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Filme pernambucano tem estreia nacional no Canal Futura

Foto: Brenda Alcântara

Nesta terça-feira (4), o filme pernambucano Otto será exibido no Canal Futura, às 14h45, marcando sua estreia nacional em televisão aberta. A produção, dirigida e roteirizada pela cineasta Bruna Monteiro, em parceria com o canal Futura, passeia pela história de uma criança indígena da aldeia Pankararu. No sertão pernambucano, ela enfrenta o ápice do seu crescimento infantil, com as respectivas vivências e afetos.

“Fomos até a Aldeia Pankararu tentar captar um pouco da essência de Otto e seus familiares. Uma história cheia de realidade, vida e muito amor. A existência indígena pulsa, flui e deságua, e tentamos retratar isso no filme”, contou Bruna.

Otto filho de Bia Pankararu, que também é personagem e co roteirista do filme. “Otto é minha esperança de futuro juntos. Tanto no meu processo como mãe e o dele como filho. No  pensamento de que crianças estamos criando. Eu torço muito por mais ‘Ottos’, por mais outras crianças criadas com esse pensamento, com essa liberdade e consciência de seus lugares no mundo e de suas possibilidades. Que a gente não se limite a padrões e conceitos e que a gente consiga criar crianças abertas ao diferente também”, pontuou Bia.

A produção tem assinatura da Ganda Lab Criativo, com produção local de Bia Pankararu e Vivi Matos, direção de fotografia e edição de Brenda Alcântara e Diego  Nigro, a mixagem de som é Bruno Silva e o design de cartaz de Aurora Jamelo. 

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Como nasce uma família Pankararu e qual influência que viver nesta comunidade faz na primeira infância?  Na aldeia Pankararu, no sertão à  460km de Recife, capital de Pernambuco, as tradições e afeto são valores importantes na criação das crianças, no qual aldeamentos são formados por troncos familiares e a criança é apadrinhada pela comunidade.

É neste cenário que Bia Pankararu, 27 anos, cria seu filho Otto, Bia é uma das lideranças da aldeia, lgbt+, técnica em enfermagem e produtora cultural. Aos 21 anos, engravidou casualmente, e, como mãe solo, traz em si a responsabilidade de fornecer educação, amor e condições financeiras para Otto. No entanto, Bia conta com apoios, como de sua companheira, Vivi e outros familiares. Uma rede de afeto vai se construindo ao redor desta família diante da consciência que uma criança Pankararu é filha de todo o povo.

Neste episódio, Bia é personagem, mas também repórter e co-roteirista, sendo sua visão importante para não reforçar estereótipos ou alegorias sobre sua cultura, incluindo informações relevantes de registro sobre sua rotina e da rotina de seu filho, sua relação com esta rede de apoio e do processo de criar uma criança sendo uma líder indígena e lésbica. 

A cultura também será mostrada com imagens de arquivo de rituais como o Menino do Rancho, no qual trata, em sua maioria, de um agradecimento aos Encantados por um milagre atendido, no caso do realizado para Otto, o agradecimento pela sua vida e saúde após uma gestação de alto risco. 

O território Pankararu teve grande visibilidade em 2018, quando sofreu ataques que ainda estão sobre investigação. Na época, escolas e unidades de saúde foram incendiados.Esta proposta traz mais uma vez visibilidade a este povo, no entanto, não no viés de tragédia, mas sobre o olhar amoroso de uma mãe e uma aldeia sobre uma criança, mostrando sua primeira infância e esse senso de afeto, coletivo e solidariedade tão importante nos dias atuais.

Author: Mariane Magno

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