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Mauro Mota no Circuito da Poesia do Recife

Circuito da poesia do Recife: Mauro Mota

         

          Mauro Mota tem sua estátua na Pátio do Sebo, que concentra boxes que vendem livros usados, um lugar bem apropriado para um notável escritor como ele. Mauro Ramos da Mota e Albuquerque nasceu em Nazaré da Mata, onde estudou na Escola Dom Vieira. Depois, seus pais se mudaram para o Recife, onde ele foi aluno do Colégio Salesiano e do Ginásio do Recife e se formou pela Faculdade de Direito do Recife. Foi jornalista, professor, poeta, cronista, ensaísta e memorialista. Era apaixonado pela história e a geografia e ensinou as duas matérias em várias escolas do Recife. Foi, catedrático de Geografia do Brasil, por concurso público, do Instituto de Educação de Pernambuco, quando defendeu a tese “0 Cajueiro Nordestino”.

          Desde os tempos de universitário,colaborava na imprensa pernambucana.. Foi secretário, redator-chefe e diretor do Diario de Pernambuco, onde, inclusive, criou o Suplemento Literário”, que lançou muitos nomes de destaque na nossa literatura. Também foi colaborador literário do “Correio da Manhã”, “Diário de Notícias”  e “Jornal das Letras”, do Rio de Janeiro.

          Em 15 de março de 1556 foi nomeado pelo presidente da República Juscelino Kubitschek para o cargo de diretor do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais,  onde ficou até 1970, fazendo uma profícua administração. Foi também diretor do Departamento de Documentação e Cultura da Cidade do Recife e do Arquivo Público Estadual de Pernambuco, de 1972 a 1984.  Participou do Seminário de Tropicologia da Universidade Federal de Pernambuco e da Fundação Joaquim Nabuco e foi membro do Conselho Federal de Cultura de Pernambuco e do Conselho Federal de Cultura.

          Em 1955 foi eleito para a Cadeira 20 da Academia Pernambucana de Letras e presidiu a casa por mais de 10 anos. Em 8 de janeiro de 1970, foi eleito para a Cadeira 26 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Gilberto Amado e recebido pelo acadêmico Adonias Filho em 27 de agosto de 1970. Publicou 28 livros, a maioria esgotados, à espera de reedições. Como poeta, destaca-se por suas Elegias, publicadas em 1952. Sua poesia é de fundo simbólico, sobre temas nordestinos, retratando dramas do cotidiano em linguagem natural e espontânea.    

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          Tive a felicidade de conhecer Mauro Mota e sua esposa, a também imortal Marly Mota, conviver com ele, de quem recebi inúmeros conselhos e elogios no período em que fui repórter do nosso jornal. Era uma figura afável, descontraído, de uma fidalguia a toda prova e muito elegante. Nas muitas conversas que tive com ele me marcou sua alegria. E até lembro dizendo, quando estive na sua posse na Academia Brasileira de Letras: “João, agora sou “imortal” nacional, mas gostaria mesmo é de ser “imorrível”.Ele, infelizmente morreu, em 22 de novembro de 1984.

          Nos livros que tenho dele, muitos com o devido autógrafo, fui buscar um dos seus poemas, “O Guarda-Chuva”:

          “Meses e meses recolhida e murcha,

          sai de casa, liberta-se da estufa,

          a flor guardada (o guarda-chuva). Agora,

          cresce na mão pluvial, cresce. Na rua,

          sustento o caule de uma grande rosa

          negra, que se abre sobre mim na chuva.”

Author: João Alberto

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