Sessão especial do documentário “Consuella”

“Consuella”, curta-metragem pernambucano do diretor Alexandre Figueirôa, ganha nova sessão gratuita, hoje segunda-às  19h30. O Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, no bairro do Derby, no Recife, exibe o filme, com a presença do diretor, seguido de debate com  o coordenador do Cinema da Fundaj, Luiz Joaquim.  Nas décadas de 80 e 90, Consuelo foi a travesti mais famosa da capital pernambucana. Ainda jovem, aprendeu a arte da maquiagem com Múcio Catão e depois foi morar no Rio de Janeiro, onde trabalhou como maquiadora na televisão e no teatro.

De lá, seguindo os mesmos passos de Rogéria, Jane Di Castro, Roberta Vermont, entre outras, foi para a França onde fez sua transição e se tornou vedete dos famosos cabarés parisienses Carrossel de Paris e Chez Madame Arthur. A partir daí, todos os anos vinha ao Recife no período do carnaval, participando dos concursos de fantasia do Baile Municipal e ganhando prêmios com caracterizações que exploravam sua sensualidade.

Conhecida como Consuella de Paris, ela foi a “mami” de outras jovens travestis pernambucanas e graças a sua fama e ousadia, ganhou popularidade, virou notícia nos jornais e não se dobrou à intolerância, contribuindo para atenuar o preconceito contra a comunidade LGBTQIAPN+.

Com realização da Revista O Grito! e apoio do coletivo Surto & Deslumbramento e da Escola de Comunicação da Universidade Católica de Pernambuco, o documentário foi desenvolvido a partir de entrevistas com quem conviveu com a artista. “A partir de fotos e depoimentos de quem conviveu com ela, recuperamos um pouco da história dessa figura quase lendária das noites alegres do Recife”, ressalta o diretor Alexandre Figueirôa.

A história e a memória de Consuelo são contadas por meio dos relatos de amigos como Moacyr Freire, Paulo Carvalho, Márcia Vogue, Christiane Falcão, além do jornalista Mucíolo Ferreira.

A obra segue também o caminho de outros trabalhos audiovisuais que Figueirôa tem realizado – “Eternamente Elza” (2013), “Kibe Lanches” (2017), “Piu Piu (2019), “Recife, Marrocos” (2022) – no sentido de trazer aos dias de hoje, personagens que, bem antes das conquistas dos movimentos LGBTQIAPN+, assumiram de alguma forma, uma atitude pioneira e libertária, diante da forte discriminação e opressão contra essa comunidade.

Author: João Alberto

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