O jogo de cintura de Bruno Araújo

Bruno Araújo/Divulgação

Desde sua fundação, em 1988, a divisão é uma marca do PSDB. O primeiro processo de prévias para a escolha do candidato do partido à Presidência da República voltou a dar projeção nacional à legenda, mas também reforçou a característica tucana, se tornando uma ameaça à unidade interna. As primárias ganharam níveis superlativos de tensão e colocaram o ex-deputado federal Bruno Araújo, de 49 anos, presidente da sigla, numa posição de “equilibrista” no embate entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS).

Um dos principais quadros do grupo que ficou conhecido como “cabeças pretas” – bloco de deputados tucanos que defendeu o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) –, Araújo assumiu o comando da sigla em maio de 2019 e age para que a briga acirrada entre alas tucanas não ameace também sua permanência na presidência da legenda. Costuma ser chamado nos bastidores do partido de “VAR”, nome do mecanismo adotado pela FIFA para fazer a verificação eletrônica de lances duvidosos no futebol.

Diante das acusações mútuas de fraude na filiação de aliados fora do prazo estabelecido no regulamento das prévias, Araújo estabeleceu um critério que exclui do colégio eleitoral todos os filiados que assinaram a ficha após 31 de maio deste ano. Visto com desconfiança no entorno de Doria, o ex-deputado ganhou com isso pontos com os paulistas, mas desagradou o time de Leite, cuja linha de frente reúne os diretórios do PSDB em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Ceará.

Com uma “canetada”, ele havia tirado do jogo ao mesmo tempo os 92 prefeitos de vices de São Paulo que eram contestados, e os 32 filiados apoiadores do gaúcho. Na matemática interna, Doria saiu perdendo, mas no cômputo final o gesto de Araújo foi considerado uma saída diplomática. (Com informações do Estadão)

Author: João Alberto

Compartilhe este post