família, localizado na zona rural da cidade pernambucana de Correntes, em um dos mais tradicionais polos culturais do Estado, graças à sua inventividade e paixão efusiva pela cultura popular.

A história de Zé e seu famoso Boi da Macuca começam em 1989, quando ele abandona sua carreira profissional para ocupar as terras deixada por seu pai, no Agreste pernambucano. Embora tenha aprendido a cuidar da terra e do gado, Zé descobriu a existência de um boi mítico e brincante que, por ser símbolo da cultura da região, se transformou na sua verdadeira razão de viver.

Desde então, ele assumiu o comando da agremiação e levou-a para além das fronteiras de Pernambuco e do Brasil, com cortejos que já desfilaram por Olinda, Recife, Festival de Inverno de Garanhuns (PE) e Festival de Inverno de Ouro Preto (MG), além de turnês pela Europa.

Como polo cultural, o sítio de Zé, em Correntes, abriga anualmente o tradicional São João da Macuca e o Festival Macuca das Artes, eventos que atraem centenas de pessoas ao interior do Estado. “Zé da Macuca construiu um legado importantíssimo para a cultura pernambucana. Do Carnaval ao São João, do frevo ao forró, ele nos revelou o verdadeiro sentido das festas populares: celebrar junto ao povo”, ressaltou Gilberto Freyre Neto, secretário estadual de Cultura.

“Zé era um defensor incansável da nossa cultura. Ele expandiu as festividades do Boi da Macuca e transformou-o numa das mais importantes entidades culturais de Pernambuco. Sempre lembraremos da sua alegria”, disse o presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto. À família, admiradores e brincantes do Boi da Macuca, ficam aqui registrados nosso lamento, nossa gratidão e o compromisso de seguir contribuindo para a preservação de sua memória.

Author: Mariane Magno

Compartilhe este post