Erika Januza fala sobre episódios de racismo que viveu: “Dor que só quem passa sabe”
Em entrevista ao jornal extra, Erika Januza (36), intérprete de Laila em Verdades Secretas 2, revelou que sua beleza nem sempre foi considerada. Relembrando episódios de racismo durante a infância e adolescência, a atriz afirma que “é uma dor que só quem passa sabe”.
“Vivi muitos momentos tristes na escola que não compartilhei com meus pais, coisas cruéis que eu ouvia e estão marcadas em mim até hoje. É muito importante os adultos conversarem com as crianças, estimularem sua autoestima, destacarem seus valores, com o cuidado de não deixá-las crescerem vaidosas demais. Quando eu for mãe, vou enaltecer a beleza do meu filho ou da minha filha, mostrar que a diversidade existe e tem que ser respeitada”, disse.
E detalhou: “Cresci sendo julgada como feia. Eu era a amiga em que as mães confiavam para sair junto com suas filhas porque era quietinha e não chamava atenção dos meninos. Eu era só a neguinha do cabelo duro. Isso me magoava, e eu me fechava ainda mais na minha timidez. Lembro com tristeza, mas também penso: ‘Olha aí, Erika, onde você conseguiu chegar, apesar de’. A gente não pode deixar que ofensas virem verdades”.
Ela revelou que foi vítima de muitas ofensas quando começou a participar de concursos de beleza, aos 17 anos de idade. “Ganhei dois concursos, e essas duas vitórias foram debaixo de protestos. Como uma menina negra podia ser a mais bonita? As mães das outras candidatas me xingavam. Teve concurso que eu não ganhei e que os jurados vieram falar pra mim que tinha acontecido alguma coisa errada, porque de acordo com os votos deles seria meu o primeiro lugar”, contou.
“Ver, diariamente, notícias sobre morte ou violências por causa da cor da nossa pele é exaustivo. Depois que fiquei conhecida, sofro menos com o racismo, não posso negar. No geral, não sofro perseguição de hater e nem dou atenção a quem comenta negativamente nas minhas fotos. Mas, dependendo do nível de agressão, não deixo passar. Racismo não pode passar; humilhação e menosprezo não podem passar”, declarou Erika.