Cecília Ramos: uma vítima da tragédia de ontem
Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Uma das maiores vítimas da tragédia de ontem em Santos foi a nossa companheira Cecília Ramos, minha amiga há décadas. Trabalhando todos os dias, ao meu lado, na redação do Diário de Pernambuco, pude acompanhar seu relacionamento com Carlos Percol, outro amigo de muitos anos. Ela era literalmente apaixonada por ele. Recordo da alegria dela, ao me mostrar a aliança de noivado, que havia ganho de Percol, em jantar num restaurante de Casa Forte. Aliança que ele havia comprado em Nova York.
Carlos Percol e Cecilia Ramos – Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
O casamento dos dois, em Aldeia, foi um dos mais bonitos a que já assisti e tive a felicidade de ter sido um dos padrinhos. Foi lá que Eduardo Campos me deu a notícia: “Depois da lua de mel, Percol vai trabalhar na minha campanha a presidente”. Brincando até me disse: “é bom que ele aproveite a viagem de lua de mel, pois não vai ter moleza….”. Cecília e Percol viveram os primeiros meses de casamento separados fisicamente, embora unidos na crescente paixão e no sonho de terem um filho. Depois veio o convite para ela também ir para o comitê de Eduardo, estava em São Paulo, onde podia ver mais Percol, nos intervalos das constantes viagens de Eduardo.
Percol, Renata Campos e Cecilia Ramos – Crédito: Roberto Ramos/DP/D.A Press
Ontem, estava em São Paulo, quando recebeu a notícia da tragédia. Que, confesso, me deixou sem chão. Minhas colegas de coluna e blog não resistiram, caíram no choro. Tentavam falar com ela, não era possível, apenas pelas redes sociais. Um clima de tragédia total. Ela deve voltar ao Recife, para acompanhar o enterro do marido. Por uma das coincidências da vida, a derradeira grande cobertura que ela fez para a coluna e o blog foi sobre o velório de Ariano Suassuna. Agora, seremos nós a acompanhar mais que prematura partida de Percol, aos 36 anos e uma brilhante carreira pela frente.
Carlos Percol e Cecilia Ramos – Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Confesso que ontem, depois que fiz a matéria para coluna, não consegui mais trabalhar, literalmente entrei em estado de choque. Acompanhei toda a cobertura do desastre na TV, atento como jornalista, arrasado como pessoa humana, acabei adormecendo. Não consegui dormir direito, sempre lembrando a morte dos amigos. Agora, só nos resta pedir a Deus pela alma de Percol, dar forças para que Cecília consiga superar o drama. Uma tarefa muito difícil, mas que ela, com a ajuda de Deus, vai conseguir.
