“Chega de sofrer calada. Tem que gritar”, disse Elza Soares em show no Baile Perfumado
Por Marcionila Teixeira/Especial para o Blog João Alberto

Crédito: Larissa Nunes/Divulgação
Majestosa em suas vestes negras estendidas sobre sua espécie de trono, a cantora Elza Soares era como um convite a variadas reflexões. Na voz daquela mulher, o papo foi reto, mas, antes de tudo, poético. As cortinas do palco foram abertas por volta de 1h30 desse sábado para um show que duraria pouco mais de uma hora. Para a sorte da multidão a prestigiar Elza no Baile Perfumado, a artista terminou surpreendendo. Pelo menos alguns esperavam uma apresentação mais curta e iniciada um pouco mais cedo.

Crédito: Larissa Nunes/Divulgação
O ponto alto do show A mulher do fim do mundo aconteceu quando Elza convocou a resistência feminina a não calar. No estado onde o feminicídio ainda é classificado como crime passional, o espetáculo promovido pela artista é necessário. Contundente. O álbum que dá nome ao show foi considerado o melhor pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).
Em Maria da Vila Matilde, canção de autoria da artista cujos versos dizem: “Cadê meu celular? Eu vou ligar pro 180. Vou entregar teu nome. E explicar meu endereço. Aqui você não entra mais. Eu digo que não te conheço”, a multidão cantou junto com a diva negra. Recado dado, a artista ainda reforçou: “Chega de sofrer calada. Tem que gritar. Gemer só de prazer. Por favor, denuncie no 180”. Tá certa, Elza.

Crédito: Larissa Nunes/Divulgação
Um espetáculo à parte foi a interpretação cúmplice de Elza Soares com Rubi da música Benedita, também da artista. No repertório também passaram sucessos como Malandro e Volta por cima. O cenário composto por sacos de lixo pretos virou luxo, com o perdão do trocadilho, quando em ação com a proposta de iluminação. Ao final das músicas, Elza também pedia os gritos do público. Aplauso é pouco, digamos, para a artista com mais de 60 anos de carreira e 34 álbuns gravados em estúdio. A banda é formada por músicos paulistas experientes, chamados por ela de irmãos moleques, com arranjos criados e dirigidos pelo baterista Guilherme Kastrup.

Crédito: Larissa Nunes/Divulgação
O pernambucano Almério abriu o show da diva, cantou junto com o público suas letras e ainda apresentou a cantora Isadora Melo. Coube à DJ Lala K afagar a ansiedade alheia fazendo o público dançar durante o intervalo para o grande show da noite. Foi mais de um ano de espera até o encontro de Elza com o Recife, já que ela passou pelo Festival de Inverno em Garanhuns, no ano passado, mas não fechou apresentação na capital. Valeu a pena. A noite foi mesmo memorável, como havia prometido a cantora. E viva Elza!

Cris Pontual e Fabio Guimarães – Crédito: Larissa Nunes/Divulgação

Paula Coutinho, Rachel Morais e Carla Morais – Crédito: Larissa Nunes/Divulgação

Victor Jucá, Allana Marques e João Valong – Crédito: Larissa Nunes/Divulgação

Olivia Mindelo e Thiago Montenegro –
Crédito: Larissa Nunes/Divulgação
