Atriz Alexia Dechamps ofende nordestinos em sessão na Câmara
A atriz Alexia Dechamps causou polêmica durante uma audiência pública para discutir as vaquejadas em Brasília, nesta terça-feira. Convidada pelo deputado Ricardo Izar (PP-SP), ela se envolveu em uma discussão com os participantes do debate, entre vaqueiros e a bancada nordestina. Em determinado momento, ela se virou para eles e disse “Calem a boca porque eu pago o Bolsa Família do Nordeste”.
O comportamento de Alexia gerou indignação e confusão no plenário. O deputado Pedro Vilela (PSDB-AL) denunciou a frase da atriz também em seu Instagram. Na rede, ele chamou o ato de preconceituoso e que deveria ser “enquadrado em crime de racismo”. Ele ainda disse que está tomando as medidas legais contra a atriz. “Não podemos admitir nenhum tipo de preconceito, seja ele qual for. Enquanto parlamentar e nordestino já estou tomando as medidas judiciais cabíveis.”, escreveu o deputado.
Ao site EGO, Alexia Dechamps se defendeu dizendo: “Obviamente, as coisas não são como estão sendo contadas. Foi completamente tudo deturpado”.
Depois da repercussão do vídeo, a assessoria da atriz entrou em contato com a redação do Diário de Pernambuco e enviou uma carta-resposta. No texto, ela acusa o deputado Pedro Vilela, do PSDB de Alagoas, de deturpar as palavras dela.
Leia a carta na íntegra:
“Eu, Alexia Dechamps, repudio a atitude do deputado Pedro Vilela, do PSDB alagoano, de atribuir a mim palavras desrespeitosas contra o povo nordestino durante audiência pública sobre a regulamentação da vaquejada. Mais do que isso, abomino sua postura oportunista de aproveitar-se de um falso embate com uma pessoa pública, atriz profissional, para conseguir mídia fácil e destacar-se diante de seu eleitorado. O parlamentar, além de deturpar minhas palavras, me ofendeu, tentou humilhar e constranger, chegando a dirigir-se ao plenário da Câmara pedir que a Procuradoria da Casa me processe. Não sabe o Sr. Deputado que não me curvo a ameaças, que o tempo de mulheres indefesas e submissas é passado e que antes que siga com sua infâmia eu o estarei chamando a prestar contas de suas palavras perante os tribunais.
No intenso debate que acontecia entre os que defendiam a vaquejada como atividade econômica, geradora de empregos, e os que, como eu, afirmávamos que nenhum trabalho pode se basear em maus tratos a animais indefesos, defendi que o correto seria buscar alternativas econômicas para os vaqueiros que vivem da vaquejada. Se é uma cultura regional, que se mude a cultura, da mesma forma que se deve abandonar a prática das touradas na Espanha. Nada, absolutamente nada, justifica a violência contra animais ou seres humanos.
isse ainda que no Nordeste, de onde provinha a maior parte dos vaqueiros lá presentes, existem outras atividades como pesca, turismo e lavoura, além do Bolsa Família, que poderia amparar os mais necessitados. Lembrei que a região é que mais tem inscritos no programa do governo federal. Se o auxílio existe, sustentado pelos impostos que eu e todos os brasileiros pagamos, para socorrer pessoas sem renda suficiente, deve ser utilizado para casos extremos como o que discutíamos.
A deturpação dos meus argumentos, como se vê, é vil. Espero que a exposição do caso sirva para desmascarar este tipo de ardil, mostrando aos eleitores do parlamentar quem ele realmente é, em lugar da imagem que gostaria de ver estampada nos jornais. A verdade costuma ser severa com quem manipula fatos e agride semelhantes para conquistar objetivos mesquinhos.
Vim para Brasília para defender a Constituição do meu país, defender a interpretação do Supremo Tribunal Federal contra as vaquejadas e as minhas convicções. É disso que eu vivo. É isso que sou.”