Luiz Lins retorna ao Coquetel Molotov mais seguro de seus caminhos

Por Rostand Tiago

Luiz Lins volta a subir ao palco do festival após dois anos de sua estreia (Bieco Garcia/Divulgação)

Na última edição presencial do No Ar Coquetel Molotov, realizada em 2019, Luiz Lins fez sua estreia no festival tocando tanto na edição de Belo Jardim, como na do Recife. O jovem de Nazaré da Mata já deixou de ser uma revelação ou um nome a ser ficar de olho para se tornar uma figura bem consolidada e das mais inventivas da música pernambucana dos últimos anos, fazendo seus dramas passearem por diversas texturas sonoras, já bebendo nas fontes do rap, R&B e agora se deixa levar por influências de populares sons locais. Dois anos depois, ele volta ao mesmo festival, após atravessar um período de estudos e autoconhecimentos, se mostrando um artista maduro que tem a experimentação como pilar sólido.

“Eu sempre me vi muito disforme, sempre foi uma característica minha, não me prender a nada. Então, durante esse período, eu me dediquei a estudar, entender melhor o que eu faço, as dinâmicas e os porquês. E hoje eu me sinto muito mais livre e sólido para experimentar, com segurança para fazer isso. E foram conclusões e iluminações que cheguei durante esse período que vou levar para o resto da vida, uma busca de profissionalizar e buscar ainda mais excelência nisso que eu me propus fazer como meio de vida e que é minha paixão”, conta Luiz Lins, em entrevista ao Viver. 

Lins fala de uma segurança que permite ele se aproximar mais de coisas que sempre gostou de ouvir e poder experimentar com elas, sem se prender a receios de estar seguindo caminhos muito distantes do que vinha traçando. Ele quer se aproximar de sons que já faziam parte do seu dia a dia enquanto consumidor, mas agora quer ser um “fazedor” deles. “Eu cheguei num ponto que eu não tô ligando pra muita coisa. Eu quero ter prazer, fazer com gosto e com um serviço bem feito. É muito divertido fazer isso e eu vou sempre atrás disso”, explica. Durante este ano, por exemplo, os principais lançamentos de Luiz foi um piseiro, batizado de Sem Você, e um brega romântico, Dois Lados, realizado ao lado de Bella Kahun.

“Foram duas músicas que vêm muito dessa caminhada de tentativa e erro. E que também aconteceram espontaneamente. Dois Lados eu tinha esse pedaço de letra, acabei me conectando com Bella e a gente compôs junto. Sabíamos o que queríamos e executamos bem rápido. O brega é uma coisa que a gente consome, aqui em Pernambuco, até quem não gosta consome, então está entranhado na nossa identidade musical. Sem Você também, eu estava nessa vibe de ouvir muito piseiro, já estudando também. Juntamos a vontade de nos divertir com a vontade de fazer algo novo”, elabora Luiz.

Ao mesmo tempo, não se trata de um piseiro ou um brega que apenas soam como tal. Há uma espécie de energia muito própria de Luiz (e de Bella, no caso de Dois Lados), assim como do produtor e parceiro de longa data Mazilli Beats. Há um certa capacidade dramática muito própria que a voz de Luiz carrega, além de uma espécie de atmosfera sintética nos arranjos com diferentes graus de sutileza e uma habilidade narrativa de construção de pequenas cenas, da ambientação aos conflitos internos e interpessoais. Uma assinatura que o próprio Luiz só consegue explicar de forma técnica como “esforço, paixão e cuidados” pelo que faz.

Esses três elementos rodeiam a produção de seu primeiro disco. Em 2019, as expectativas eram de que Lins subisse ao palco do Molotov já com o álbum de estreia lançado. Agora, ele retorna ao festival dois anos depois, mas ainda sem o projeto lançado. Batizado de Plástico, a previsão é de que ele saia no começo de 2022. 

“Ele está mais perto do que longe. A vida não é linear, ela é aqueles gráficos que sobem e descem. Então a gente quer entregar algo muito bom, mas muita coisa aconteceu, pandemia, demandas pessoais. Ele já tem um tempo de feito, mas tá sempre crescendo e ele ainda consegue ser muito novo. Podem esperar a coisa esquisita de sempre, nova, que não sei se é na mesma vibe de qualquer coisa que eu já fiz”, conclui. Luiz Lins se apresenta neste domingo no festival e promete um 2022 de intensos lançamentos e experimentações. 

Author: Mariane Magno

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