Deputado Hélio Lopes é recordista em viagens internacionais com o presidente

O deputado federal Hélio Lopes conhece de todos os assuntos. Convidado pelo presidente Jair Bolsonaro, de quem é amigo, vai a praticamente todas as viagens internacionais do presidente. Está em Dubai, com a justificativa de que faz parte da Comissão de Turismo a Câmara dos Deputados. Como deputado, não se conhece qualquer trabalho dele.

Hélio Fernando Barbosa Lopes (PSL-RJ) é seu nome de batismo, mas foi graças ao apelido de “Hélio Bolsonaro” que ele acabou eleito deputado federal. No cadastro de registro da Câmara, ele é Hélio Lopes. Para Bolsonaro e seus amigos íntimos é “Hélio Negão”. Apesar da profusão de nomes e alcunhas, Hélio repete como mantra: “Deus no céu e Bolsonaro na terra”.

O hoje presidente não o conheceu na caserna, mas já nos tempos de deputado federal. Boa parte de sua agenda política destinava-se a visitar quartéis. Foi em um deles que conheceu o militar Hélio. A partir daí, tornaram-se amigos. Hélio era presença constante no escritório político que Bolsonaro tinha no bairro de Bento Ribeiro, na zona Norte do Rio. As famílias tornaram-se amigas. Hélio e seus dois filhos viraram frequentadores da casa de Bolsonaro.

Em 2014, veio a ideia de disputar uma vaga de deputado federal, seguindo os passos de Bolsonaro do Exército para a política. Hélio filiou-se ao PTN. Não conseguiu seu intento. Sua indicação como candidato não foi aprovada pelo partido. Em 2016, optou, então, por um início político mais modesto: candidatou-se a vereador em Nova Iguaçu, cidade vizinha a Queimados. Estava no PSC que era à época a mesma legenda de Bolsonaro. Hélio perdeu novamente. Obteve somente 480 votos, e outra vez não foi eleito.

Muitos amigos chegaram a aconselhar Hélio a desistir da política. Mas a onda Bolsonaro nas eleições do ano passado alterou a situação. Hélio tinha boa parte do perfil que o eleitorado começava a exigir: reputação honesta, inclinação ideológica de direita, origem militar e crítico da corrupção. O empurrão final foi dado pela fala desastrada de Bolsonaro no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, que lhe rendeu a condenação cível por racismo. Naquela ocasião, Bolsonaro declarou que, caso fosse eleito, não destinaria recursos para ONGs e que não haveria “um centímetro demarcado” para reservas indígenas ou quilombolas. “Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí. Eu fui num quilombo, e o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais”.

Após a declaração, Bolsonaro sugeriu a Hélio que se filiasse ao PSL e disputasse uma vaga de deputado. Começou a levá-lo comícios e caminhadas. Emprestrou-lhe o próprio sobrenome. “Bolsonaro me enxergou”, repete. Abençoado por Bolsonaro, Negão pode enfim ver realizado o sonho de ser eleito. E acabou sendo o campeão de votos no estado do Rio de Janeiro, com 345.234 votos, desbancado o favorito Marcelo Freixo (PSOL), que obteve 342.491. É como diz o velho ditado: uma mão lava a outra.

Um detalhe: em todas estas viagens com o presidente, o deputado ganha diária que todo deputado federal que vai ao exterior em viagem oficial. É um dos amigos mais fieis ao presidente.

Author: João Alberto

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