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Alberto da Cunha Melo no Circuito da Poesia do Recife

             O escritor, jornalista e sociólogo José Alberto Tavares da Cunha Melo tem sua estátua no Parque 13 de Maio. nasceu em Jaboatão dos Guararapes, em 1942, filho e neto de poetas: Benedito Cunha Melo e Alberto Tavares da Cunha Melo.  Integrou o Grupo de Jaboatão, que tinha como principal esteio o jornal “Dia Virá”, onde publicou seus primeiros poemas e crônicas, assinadas sob o pseudônimo Joseph de la Rue. Entre 1979 e 1984, o grupo aglutinou diversos artistas e intelectuais, para a recepção crítica da produção artístico-cultural-científica de seus componentes, tratando-se, também, de um movimento editorial, Contribuiu para sua integração, enquanto poeta, à Geração 65, tributária da Geração 45 e avessa às vanguardas formais  que originou a famosa Geração 65 de poetas pernambucanos. Despontou no cenário recifense em 1966, com a publicação do livro “Círculo Cósmico”, e foi revelado à imprensa pelo crítico César Leal, em fevereiro do mesmo ano, no Suplemento Cultural do Diario de Pernambuco. Trabalhou no nosso jornal no Jornal do Commercio, na revista “Pasárgada” no Jornal da Tarde de São Paulo e editou a coluna “Marco Zero” na revista “Continente” da Cepe

          Sua atividade cultural foi marcada pela atuação nas “Edições Pirata”, uma editora alternativa que publicou mais de 300 títulos de autores, novos e consagrados; pela criação do Prêmio Anual de Poesia Carlos Pena Filho e pela editoria do Caderno Cultural do Jornal do Commercio. Na área oficial foi Gerente de Bem Estar Social do Sesc em Rondônia, diretor de assuntos culturais da Fundarpe e diretor do Arquivo Público Estadual. Atuou também na Fundação Joaquim Nabuco e no setor de Obras Raras da Biblioteca Pública.

          Em 2001 foi incluído nas antologias “Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século 20” e “100 Anos de Poesia- Um Panorama da Poesia Brasileira no Século 20”. Sua obra “Meditação sob os Lajedos” ficou em terceiro lugar na primeira edição do Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, 2003. Em 2007 ganhou o Prêmio da Academia Brasileira de Letras, pelo seu livro “O Cão de Olhos Amarelos & Outros Poemas Inéditos”. O respeitado crítico literário Alfredo Bosi colocou sua obra à altura das dos poetas, Jorge de Lima, Carlos Pena Filho e João Cabral de Melo Neto.

          Foi o maior incentivador do Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco, em 1980 quando foi eleito vice-presidente da seccional de Pernambuco da União Brasileira de Escritores, em 1983, na primeira gestão da entidade após a sua reorganização, com o início da abertura política no Brasil. Parte de sua poesia é extremamente formal, com rigor na métrica e nas rimas.      Lançou mais de 20 livros, como “Circulo Cósmico”, “Oração pelo Poema”, “Publicação do Corpo”, “Dez Poemas Políticos”, “Poemas à Mão”, “Doma dos Sumos”, “Poemas Anteriores”, “Clau”, “Carne de Terceira com Poemas à Mão Livre”, “Yacala”, “Um Certo Louro do Pajeú”, “Um Certo Jó”, “O Cão de Olhos Amarelos & Outros Poemas Inéditos.”, “Meditação sob os Lajedos” e “Dois Caminhos e uma Oração.”

          O desconhecimento de sua obra se deve muit  à sua modéstia excessiva enquanto escritor; e, também, às circunstâncias de produção e circulação da escrita no país, pouco favoráveis à instituição da literatura como prática social. O autor deve à Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo, sua esposa, o inventário e a curadoria da sua obra, Em 2017, foram publicados duas obras do poeta organizadas por ela: uma versão bilíngue de seus poemas e a definitiva Poesia completa, um livro de 952 páginas com mais de dois mil poemas, pela editora Record. Foi membro da Academia de Letras e Artes do Nordeste e,várias vezes, teve seu nome citado para ingressar na Academia Pernambucana de Letras. Méritos não lhe faltavam

         

Author: João Alberto

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