Rosinha Ferreira: exemplo de força e superação
Um acidente em 1990 fez com que a vida de Roseane Ferreira dos Santos mudasse completamente. Rosinha, como é conhecida, trabalhava como empregada doméstica e fazia bicos como lavadeira e vendedora. Até que um dia foi atropelada por um caminhão dirigido por um motorista embriagado e os médicos precisaram amputar sua perna esquerda. Por mais de sete anos, Rosinha se manteve numa tristeza sem tamanho. Não aceitava sua nova condição. Achava que não poderia mais ser útil na vida.
Seu destino mudou totalmente em 1997, quando conheceu o seu futuro técnico Francisco Raimundo Matias. “Ele me dizia que seria uma campeã, que tinha potencial e queria me ver quebrando recordes e sendo uma vencedora. No início, fiquei com medo, não quis aceitar. Ele me convidou para conhecer o ADM (Associação dos Deficientes Motores de Pernambuco) e eu só fui depois que meu irmão me convenceu. E ainda demorou um bocado, viu?”, disse Rosinha a respeito de sua inserção no esporte.
Quando chegou à ADM, a atleta se deparou com pessoas que também tinham deficiências, algumas até maiores que a dela e foi quando começou a perceber que estava na hora de ver a vida com outros olhos e seguir em frente. “Conhecer aquele lugar e aquelas pessoas me deu uma energia muito boa e eu resolvi que iria tentar! No meu primeiro treino, consegui arremessar três metros, o treinador ficou encantado e me incentivou bastante”, afirmou.
A atleta se dedicou bastante ao esporte, tinha o apoio dos membros da família, o que era muito positivo para ela. O único problema no caminho? Um namorado que não queria que ela virasse esportista, não acreditava no seu potencial e fazia com que ela não acreditasse em si. “Ele dizia que nunca conseguiria ganhar medalhas, se conseguisse ia ser só aqui no Brasil. Cheguei a pensar que não conseguiria mesmo. Ele me afetava bastante!”, disse.
Mesmo assim, ela conseguiu quebrar os seus limites, conquistar suas medalhas e bater vários recordes mundiais. Sua primeira Paraolimpíada foi em Sydney, em 2000, quando ultrapassou logo dois recordes: um deles na sua primeira prova. Em Atenas, quebrou mais uma marca mundial. Hoje, Rosinha possui mais de 400 medalhas no seu currículo e é tetracampeã dos Jogos Panamericanos.
Rosinha é bastante perseverante e dedicada ao esporte, porém, esteve afastada dos treinos há algum tempo devido a um câncer de garganta. “Eu pensei que não ia mais conseguir treinar. Fiz cirurgia e quimioterapia, recebi alta no final de 2014 e agora estou me dedicando ao máximo para voltar com força total”, disse a atleta que já está se preparando para a Olimpíada de 2016. Ela espera ser chamada para integrar a seleção brasileira e poder, quem sabe, encerrar sua carreira como esportista ganhando várias medalhas dentro de casa.